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Sudeste

Escolas de samba desfilam crítica social no carnaval do Rio

Sambas-enredo do Carnaval do Rio 2020 prometem chacoalhar a avenida e a consciência dos foliões na sofrida cidade maravilhosa. Confira a programação dos desfiles

28/07/2017- Rio de Janeiro- RJ, Brasil- Carnaval 2017 – Desfile na Sapucaí –Carnaval 2017 - Desfile na Sapucaí - Mangueira - Grupo Especial - Foto: Alexandre Macieira /Riotur (Foto: Alexandre Macieira /Riotur)
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Cláudia Motta, RBA - A campeã do ano passado volta para a avenida com tudo no carnaval do Rio de Janeiro em 2020. A Mangueira, terceira escola da primeira noite dos desfiles (domingo, 23), traz para a Marquês de Sapucaí mais um samba com forte crítica social. O enredo A Verdade vos Fará Livre retrata a violência que extermina o povo favelado, agravada pelos governos de Wilson Witzel e de Jair Bolsonaro.

“Favela, pega a visão:
Não tem futuro sem partilha
Nem messias de arma na mão…”

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Os compositores Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo também participaram da autoria do enredo História pra Ninar Gente Grande, que levou a Mangueira ao seu 20º título no ano passado. 

“O grande homenageado da Mangueira é Jesus Cristo, que luta pela partilha e pela fraternidade”, afirma Manu da Cuíca em entrevista ao site Carnavalesco. “Com certeza, ele aprovaria uma disputa como essa, aprovaria uma escola espetacular que trate a favela como um ato de sobrevivência, especialmente com esse governo que mais mata favelados, e o samba mostra que estamos vivos”, diz a sambista.

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Confira clipe do samba da Mangueira 2020:

Samba com respeito

A Estácio de Sá, que abrirá os desfiles do Grupo Especial no domingo (23), a partir das 21h30, fala do garimpo e dos estragos que produz país afora. Um trecho do samba composto por Edson Marinho, Jorge Xavier, Júlio Alves, Jailton Russo, Ivan Ribeiro e Dudu Miller lembra:

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“O garimpo traz o ouro a cobiça dos mortais
Peneirar, peneirar
Devastando a natureza no Pará dos Carajás
Da lua, de Jorge, eu vejo o planeta azul chorar”

A Viradouro entra em seguida, por volta de 22h30, e em tempos sombrios de racismo e ataques à cultura, homenageia As Ganhadeiras de Itapuã. A música de Dadinho, Fadico, Rildo Seixas, Manolo, Anderson Lemos, Carlinhos Fionda e Alves fala do grupo musical baiano que surgiu dos cantos, danças e crenças das lavadeiras do litoral baiano.

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“Ora yê yê o oxum! Seu dourado tem axé
Fiz o meu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma desta gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

Levanta preta que o Sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor”

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O samba da Grande Rio, assinado por Deré, Robson Moratelli, Rafael Ribeiro e Toni Vietnã, leva para a avenida outro tema super atual: o da tolerância religiosa. A escola que entra na Sapucaí na madrugada de domingo para segunda-feira (23/24), avisa:

“Grande Rio é Tata Londirá
Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém
(Você respeita meu axé)”

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Espírito crítico

Sensação dos últimos carnavais, Tuiuti vem com samba de Moacyr Luz

O tom crítico segue como marca da Paraíso do Tuiuti, que toma a avenida logo depois da Mangueira. O enredo fala do encontro entre São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, e Sebastião I, monarca português morto em batalha no norte da África. E traça um paralelo com a situação atual do país. No samba de Moacyr Luz, Cláudio Russo, Aníbal, Júlio Alves, Pier e Tricolor, devoção e amor pela sofrida cidade maravilhosa.

“Rio, do peito flechado
Dos apaixonados
Rio-batuqueiro
Oxóssi, orixá das coisas belas
Guardião dessa aquarela
Salve o Rio de Janeiro!
Orfeus tocam liras na favela
A cidade das mazelas
Pede ao santo proteção
Grito o teu nome no cruzeiro
Ó padroeiro! Toda minha devoção!”

A União da Ilha, penúltima na madrugada de domingo para segunda-feira no carnaval do Rio 2020, traz para a avenida as falsas promessas de políticos e poderosos. Os autores, Marcio André, Marcio André Filho, Rafael Prates, J Alves, Daniel e Marinho, cantam o talento de quem vive nas comunidades, cresce e se desenvolve a despeito de todo o abandono.

