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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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2021: classe média pauperizada enfrentará teto de gastos?

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Pauperização acelerada

A mais que previsível queda de consumo decorrente da extinção do auxílio emergencial de R$ 600 – reduzido para R$ 300 – afetará não apenas os mais pobres, enquanto os mais ricos se fartarão; mas, também, a classe média entrará na era da pauperização; afinal o comércio, a indústria e serviços, onde a classe média ganha sua vida, sofrerão tremendo baque em suas receitas, cujo reflexo serão queda de arrecadação do governo; com isso, a taxa de investimento, na economia, cairá ainda mais; esta, que há 5 anos, estava por volta de 13% do PIB, com as reformas neoliberais, afetadas, ainda mais, pela pandemia do novo coronavírus, dificilmente, ultrapassará os 5%; sem novos investimentos, principalmente, em infraestrutura, que continuará deteriorada, como colocar em ação o silogismo capitalista: consumo, produção, renda, arrecadação, novos investimentos etc? Entram em bancarrota os planos dos militares neonacionalistas, com seu programa desenvolvimentista Pró-Brasil, que Paulo Guedes ironizou como nostalgia da Era Dilma.

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Tudo piora para as classes assalariadas, diante da economia permanentemente propensa à recessão, na base da lógica determinada pelo fim do auxílio emergencial, em nome do ajuste fiscal neoliberal, imposto pela política monetária restritiva, inversa à que vigora nos países capitalistas desenvolvidos; estes diante da crise e, principalmente, frente ao complemento destrutivo imposto pela pandemia, optam, cada vez mais, pelas políticas monetárias funcionais, expansivas anti-inflacionárias, como demonstram experiências colocadas em práticas, desde o crash de 2008; acelera, portanto, empobrecimento relativo da classe média, no momento em que as famílias começam a arrancar os cabelos diante dos anúncios de reajustes de até 25% nos planos de saúde, segundo cálculos da FGV; mas não só; ela pagará mais caro, acima do IPCA, reajustes de IPTU, IPVA, corrigidos pelo INPC;  igualmente, pancada forte vem aí de até 12% das mensalidades escolares; de 5% nos materiais de estudo etc. No cenário de arrocho salarial decorrente do aumento do desemprego, que joga o poder de compra para baixo, como resultado da reforma trabalhista, pela qual o negociado prepondera sobre o legislado, mais dificuldades financeiras apertarão o pescoço dos assalariados, asfixiando-os, logo no primeiro trimestre de 2021.

Inflação e arrocho

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Por enquanto, o lenitivo do governo à supressão do auxílio emergencial foi elevar o salário mínimo para R$ 1.100; porém, as despesas essenciais dos trabalhadores serão reajustadas pelo INPC, cuja variação será maior que a inflação; nesse sentido, a sangria financeira sobre os assalariados intensificará o que os empresários mais estão temendo: redução da demanda global, acelerada com fim do auxílio emergencial; soma-se a essa expectativa negativa, que toma conta dos agentes econômicos, a notícia, dada pelo Valor Econômico, de que o Banco Central deverá restringir, nesse início do ano, o crédito à produção e ao consumo; a  banca, diante da desaceleração econômica, pisa no freio, com medo de calotes; já as empresas, que estão renegociando seus débitos fiscais e tributários, acumulados durante da pandemia, que se renova, tremem nas bases; anteveem maiores perigos com o atraso na vacinação da população, devido à incompetência de gestão do governo, em não ter tomado medidas preventivas; farão, certamente, novas pressões, para renovar alívios fiscais e financeiros, para saírem do sufoco; afinal, se são mantidas as condições que fizeram o governo baixar providências para enfrenta-las, por que haveria de impor novas exigências, impossíveis de serem cumpridas?

Nesse cenário, como fica a inflação? A resposta a essa indagação produz caleidoscópio de opiniões controversas e contraditórias; diante da previsão de queda do nível geral de atividades devido ao fim do auxílio emergencial, quem fará novos investimentos para girar produção, se o consumo estará sob pressão baixista; teoricamente, haveria pressão deflacionária, mas, preventivos, os empresários reduzem produção e aumentam preços para manter constante a taxa de lucro, como alternativa de sobrevivência;

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O capital vai se descolar ainda mais da economia real para tentar faturar na economia fictícia, na bolsa; o câmbio, porém, pressionado, empurrará os preços para cima, dado elevado componente das importações, em face da desindustrialização crescente, decorrente de legislações antinacionalistas, como, por exemplo, Lei Kandir, cujas consequências são sucateamento financeiro dos Estados e Municípios; afinal, suas receitas de ICMS são sequestradas, para favorecer exportadores de produtos básicos e semielaborados etc; ou seja, nessa conjuntura, aprofunda pauperização da classe média, diante da queda do PIB na casa dos 5% para 2020, repetindo a dose para 2021, devido ao aprofundamento do subconsumismo; o Congresso, de maioria conservadora, colocaria, nesse contexto, reforma tributária distributiva de renda, para taxar os mais ricos, a fim de aliviar os mais pobres, se seus líderes proclamam reformas neoliberais que afetam ainda mais os assalariados da classe média? Ou vai jogar pesado para manter orçamento de guerra, para romper o teto de gastos?

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