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O estraga prazeres

No momento em que o PSDB dava largos passos para recuperar a unidade perdida, ex-governador José Serra ameaça rachar partido a partir de São Paulo; aglutinação em marcha em torno do senador mineiro Aécio Neves, que une do ex-presidente FHC aos pais do real, passando pelos líderes da legenda, sofre baque; se não obtiver presidência do partido, Serra pode ir para a nova legenda articulada por seu amigo Paulo da Força e dividir oposição em 2014; é pagar para ver

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247 – Em silêncio, José Serra radicalizou. Como o menino que já não é mais o dono da bola, mas de quem os outros dependem para completar o time, mandou avisar que, desse jeito, com o senador Aécio Neves ocupando todos os espaços como pré-candidato a presidente em 2014, já não quer brincar mais. "É o típico estraga prazeres, sem compromisso com o projeto partidário", disse ao 247 um tucano paulista que pediu anonimato. "Ele pensa nele acima de tudo, o partido que se exploda".

A ameaça de Serra de sair do partido tem muito mais consistência que um simples blefe. O ex-governador foi um dos principais responsáveis em dar fôlego ao ex-prefeito Gilberto Kassab para a criação do robusto PSD. A intenção de Serra, em caso de vitória nas eleições municipais do ano passado, era promover uma grande aliança entre as duas legendas, de modo a sair, em 2014, como candidato dessa grande articulação. Não deu certo, em razão de sua derrota para Fernando Haddad. Mas há um plano número 2. O Partido Solidariedade, articulado por seu amigo Paulinho da Força, deverá nascer com mais de 40 deputados federais. Os caciques do PSDB já trabalham com a possibilidade de ver Serra filiado ao novo partido, pelo qual concorreria pela terceira vez à Presidência da República. E, desta vez, dividindo a oposição.

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Por meio das frases curtas dadas por seus escudeiros Roberto Freire, do PPS, e Alberto Goldman, do PSDB, à jornalista Catia Seabra, da Folha de S. Paulo, Serra conseguiu, em silêncio, tensionar todo o partido dos tucanos. Justamente num momento em que a legenda parecia se reencontrar. Em torno da pré-candidatura do senador mineiro Aécio Neves, o partido voltou a reunir numa mesma sala os pais do real – Pedro Malan e Edmar Bacha, além de Armínio Fraga --, para prestarem assessoria ao presidenciável. Todo o entusiasmo do ex-presidente Fernando Henrique voltou à tona, em seus 80 anos, nas articulações pelo candidato que já vai resgatando as bandeiras econômicas históricas do partido.

O governador Geraldo Alckmin, que com o peso eleitoral de São Paulo poderia pleitear para si a missão, aquiesceu à vez de Aécio e passou a se concentrar muito mais em sua própria reeleição do que em atrapalhar os planos do mineiro. Do Nordeste, o presidente do partido, Sérgio Guerra, e o presidente da Fundação Teotônio Vila, Tasso Jereissati, já saboreavam o novo momento de paz com a suspensão de críticas a Serra e a realização de seminários de conteúdo. Sempre candidato, o senador Álvaro Dias, no Paraná, foi mais um a entender que, em nome da unidade partidária, o nome agora é o de Aécio.

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Todos se esqueçaram, porém, de combinar com o próprio Serra. Irritado com promessas não cumpridas de que lhe seria reservada a presidência do PSDB como compensação pela derrota no ano passado, ele agora fez como se jogasse um bode na sala dos tucanos e ficasse do lado de fora olhando a confusão provocada pela janela. Ele acredita possuir quase metade do eleitorado paulistano, e outro tanto em todo o Estado mais populoso do país. Com articulações regionais, pode fazer um estrago suficiente para, se não for possível vencer, barrar, no mesmo campo ideológico, a marcha de Aécio.

Com seu movimento, Serra ampliou as desconfianças dos tucanos em torno dele mesmo. Ele pressionou a candidatura de Aécio, esnobou o convite de Alckmin para ser seu secretário de Saúde e esvaziou as articulações de Fernando Henrique. Mostrou, mesmo derrotado no ano passado, ser tão forte quanto todos os que não confiam nele juntos.

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