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Poder

Múcio celebrou demissão de Arruda como sua “nova posse” na Defesa

Presidente Lula foi comunicado ao desembarcar em Roraima de que comandante do Sudeste aceitaria cargo. Coronel Mauro Cid já perdeu comando do 1º Batalhão de Ações do Exército

Entrevista coletiva do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Por Luís Costa Pinto, do 247 em Brasília – O presidente Lula foi comunicado por telefone de que a decisão da troca do comando do Exército se daria no próprio sábado (21/01) pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Lula tinha acabado de desembarcar em Boa Vista (RR), quando retornou as ligações de Múcio.

“Presidente, o general Tomás aceitou”, disse o ministro tão logo conseguiu falar com o chefe, antes que se iniciasse a humanitariamente espinhosa agenda do chefe dele: Lula havia voado até Roraima para expor ao mundo o genocídio dos índios ianomâmis promovido pelo descaso criminoso do qual a etnia foi vítima nos trágicos “anos Bolsonaro”.

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Aquele também era um tema que tangencia a crise militar, pois o governo brasileiro deu as costas para o drama ianomâmi quando o general Eduardo Pazuello (eleito deputado federal pelo PL do RJ) era comandante militar da Amazônia. Na passagem de Pazuello pelo Ministério da Saúde, sob a gestão Bolsonaro, a fome e as epidemias de malária e febre amarela só se agravaram no território ianomâmi, no extremo Norte do Brasil.

O presidente da República determinou ao ministro da Defesa que levasse o Comandante Militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ainda naquela manhã – para que eles conversassem no Palácio do Planalto no regresso de Lula a Brasília – e deixou com José Múcio a missão de comunicar ao general Júlio César Arruda que ele perdera o comando do Exército. Arruda tentou resistir à demissão. Múcio foi firme na conversa e falou pela primeira vez, no transcurso dela, que estava operando a “reestruturação da confiança” do Comandante em Chefe das Forças Armadas na tropa e no comando do Exército brasileiro.

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Um dia depois, o termo “reestruturação da confiança” se converteu no epítome da divulgação da bem organizada troca de comando do Exército. Um ministro palaciano, do PT, cumprimentou o colega da Defesa na noite de sábado. “Parabéns. Você tomou posse de novo hoje”, disse-lhe. Múcio abriu um sorriso e se disse aliviado pelo sucesso na condução da troca de comando. Foi no sábado à noite também que o presidente Lula pediu que o ministro da Defesa comandasse a solenidade de troca de comando já na segunda-feira, 23/01, mesmo com a ausência dele em razão da reunião da Celac (Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos) em Buenos Aires. “Tudo correrá bem, mesmo com o presidente fora de Brasília amanhã, porque domamos a crise”, disse Múcio ao Brasil247 na manhã deste domingo.

CONSEQUÊNCIAS PARA MAURO CID

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Um dos pivôs da demissão do general Arruda do Comando do Exército foi Mauro Cid, pois o militar demitido não queria removê-lo do comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, em Goiânia (GO). O batalhão integra o Grupo de Operações Especiais do Exército e tem tropa e equipamento bélico para, por exemplo, sustentar uma rebelião contra ordens superiores.

Mauro Cid já amanheceu neste domingo, 22/01, fora do seu posto de comando e tendo de permanecer à disposição dos inquéritos civis que apuram, no âmbito do Ministério Público Federal e na Advocacia-Geral da União, o papel passivo ou comissivo dele na perpetração de crimes de peculato no período em que era o escudo protetor de Bolsonaro e da mulher dele, Michele.

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Mauro Cid foi ajudante-de-ordens de Jair Bolsonaro na Presidência entre 2019 e novembro de 2022. Sacramentada a derrota eleitoral de Bolsonaro, Cid deixou o Palácio do Planalto para assumir o estratégico comando cujo quartel se situa a apenas 130 quilômetros da Esplanada dos Ministérios.

Se houvesse a decretação de uma GLO (Garantia da Lei da Ordem) no dia 8 de janeiro, quando criminosos bolsonaristas promoveram atos de terror contra a sede dos Três Poderes republicanos e vandalizaram e assaltaram o Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, o 1º Batalhão de Ações e Comandos seria fatalmente acionado para intervir na “garantia da lei e da ordem” em Brasília.

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Por decisão do presidente Lula, na tarde do dia 8 de janeiro, não se decretou a GLO – ela foi trocada pela intervenção federal na área de segurança pública do Governo do Distrito Federal. Hoje, não há entre governistas, petistas e analistas, quem não deixe de ter certeza de que o Brasil pulou a fogueira do golpe de Estado no dia 8/01 porque Lula recusou as sugestões de GLO. Se ela viesse, o coronel Mauro Cid poderia comandar um batalhão de tanques desfilando na BR-040 entre Goiânia e Brasília à semelhança do que fez o general Mourão Filho na alvorada do golpe militar de 1964, quando conduziu tanques entre Juiz de Fora (MG) e Rio de Janeiro e deu à quartelada a imagem de que algo poderia ser bem maior do que os movimentos iniciais do golpe contra João Goulart.

Sem qualquer comando para chamar de “seu”, sem proteção do Exército, o coronel Mauro Cid responderá de moto próprio as acusações de que pagava em dinheiro vivo as exageradas e despropositadas despesas de cartões de crédito feitas pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e por uma amiga dela – uma assessora parlamentar do PTB que apresentou Michele ao atual marido, o ex-presidente. 

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