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Poder

A crônica da queda

Dilma decidiu demitir Palocci no domingo; telefonou a Lula e comunicou sua deciso, antecipada pelo 247 no fim de semana; arquivamento da representaona PGR foi jogo combinado para blindar o ex-ministro fora do governo

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247 – Foi um jogo combinado, como não poderia deixar de ser. No cerimonial da política, há rituais que precisam ser cumpridos. Quando os personagens envolvidos são um ex-presidente carismático como Luiz Inácio Lula da Silva, um ministro poderoso, como Antonio Palocci, e uma presidente de personalidade forte, como Dilma Rousseff, os cuidados devem ser extremos. E foi exatamente assim que o núcleo duro do poder administrou e conduziu a saída do ministro Palocci.

Brasil 247 tem acompanhado de perto, desde o seu primeiro dia, todos os lances dessa crise. E orgulha-se de ter colocado no rumo certo seus leitores. No último domingo, noticiamos, em primeira mão, que Dilma havia comunicado ao antecessor sua decisão de demitir Palocci. Avisamos ainda que a queda seria anunciada na segunda-feira após a discussão sobre a melhor forma de saída de Palocci (leia mais) – uns dirão que fomos precipitados e erramos por 24 horas e outros que acertamos com 24 horas de antecedência. Não importa. Palocci caiu – e sua saída fará bem ao governo Dilma.

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A situação de Palocci no cargo já era insustentável há mais de duas semanas. Desde o dia em que ele se negou a informar a relação de seus clientes – o que deixou claro que as relações privadas do ministro estavam acima da transparência e da ética pública. Sem essa lista, seria impossível saber se o ministro praticou ou não o crime de tráfico de influência, enquanto acumulou as atividades de consultor e deputado federal.

Ocorre que Antonio Palocci foi colocado na Casa Civil por ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva. E foi também o coordenador e principal arrecadador de campanha da presidente Dilma Rousseff, em 2010. Naturalmente, Dilma, até por lealdade aos dois, não poderia tomar qualquer decisão sem antes discuti-la com Lula. E o ex-presidente tentou manter o quanto pôde Palocci no cargo. A tal ponto que chegou até a prejudicar a imagem de presidente, reduzindo sua autoridade (leia também o artigo “Quem manda?”, que publicamos no auge da crise).

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A conversa de domingo entre Dilma e Lula estava prevista para acontecer em Brasília. A presidente pretendia comunicar sua decisão, pessoalmente. Isso só não foi possível porque o encontro vazou – e teve de ser cancelado às pressas. Dilma, insatisfeita com as explicações de Palocci ao Jornal Nacional, disse que não poderia aceitar o prolongamento da crise, que vinha ofuscando fatos importantes do governo, como a redução dos impostos incidentes sobre os tablets e o lançamento do programa Brasil sem Miséria. Conformado, Lula entregou os pontos.

Blindagem jurídica

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Palocci, que acompanhava tudo de perto, tinha uma prioridade. O ministro precisava se assegurar de que, fora do governo, não seria alvo de processos criminais. Daí a importância da manifestação do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, cujo parecer arquivou a representação movida pelos partidos de oposição.

O que estava combinado entre os três – Dilma, Lula e o chefe da Casa Civil – é que Palocci pediria demissão, logo depois do arquivamento da representação. Assim, ele sairia por cima, demonstrando desprendimento e desapego ao cargo.

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Palocci, no entanto, chegou a acalentar a esperança de resistir no cargo, após a decisão de Roberto Gurgel, e soltou uma nota pedindo “razão, equilíbrio e Justiça”. Dilma, no entanto, não estava disposta a prolongar a crise. E emitiu sinais para que Palocci pedisse demissão. Logo depois da decisão do procurador Roberto Gurgel, a Comissão de Ética da Presidência instaurou um novo processo para avaliar a conduta de Palocci. Roberto Caldas, integrante da comissão, afirmou que a decisão de Gurgel não interferiria na sua. E afirmou que as esferas legal e ética nem sempre se comunicam.

Além disso, as principais lideranças do PT foram orientadas a não se pronunciar em defesa de Palocci – a senadora Marta Suplicy foi a exceção. O próprio presidente da Câmara, Marco Maia, do PT gaúcho, mudou de posição e desistiu de anular a convocação de Palocci, que havia sido aprovada pela Comissão de Agricultura.

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Estava claro que Palocci estava isolado.

E, assim, ele pediu demissão.

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Dilma agora está livre e começa a se emancipar em relação ao presidente Lula.

 

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