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Sul

Professores fazem greve de fome no Paraná

"Não estranha calarem a voz dos trabalhadores. Não estranha o silêncio dos canalhas", escreve Júlio Cesar Carignano em meio à greve de fome de professores no Paraná. Docentes são contra edital do Processo Seletivo Simplificado (PSS), que tem condições divergentes das exigidas pela categoria

Trabalhadores da Educação protestam contra edital PSS com prova (Foto: Gelinton Batista/APP-Sindicato)
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Júlio Cesar Carignano, Brasil de Fato - O ano de 1968 foi considerado a euforia da História, em virtude de uma onda de manifestações que eclodiram no mundo. No mesmo ano, Luther King – ativista dos direitos civis nos Estados Unidos – foi assassinado. Em abril, dias antes do crime, ele liderou uma marcha em apoio a uma greve de 1,3 mil funcionários negros da limpeza pública por melhores condições de trabalho e salários decentes.

A paralisação já durava cerca de dois meses e a marcha foi reprimida com violência do Estado. Luther King dizia que a "greve é a linguagem dos não-ouvidos". Linguagem é comunicação e, quando falamos em greve, a comunicação tem um papel fundamental e os meios que propagam informação devem agir com responsabilidade.

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Deixando 1968 na história e voltando ao presente, vivenciamos um silêncio sepulcral dos veículos tradicionais – a chamada “grande mídia” - em relação a greve de fome que alcança sete dias, de professores e funcionários de escolas do Paraná. Como de praxe, essa mídia quase nada fala e quando aborda é de maneira pejorativa e ofensiva.

A greve é um direito constitucional conquistado ainda no século 19 com esforço, sacrifício e sangue dos trabalhadores, e a "greve de fome" uma ação drástica e limite diante da negativa de negociações entre empregador e empregado.

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Para essa mídia empresarial e que só "tem nome", todas as mobilizações são "abusivas" e o foco da cobertura está sempre em pessoas supostamente “prejudicadas”, nunca as reivindicações do trabalhador grevista.

A maneira pejorativa que são tratadas as greves por vezes beira a ingenuidade quando o receptor da informação é alguém que tem uma mínima noção de como funciona a relação empregador/empregado e de como se dá a luta de classes em nossa sociedade. Seja no espaço maior dado ao empregador e na ausência das pautas dos trabalhadores ou ainda na tentativa cafajeste de jogar grevistas contra a população.

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Cabe à população, o receptor dessa informação, driblar essa cantinela que incita a ira do trabalhador/usuário contra trabalhador/servidor. Esse, por sinal, deve fazer o uso de todas as ferramentas que disponibiliza para buscar seus direitos (ferramentas que são poucas diante do capital).

E voltando aos veículos tradicionais de mídia: pense com a mente de um "Advogado do Diabo". Que moral essa mídia teria de propagar que uma greve é justa, que é preciso lutar contra precarização e por direitos dos trabalhadores, quando essa mídia é um péssimo exemplo dentro de seus próprios currais?

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Não estranha calarem a voz dos trabalhadores. Não estranha o silêncio dos canalhas. Não estranha, mas não deixa de indignar.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato

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