“Eu sei o seu discurso oportunista
É a ganância, hipocrisia
O seu abraço é minha dor (seu doutor)
Eu sei que todo mal que vem do homem
Traz a miséria e causa fome
Será justiça de quem esperou
O morro desce o asfalto e dessa vez
Esquece a tristeza agora”

Desfile das escolas do carnaval 2020 no Rio

Programação desfile

Pioneirismo e tradição

Portela

A Portela, pioneira do carnaval do Rio de Janeiro há 97 anos – junto com Mangueira e Deixa Falar – encerra o primeiro dia dos desfiles do Grupo Especial. Campeão em 2017 depois de 32 anos de jejum, a escola é esperada entre 3h30 e 4h30. O samba de  Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, José Carlos, Zé Miranda, Beto Aquino, Pecê Ribeiro, D’Sousa e Araguaci, lembra os indígenas, primeiros habitantes do Rio, com o enredo Guajupiá, Terra Sem Males.

Nossa aldeia é sem partido ou facção
Não tem bispo, nem se curva a capitão
Quando a vida nos ensina
Não devemos mais errar

Poesia protesto

O Grupo Especial retoma o desfile do carnaval 2020 do Rio de Janeiro na noite de segunda-feira (24). E seguem os protestos diante da situação do país.

A São Clemente é a primeira. O samba do humorista Marcelo Adnet, com André Carvalho, Gabriel Machado, Pedro Machado, Gustavo Albuquerque, Camilo Jorge, Luiz Carlos França e Raphael Candel usa a irreverência para falar das falcatruas que grassam Brasil afora.

Na virtual roleta da desilusão
Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu!
E o país inteiro assim sambou
‘Caiu na fake news!’
Meu povo chegou ôô!
A maré vai virar, laiá!”

Inspiração indígena na criação de Brasília está no enredo da Vila Isabel

Para o desfile da Vila Isabel, que entra na avenida por volta de 22h30, Cláudio Russo, Chico Alves e Júlio Alves compuseram um samba homenagem à capital do país, como lenda indígena. Brasília é uma cidade construída pelas mãos do povo sofrido. 

Sertanejo em romaria é mais forte que mandinga
Assim nasceu a flor do cerrado
Quando um cacique inspirado
Olhou pro futuro
E mandou construir
Brasília joia rara prometida

A arte do primeiro palhaço negro do Brasil é o tema do Salgueiro, a terceira na Sapucaí na segunda-feira. O samba de Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino homenageia Benjamin de Oliveira – primeiro palhaço negro do Brasil, e também compositor, cantor e ator – nos 150 anos do seu nascimento.

Salta, menino!
A luta me fez majestade
Na pele, o tom da coragem
Pro que está por vir…
Sorrir e resistir!

A Unidos da Tijuca deve entrar na avenida já na virada para o dia 25, depois de 0h30. O samba composto por Jorge Aragão, Fadico, André Diniz, Totonho e Dudu Nobre promete emocionar com a homenagem às belezas de um Rio de Janeiro tão sofrido.

Lágrima desce o morro
Serra que corta a mata
Mata, a pureza no olhar
O Rio pede socorro
É terra que o homem maltrata
E meu clamor abraça o Redentor
Pra construir um amanhã melhor
O povo é o alicerce da esperança

A penúltima no segundo dia do desfile das escolas de samba do Rio é a Mocidade Independente de Padre Miguel. A “deusa” cantora Elza Soares e sua vida de luta estão no samba composto por Sandra de Sá, DR Márcio, Igor Vianna, Jefferson Oliveira, Prof. Laranjo, Renan Diniz, Solano Santos e Telmo Augusto.

“É deusa! Merece todas as homenagens”, diz a rainha da bateria, Giovana Angélica, ao tietar Elza Soares, homenageada da Mocidade

Brasil
Esquece o mal que te consome
Que os filhos do Planeta Fome
Não percam a esperança
Em seu cantar
Ó, nega!

A Beija-Flor fecha o desfile do Carnaval do Rio 2020 com o samba de Magal Clareou, Diogo Rosa, Júlio Assis, Jean Costa, Dario Jr. e Thiago Soares. Se essa rua fosse minha fala dos caminhos percorridos pela humanidade até chegar ali, à Sapucaí.

Por mais que existam barreiras
Eu vim pra vencer no teu ninho
É bom lembrar, eu não estou sozinho
Ê laroyê ina Mojubá
Adakê Exu ôôô
Segura o povo que o povo é o dono da rua”

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