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Saúde

“A aposta nos antidepressivos foi muito boa para a indústria, mas tornou a vida das pessoas bem ruim”, diz Sidarta Ribeiro

Neurocientista condenou a prescrição em massa de remédios antidepressivos. Ele explicou que os estudos que embasam o consenso médico podem ser questionados em diversos níveis e defendeu o uso de tratamentos alternativos que tenham ênfase terapêutica. “A substância é poderosa, mas o mais importante é o vínculo, é a questão humana, é o contato, a terapia…”. Assista sua entrevista à TV 247

Sidarta Ribeiro (Foto: ABr | Cícero Oliveira/UFRN)
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247 - O neurocientista Sidarta Ribeiro, em entrevista à TV 247, condenou o uso de medicamentos antidepressivos, utilizados em massa pela população brasileira. Relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o Brasil como o País mais deprimido da América Latina. Além disso, entre 2014 e 2018, o uso de antidepressivos cresceu 23%.

Segundo Sidarta, esses medicamentos possuem eficácia baixa para justificar seu uso em escala tão elevada. Citando uma metanálise da revista científica The Lancet de diversos antidepressivos, ele afirmou que a eficácia de boa parte dos medicamentos é pouco acima que uma dose de placebo. “Todos eles têm muitos efeitos colaterais, que podem tornar a vida da pessoa bem ruim, sobretudo quando combinados com outros remédios. Em quase todos os casos desses estudos, as pesquisas vão até oito semanas, mas estamos numa sociedade onde se tornou normal tomar um monte de antidepressivos, estabilizadores do humor, tranquilizantes, pílulas para dormir, etc., por anos a fio, e de maneira progressiva e crescente”, disse o professor.

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“Como chegamos nisso? Por que é que tanta gente usa tanto remédio se nem tem essa base científica que o efeito é muito bom, que dura muito?”, questionou o cientista. 

Ele explicou que, nos anos 80, a classe média americana foi convencida de que a insatisfação na vida “não é um problema do sistema, das relações, dos vínculos, nem do modo de produção capitalista. É um problema da baixa serotonina no cérebro delas”. “Essa teoria é extremamente influente, e ela não é verdadeira. O buraco é muito mais embaixo”, ressaltou. 

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“A serotonina tem muito a ver com o nosso humor, sim, mas não necessariamente uma pessoa que está com ela em alta estará feliz ou uma pessoa que está com ela baixa estará triste. É bem mais complicado que isso, há muitos fatores em jogo. Mas como havia uma explicação em tese científica isso funcionou muito bem. No público americano, as pessoas se convenceram disso. E, de fato, sabemos que tem um efeito positivo, mas ele é pequeno”. 

“Uma nova terapêutica”

Um dos principais nomes da pesquisa brasileira sobre o uso de drogas alternativas no tratamento de transtornos mentais, o neurocientista defendeu o uso de tratamentos com ênfase terapêutica, como aqueles baseados no uso de plantas e fungos sagrados:  “O que está ficando bem claro é que a aposta da indústria na medicalização, com todas essas substâncias que já estão aí, deu bem errado do ponto de vista do povo e deu muito certo para as indústrias. Agora, vem uma nova terapêutica, que é bem antiga, porque tem a ver com os ancestrais, com plantas sagradas, fungos sagrados, animais sagrados, mas é uma terapêutica que a ênfase não é na substância. A substância é poderosa, mas o mais importante é o vínculo, é a questão humana, é o contato, a terapia, a música, o som, o cheiro, o que foi dito e o que foi lembrado. Então, é um retorno para aquilo que é mais profundo”.

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“É um retorno muito interessante, que permite juntar de um lado aquilo que a psicologia de profundidade propôs com Freud e Jung, e de outro lado aquilo que o xamanismo propõe há milhares de anos, que é toda essa riqueza ameríndia, siberiana, da Índia, da China, do Afeganistão, dos aborígenes australianos”, completou. 

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