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Kassab, o equilibrista

Hábil articulador, o prefeito de São Paulo se equilibra entre os projetos do PT, em Minas, e do PSDB, em São Paulo, sem se distanciar do pernambucano Eduardo Campos; seu único adversário hoje é o senador Aécio Neves, que não seria um “líder nacional”

Kassab, o equilibrista (Foto: Edição/247)
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247 – Hábil articulador, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tem demonstrado ser uma das principais raposas políticas do País. É quase um político mineiro em São Paulo, capaz de se equilibrar entre vários projetos políticos.

Em entrevista ao jornalista Merval Pereira, do Globo, ele explicou como conseguiu ao mesmo tempo demonstrar “lealdade” ao tucano José Serra, em São Paulo, e à presidente Dilma Rousseff, em Minas, sem abrir mão do apoio a outro projeto: o do pernambucano Eduardo Campos, do PSB.

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Seus movimentos criaram uma situação inusitada. Na eleição municipal tida como a mais importante, a de Belo Horizonte, Dilma e Serra estarão trabalhando juntos contra o tucano Aécio Neves, que, segundo Kassab, “não se mostrou um líder com peso nacional”.

Oficialmente, Kassab apoia a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. A menos que a deterioração da economia abra espaço para uma terceira via – a de Eduardo Campos – com apoio de São Paulo. Leia, abaixo, a entrevista concedida a Merval, que foi transformada em artigo:

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Kassab e suas lealdades - MERVAL PEREIRA


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, mesmo insistindo em dizer que seu PSD não é um partido linha auxiliar do governo federal, fez questão de dar, desde já, uma demonstração de lealdade ao projeto de reeleição da presidente Dilma com a intervenção no diretório municipal de Belo Horizonte

A interpretação do Palácio do Planalto foi que o senador Aécio Neves, provável candidato à Presidência da República pelo PSDB, nacionalizou a campanha municipal ao forçar a dissolução da aliança tríplice PT-PSB-PSDB de apoio ao prefeito socialista Marcio Lacerda.

Ao trabalhar para a saída do PT da aliança, o senador tucano estaria marcando uma posição no estado que controla politicamente, deixando a presidente isolada com o PT justamente na capital do estado onde nasceu.

Kassab não se fez de rogado: sem ter nada com essa disputa, fez questão de intervir para invalidar a decisão do PSD de Belo Horizonte de apoiar o candidato de Aécio Neves, dando uma demonstração de apoio incondicional ao projeto de reeleição de Dilma, até mesmo para compensar o desapontamento que provocou no ex-presidente Lula ao desistir de apoiar a candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura em São Paulo "por lealdade" a José Serra.

É assim, equilibrando-se entre suas "lealdades", que o prefeito Gilberto Kassab arma seu futuro político, claramente identificado com o projeto de continuidade do governo petista.

Ele procura minimizar a importância da disputa paulistana, identificada como a mais importante simbolicamente para o ex-presidente Lula, dizendo que o gesto do senador Aécio Neves transformou a disputa em Belo Horizonte na mais importante das próximas eleições municipais.

Faz isso até mesmo porque acha que Serra ganha com certa facilidade em São Paulo, e que Patrus Ananias, o candidato petista que seu partido passou a apoiar, tem mais chances de vencer em Belo Horizonte.

Em São Paulo, ele avalia que o candidato Celso Russomano pode ser um adversário até mais difícil que o petista Fernando Haddad.

Kassab não é político de enfrentar as divergências com agressividade, antes pelo contrário. À senadora Katia Abreu, um dos principais nomes de seu partido que se revoltou com a intervenção em Belo Horizonte, ele dá o benefício da coerência, e admite que ela foi a única líder do partido, entre vários que diz ter consultado, a ter ficado contra a decisão logo no primeiro momento.

Com isso, evita a disputa e, ao mesmo tempo, isola o gesto da senadora, que já se movimenta em direção ao PMDB.

Kassab tem certeza de que o projeto de apoiar a reeleição de Dilma Rousseff não será atropelado pela reafirmada lealdade a José Serra, que o levou para a Prefeitura de São Paulo e o elegeu prefeito na sucessão.

Ele tem "certeza" de que Serra não será candidato à sucessão de Dilma, "mesmo que o Aécio Neves desista". E é pragmático quanto a isso: "Se o Aécio desistir, com a desculpa de que precisa reforçar Minas, seu reduto eleitoral, é porque estará difícil vencer Dilma. Se for difícil para ele, imagina para o Serra, que teria, mais uma vez, de desistir de completar seu termo na prefeitura para se lançar nessa aventura".

Na avaliação de Kassab, o senador tucano Aécio Neves se precipitou ao antecipar a disputa com o Palácio do Planalto, e pode ter uma surpresa na disputa da Prefeitura de Belo Horizonte.

Mesmo o PSB de Eduardo Campos, que continua na aliança com o PSDB, estaria desgostoso com a atitude de Aécio, que teria colocado o governador de Pernambuco em oposição a Dilma, sem que ele quisesse que isso acontecesse, em Belo Horizonte.

O ex-governador mineiro, com isso, teria querido trazer Campos para seu lado na disputa presidencial, forçando uma situação de fato que seria indesejada por ele.

O prefeito Gilberto Kassab também minimiza a disputa com o governador Geraldo Alckmin pelo comando da candidatura de Serra à Prefeitura de São Paulo, dizendo que "é natural" que tenha mais influência porque "a disputa é pela prefeitura, onde temos muitas obras em andamento que servirão de apoio à eleição de Serra".

Ele só fala de sua administração como sendo a de "Serra-Kassab", acredita que sua avaliação nas pesquisas de opinião é "bastante confortável", já que, nos seus critérios, que divergem dos da pesquisa Datafolha, os 30% de regular contam a seu favor: "Sempre achei que quem diz que um governo é regular não está criticando".

Garante que não será candidato a governador de São Paulo na sucessão de Alckmin e, ao contrário, vai apoiá-lo, mas essa afirmação não deve ser levada ao pé da letra, pois é a única que pode dar na atual circunstância, sendo parceiro do governador paulista na campanha de Serra à prefeitura.

Na análise que faz do campo nacional, Kassab não esconde sua origem serrista em São Paulo, avaliando que o senador Aécio Neves está jogando de maneira errada os lances iniciais para a disputa presidencial.

Diz que não vê nenhum motivo, pelo menos por enquanto, para reavaliar sua posição de dar apoio à reeleição de Dilma, pois Aécio Neves, o potencial candidato tucano, "ainda não se mostrou um líder com peso nacional".

O prefeito paulistano só vê um risco para a reeleição de Dilma: a situação econômica do país, ameaçada por problemas internos e pela crise internacional, que não tem perspectiva de terminar.

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