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Palestinos pedem libertação de brasileiro em greve de fome

O movimento em prol da libertação de Islam Hamed, brasileiro-palestino que completa 26 dias em greve de fome nesta quinta-feira (7) e está preso em Nablus, na Palestina, tem ganhado força na região; cartazes pedindo a liberdade do prisioneiro foram espalhados pelas cidades palestinas e uma tenda foi montada em frente à casa da família para receber pessoas que aparecem para prestar solidariedade

O movimento em prol da libertação de Islam Hamed, brasileiro-palestino que completa 26 dias em greve de fome nesta quinta-feira (7) e está preso em Nablus, na Palestina, tem ganhado força na região; cartazes pedindo a liberdade do prisioneiro foram espalhados pelas cidades palestinas e uma tenda foi montada em frente à casa da família para receber pessoas que aparecem para prestar solidariedade (Foto: Paulo Emílio)
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Eliane Gonçalves, Repóter da EBC - O movimento em prol da libertação de Islam Hamed, brasileiro-palestino que completa 26 dias em greve de fome hoje (7) e está preso em Nablus, na Palestina, tem ganhado força na região. Cartazes pedindo a liberdade do prisioneiro foram espalhados pelas cidades palestinas e uma tenda foi montada em frente à casa da família para receber pessoas que aparecem para prestar solidariedade.

Na terça-feira (5), o lugar foi palco de um encontro simbólico: três representantes do Hamas e três representantes do Fatah visitaram a família. Os dois partidos são majoritários na Palestina e, até o ano passado, ocupavam campos opostos na geopolítica local. O Hamas comanda a Faixa de Gaza. Já o Fatah, comanda a Cisjordânia.

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A aproximação entre os dois foi oficializada em junho do ano passado com a criação de um governo de consenso nacional. Um mês depois, a Faixa de Gaza foi palco de um intenso bombardeio que durou sete semanas e deixou 2.157 palestinos mortos, a maioria civis. Apesar de a aproximação entre Hamas e Fatah ser considerada uma etapa importante para a unificação do povo palestino, é consenso no país que ainda há um longo caminho pela frente, daí o significado importante do encontro.

No Brasil, a mobilização também tem se intensificado. No dia 15 de abril, quatro dias após Islam ter começado a greve de fome, a família formalizou o segundo pedido de intervenção do governo brasileiro para a libertação e a repatriação do brasileiro. O primeiro foi em 2013.

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Na última semana, uma carta foi enviada para a presidenta Dilma Roussef, pedindo sua intervenção direta no caso, e um abaixo-assinado eletrônico pedindo a libertação o brasileiro circula na internet. Para essa sexta-feira (8), a Frente em Defesa do Povo Palestino está convocando para um ato simbólico pela liberdade de Islam Hamed em frente à representação da presidência da República, em São Paulo.

Segundo a família, Hamed já perdeu quase 15 quilos desde que começou a greve de fome. A pele está amarelada e a voz bem fraca. Ele reivindica ser libertado e quer garantir o direito de vir para o Brasil. Islam terminou de cumprir a pena a qual foi sentenciado há um ano e oito meses.

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Para a mãe de Islam, Nádia Hamed, 52 anos, a vinda do filho para o Brasil é a única alternativa para que ele consiga ter uma vida normal. Nádia é de Catanduva, no interior de São Paulo, e mudou-se para Palestina quando tinha 19 anos. Lá ela se casou e teve quatro filhos.

Islam Hamed cresceu em um vilarejo de Ramala, em uma família de agricultores. Acompanhou durante a infância o avanço da ocupação israelense no território palestino. Tinha oito anos quando foi assinado o Acordo de Paz de Oslo, em 1993, que proibia novos assentamentos israelenses em território palestino. De lá para cá, o número de colonos israelenses na Palestina mais do que triplicou.

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Segundo sua tia no Brasil, Mariam Baker, 56 anos, ele ainda era criança quando viu casas palestinas sendo demolidas. Uma delas de sua família: "Imagina um menino que ficava em frente à televisão chorando porque via o que acontecia com as pessoas, as casas sendo destruídas. Casa de nossos parentes mesmo. Eles vão na casa da mãe e porque o filho é preso político, derrubam a casa", conta Mariam que vive em São Paulo.

Quando Islam tinha 15 anos testemunhou a segunda intifada, levante popular marcado pela violência e que durou de 2000 a 2005. Foi durante esse processo que ele foi preso a primeira vez, aos 17 anos, acusado de atirar pedras em soldados israelenses. Passou cinco anos detido em um presídio de Israel. A prisão de palestinos em protestos políticos é comum na região. Segundo a Autoridade Palestina, atualmente cerca de seis mil palestinos encontram-se em prisões israelenses.

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Islam cumpriu a pena e ficou nove meses em liberdade. Nesse intervalo, fez um curso de eletricista, tirou carteira de motorista e começou a namorar.

Logo em seguida, voltou a ser detido. Dessa vez na chamada detenção administrativa, tipo de prisão preventiva em que, apesar de não haver acusações concretas, as pessoas podem ser presas por oferecerem risco à segurança, de acordo com a avaliação de Israel. Prorrogada a cada três meses, ele foi mantido preso por mais dois anos.

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O último caso de detenção administrativa de repercussão na Palestina foi a de Khalida Jarra, 52 anos, parlamentar e liderança feminista da Frente Popular para Libertação da Palestina, no dia 2 de abril. Como aconteceu com Islam, ainda não foram apresentadas acusações concretas contra ela que, mesmo assim, segue presa.

Depois da segunda detenção, Islam Hamed, passou pouco mais de 9 meses em liberdade. Casou-se e chegou a tentar, por duas vezes, a mudança para o Brasil. Mas não teve a autorização de Israel para deixar a Palestina. Voltou ao movimento de resistência, assumiu a bandeira em defesa dos presos palestinos e se aproximou do Hamas, partido político com maioria dos assentos no parlamento, considerado grupo terrorista por Israel e outros países.

Em setembro de 2010, Islam foi condenado a três anos de prisão, dessa vez pelo governo palestino. Teve um filho enquanto estava preso, Khattab Hamed, hoje com 3 anos, que não chegou a conviver com o pai, exceto nas raras visitas ao presídio.

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