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Mitterrand não morreu

Pelo menos para os socialistas. Trinta anos aps sua ascenso ao poder, nico presidente de esquerda da 5a. Repblica ainda referncia para o PS. Isso garantir a vitria em 2012?

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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – “Eu acredito nas forças da mente e eu nunca os deixarei.” Essa foi a última promessa do presidente François Mitterrand aos franceses. E para o grande desgosto da França, ele de fato manteve sua palavra. Trinta anos após sua ascensão ao poder, suas decisões econômicas continuam a pesar sobre as finanças públicas e a impregnar a mentalidade dos dirigentes socialistas. Cada ano é a mesma coisa : o aniversário de 10 de maio de 1981 vem para constranger a esquerda. É difícil celebrar a data sem que viesse à memória as ambiguidades de Mitterrand e a incapacidade dos socialistas, desde o final de seu reinado, de chegar ao Elysée. Em 1991 e 2001, eles não tinham tanto orgulho assim do único presidente de esquerda da 5ª República. O tempo fez seu trabalho e a aproximação das eleições presidenciais também. O ex-presidente se tornou novamente respeitável e agora os candidatos socialistas não têm mais vergonha de se vincular à sua imagem e ao seu legado político. Na ausência de um ícone de esquerda nos tempos atuais, para tentar emplacar o PS depois de 16 anos de direita foi preciso resgatar a imagem do político que teve como a maior proeza chegar ao poder.

Ao deixar o Elysée, François Mitterrand entregou a seu sucessor, Jacques Chirac, um pesado passivo econômico. A presidência socialista também se caracterizou por um crescimento inédito do desemprego, apesar do aumento significativo das despesas sociais ao logo de seus 14 anos. De 6,1 % de desempregados em 1981, a taxa se elevou a 12% em 1994, atingindo um pico nunca visto na história econômica da 5ª República. Mesmo no pior momento da crise financeira recente esse índice não foi atingido.

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E os gastos públicos então… Sem contar as extravagâncias do presidente, apenas o excesso no número de funcionários públicos foi suficiente para explicar o grave desequilíbrio das finanças internas. Enquanto todos os seus sucessores conseguiram manter equilibrado o orçamento do Estado, (Georges Pompidou em 1969 e Valéry Giscard d'Estaing em 1980), Mitterrand falhou. Pior, sua política de déficit público permanente contribuiu para multiplicar a dívida pública por seis em apenas 14 anos de presidência. A lista de erros de Mitterrand não termina por aí. O que dizer da diminuição da idade mínima da aposentadoria a 60 anos, medida tomada na contra-mão da evolução da expectativa de vida ? Em 2010, Nicolas Sarkozy foi penalizado com dias e dias de greve para reformar esse sistema há anos falido.

Esse balanço econômico de François Mitterrand ainda segue presente, assim como seu impacto ideológico é ainda tão importante para os socialistas. A atual liderança do PS continua a fazer da luta contra o capitalismo o eixo principal de sua política. Quando eles vão enfim entender que antes de redistribuir as riquezas é preciso criá-la? Mitterrand tem sim direito ao respeito, mas cultuvar a nostalgia de um período tão custoso a França não vai ajudar o País reencontrar o crescimento. A popularidade de Nicolas Sarkozy pode figurar no mais baixo índice da 5ª República, mas isso não quer dizer que os franceses estejam dispostos a se aventurar novamente na ideologia incerta da esquerda.

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