Paulinho ao 247: “PDT tem de romper com governo”
Fortalecido pelo 1º de Maio da Força Sindical, que reuniu cerca de um milhão de pessoas em São Paulo, ao 247 sindicalista e deputado defende saída de seu partido da base governista; "Dilma não atendeu nenhuma das reivindicações do movimento sindical", crava Paulo Pereira da Silva; "Desonerou o patronato em R$ 18 bilhões, mas não extinguiu o fator previdenciário a um custo de R$ 3 bilhões. Ela não dialoga"; chamado de inconsequente pelo ministro Gilberto Carvalho, por propor um gatilho salarial, Paulinho ameaçou partir para a briga
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Marco Damiani _247 – O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), está irritado hoje – para lembrar um slogan antigo do movimento sindical. Que o diga o Secretário-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. No palanque do 1º de Maio organizado pela Força Sindical, em São Paulo, no início da tarde desta quarta-feira Carvalho e Paulinho se desentenderam. O motivo: a proposta do sindicalista de reimplantar no País a figura do gatilho salarial, que dispararia como correção aos vencimentos dos trabalhadores toda vez que a inflação ultrapassar 3%.
- Você é um inconsequente, Paulinho, disse Carvalho ao sindicalista, que reagiu ameaçando briga. A situação foi apaziguada, mas a cicatriz de diferenças entre Paulinho e o governo abriu novamente e ainda mais.
Ao 247, depois de recepcionar o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), Paulinho falou duro contra o governo:
- Por mim, que sou apenas um militante, o PDT romperia agora mesmo com o governo.
- Por que?
- Porque a presidente Dilma simplesmente não atendeu nenhuma das reivindicações feitas pelos trabalhadores, independentemente da central sindical a que cada um pertença.
O sindicalista continuou, detalhando os motivos da sua reclamação.
- Por que Dilma veio aqui o ano passado e não apareceu agora?, perguntou, referindo-se à presença da presidente diante das quase um milhão de pessoas que estão participando (14h47) do 1º de Maio da Força. Porque ela tem medo de enfrentar a massa, de enfrentar a crítica. É por isso que ela não veio.
Muito cumprimentado pelo público que foi à manifestação, marcada pelo sorteio de carros zero quilômetro e shows de artistas populares, Paulinho avançou.
- Esse governo concedeu 18 bilhões de reais em desonerações para o patronato, mas nem quer ouvir falar no fim do fator previdenciário para regular as aposentadorias, o que custaria três bilhões. Dilma e seu governo não ouvem, mal falam e não querem dialogar.
- E o gatilho salarial? Ele, se voltar, como aconteceu na década de 1980, não pode trazer a inflação de volta a pretexto de suavizar seus efeitos?
Paulinho não se mostra preocupado.
- Inflação é problema do governo. Foi eleito para isso, para manter a situação econômica em equilíbrio. O que não dá é para o trabalhador pagar sozinho a conta da inflação. Para a massa, a inflação é muito mais alta do que os números oficiais apontam, porque essa inflação está ocorrendo especialmente no setor de alimentos.
Ele apresenta uma conta que faz pensar.
- Um trabalhador que ganhe mil reais por mês sofre, na prática, uma inflação mensal de dez por cento. No final do ano, à razão de cem reais perdidos por mês, ele perdeu mais de um salário inteiro, ou mil e duzendo reais. Porque ele tem de pagar essa conta sozinho? O que queremos é que, a cada salto de três por cento na inflação, o salário dele e de todos sejam corrigidos.
No campo político, Paulinho recebeu o presidenciável Aécio Neves, mas o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), não veio.
- Não faz mal, foi escolha dele, talvez tenha ficado com receio de alguma radicalização aqui.
- E Aécio?
- Ainda falta a ele uma pouco mais de popularização de seu discurso, mas hoje a presença dele aqui foi um belo avanço nesse sentido. É um candidato que vai crescer.
- O PDT deve ficar ou sair da base do governo, diante de tantas críticas?
- Sair. Por mim, o partido saía já da base do governo. Exatamente porque esse governo não tem compromisso conosco, os trabalhadores. Mas isso é assunto para o partido refletir.
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