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Saúde

Médicos propõem nova classificação da obesidade com base na perda percentual de peso

Proposta prevê o uso do termo "obesidade reduzida ou controlada" baseada na perda percentual do peso máximo, em vez de se basear apenas no cálculo do IMC

(Foto: David Gray/Reuters)
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Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein  - Especialistas da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) estão propondo mudar a classificação para tratamento da obesidade. A sugestão é usar o termo "obesidade reduzida ou controlada" para que médicos e pacientes se baseiem na perda percentual do peso, de 10% a 15%, em vez de usarem como única referência o cálculo do IMC (índice de massa corporal).  

A obesidade é uma doença crônica associada ao comprometimento da saúde física e mental do paciente. O IMC é um índice internacional usado há décadas como parâmetro para cálculo da condição por meio de uma fórmula que se baseia no peso e na altura. Pela regra, uma pessoa precisa ter o IMC entre 18,5 a 24,9 para ter o peso considerado normal; entre 25 e 29,9 para ser considerada com sobrepeso; acima de 30 já é considerada um paciente com obesidade.  

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No entanto, muitas vezes, essa classificação causa frustração aos que buscam o emagrecimento. De acordo com o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e um dos responsáveis pela sugestão, o uso do IMC é importante para pesquisas de prevalência de obesidade, estudos populacionais e até mesmo para identificação dos casos que precisam de tratamento.  

No entanto, ainda segundo Mancini, o alcance do "IMC ideal" nem sempre é possível e nem sempre é necessário apenas com o tratamento clínico: uma perda modesta de peso (em torno de 5%) traz benefícios à saúde, independente do IMC final do paciente. 

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Por isso, pela proposta apresentada no início de setembro, no 35º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, os especialistas sugerem a adoção dos termos obesidade controlada (perda de mais de 10% do peso) ou reduzida (entre 5% a 10% do peso). Os especialistas dizem que essa perda percentual seria melhor e mais factível como meta do tratamento, uma vez que uma diminuição maior é mais difícil de alcançar.

Mancini explica que o objetivo é que médicos e pacientes se conscientizem de que a obesidade é uma doença crônica, assim como hipertensão e diabetes, e, por isso, ela precisa ser controlada. No documento, ele e outros oito especialistas ressaltam que essa classificação é simples e não pretende substituir o uso do IMC, apenas funcionar como ferramenta complementar.  

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"Vários estudos demonstram que uma perda de 10% do peso máximo atingido é o suficiente para melhorar os índices metabólicos e reduzir os riscos de doenças cardiovasculares associadas à obesidade. Isso permite que médicos e pacientes foquem na manutenção desse peso perdido e que está controlado, em vez de buscar uma maior perda de peso", explica Mancini.  

Melhoras progressivas 

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No documento, os especialistas destacam que há estudos que demonstram melhoras progressivas na saúde de acordo com a quantidade de peso perdida:

  • Uma pessoa que reduz em torno de 3% do peso diminui o risco de complicações por doenças infecciosas (entre elas a Covid-19); 
  • Uma perda acima de 5% tem impacto em fatores metabólicos como colesterol e triglicérides, além de reduzir dores nas articulações; 
  • A perda em torno de 7% está associada ao menor risco de desenvolver diabetes tipo 2;
  • Já acima de 10%, a perda de peso consegue reduzir o risco de esteatose hepática (godura no fígado). 

"Não estamos falando de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica porque a perda de peso nesses casos precisaria ser muito maior. A ideia é mudar a forma de tratar pessoas com IMC entre 30 e 40. Para essas pessoas, perder 10% do peso reduz consideravelmente os riscos à saúde", esclarece Mancini.  

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"O objetivo do tratamento clínico da obesidade não é normalizar o peso e sim chegar em um peso considerado saudável e conseguir mantê-lo", complementa. 

Para o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, a proposta de mudar a classificação da obesidade é importante porque coloca uma meta realista de perda de peso para o paciente. 

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"O tratamento clínico atual, com os melhores remédios disponíveis, proporciona uma perda de peso em torno de 10%. Em breve, teremos medicações que conseguem atingir até 20%. O legal dessa proposta é não criar uma expectativa ruim para não gerar frustrações no paciente", diz. 

Segundo Rosenbaum, a partir do momento que a pessoa apresenta uma melhora do padrão metabólico, do diabetes, da hipertensão, das dislipidemias, ela reduz o risco de eventos cardiovasculares e, por isso, entra no que seria classificado como obesidade controlada. 

"Uma redução de cerca de 10% do peso já é suficiente para melhorar todos os parâmetros associados à obesidade. A gente já fica satisfeito com o paciente que conseguir melhorar esses índices, mesmo sem chegar no valor que é considerado ideal". 

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