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Tentativa de golpe legitima discurso de ódio no Brasil, diz pesquisadora

Para Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht, na Holanda, e especialista em pós-colonialismo e racismo, a investida da direita contra a presidente Dilma Rousseff tem legitimado violências simbólicas e discursos de ódio como misoginia e racismo no Brasil; para ela, o que está em curso no Brasil é um golpe "porque não há crime; "Não há base legal, não há crime estabelecido, mas isso fica uma questão subsidiária dentro desse clima instituído de terror", afirmou; brasileiros contrários ao golpe fizeram protestos na Holanda

Para Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht, na Holanda, e especialista em pós-colonialismo e racismo, a investida da direita contra a presidente Dilma Rousseff tem legitimado violências simbólicas e discursos de ódio como misoginia e racismo no Brasil; para ela, o que está em curso no Brasil é um golpe "porque não há crime; "Não há base legal, não há crime estabelecido, mas isso fica uma questão subsidiária dentro desse clima instituído de terror", afirmou; brasileiros contrários ao golpe fizeram protestos na Holanda (Foto: Aquiles Lins)
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Carolina de Assis, do Opera Mundi - Para Patricia Schor, pesquisadora da Universidade de Utrecht, na Holanda, e especialista em pós-colonialismo e racismo, a investida da direita contra a presidente Dilma Rousseff, que culminou no processo de impeachment em curso contra a líder brasileira, tem legitimado violências simbólicas e discursos de ódio como misoginia e racismo no Brasil.

Em entrevista a Opera Mundi nesta sexta-feira (15/04), Schor afirma que o combate a tais discursos, realizado há décadas por movimentos sociais, apenas começou a entrar nas políticas públicas do país com os avanços dos últimos 13 anos em relação aos direitos da população negra, de mulheres, de pessoas LGBT e de outras minorias sociais. Para a pesquisadora, a possível vitória do impeachment no próximo domingo (17/04) seria um "retrocesso" e uma "vitória da injustiça e do vale-tudo frente às populações marginalizadas".

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A pesquisadora diz ter observado o fortalecimento de discursos como "a justificação da violência misógina, racista e de classe no Brasil" nos últimos anos. Tais discursos "sempre existiram e foram muito visíveis a populações periféricas, mas agora há certa convicção de falar isso de maneira retumbante, de dar voz a esse posicionamento, e daí para políticas e práticas é um pulo", acredita Schor.

Na Holanda, onde vive há 24 anos, ela é uma das articuladoras do movimento de expatriados brasileiros contrários ao impedimento da presidente Dilma. "Foi muito bom essas pessoas se encontrarem", diz Schor sobre os encontros semanais que têm acontecido em Amsterdã, capital holandesa, desde o dia 31 de março. "Dá muita angústia acompanhar o que está acontecendo de longe. Há brasileiros ou gente preocupada com o Brasil se manifestando também em outros lugares do mundo e é bom fazer parte desse movimento."

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Para a pesquisadora, o que está em curso no Brasil é um golpe "porque não há crime. Porque há uma instituição organizada, o establishment, que é a mídia corporativa, o capital, a religiosidade conservadora e fundamentalista, grandes poderes organizados pra derrubar uma instituição democrática. Não há base legal, não há crime estabelecido, mas isso fica uma questão subsidiária dentro desse clima instituído de terror", acredita.

Nos encontros realizados no Teatro Muganga, propriedade de dois brasileiros também moradores de Amsterdã, expatriados e holandeses debatem questões históricas e sociais e assistem a vídeos e filmes que ajudam a elucidar o momento atual no Brasil. Em praça pública, brasileiros na capital holandesa contra o impeachment têm se reunido aos domingos com faixas (em português, inglês e holandês), fazendo música e conversando com turistas – brasileiros e de outras nacionalidades – e holandeses para multiplicar o grito de "não vai ter golpe".

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"Uma vez passaram brasileiros muito bem vestidos e um gritou 'abaixo a Dilma' e outro mandou a gente tomar no cu", ri Schor. "Ao mesmo tempo veio um casal de brasileiros jovens e se juntou a nós, carregou a faixa e tudo", conta a pesquisadora sobre os atos na Beurs van Berlage, no centro de Amsterdã. No grupo de brasileiros se reunindo no teatro e na rua, "há gente muito jovem que acabou de chegar aqui e que está envolvida com movimentos sociais no Brasil e ao mesmo tempo tem gente que veio [para a Holanda] na época da ditadura", diz Schor.

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O movimento é apartidário, diz a pesquisadora, e para os brasileiros expatriados é também uma maneira de se conectar tanto com o que se passa no Brasil como com o contexto do país em que se encontram. "Acho importante os brasileiros irem à rua e se engajarem com outros movimentos associados sobre questões que estão em pauta também aqui, como a deterioração da democracia europeia, a desconstrução do Estado de bem-estar social, a misoginia e o racismo galopantes. É também um momento de sair um pouco dessa posição nebulosa de 'não estou aqui nem lá', mas estar plenamente aqui e lá e fazer conexões oportunas e que fazem sentido", acredita Schor.

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