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Roberto Bueno

Professor universitário, doutor em Filosofia do Direito (UFPR) e mestre em Filosofia (Universidade Federal do Ceará / UFC)

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31 de março: homenagem aos resistentes

"Enquanto setores nefastos do Estado continuam a homenagear torturadores e assassinos, quero aqui lembrar algumas de suas vítimas", escreve Roberto Bueno

(Foto: Reprodução)
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Quando aqueles que detêm o controle das armas as lançam contra o povo e as suas instituições estamos perante ruptura civilizacional e prenúncio da prática de violência aberta contra ele, o real exclusivo titular do poder político. Os golpes militares brasileiros pertencem a esta tradição de violência contra a democracia, não sem aliar-se às forças detentoras do grande capital nacional e estrangeiro, sociedade geradora de benefícios mútuos, pois não há movimentos desta ordem e sob intensos custos, quando não estejam previstos consideráveis benefícios econômicos para os perpetradores. Estes são tempos sombrios. 

Há dias luminosos quando compartilhamos bem-estar ao exitosamente incentivar o predomínio da empatia e respeito pela dignidade dos seres humanos associado ao reconhecimento de seus direitos de forma igualitária. Há apreciável avanço civilizacional quando coletivamente predomina o apreço por não pertencer a grupos que festejam a tortura e a morte de concidadãos. Há avanço civilizacional quando comprazemos ao compartilhar coletivamente a preocupação com a sorte e o destino do próximo. Será sempre honroso nunca ser convidado a participar ou frequentar as adjacências das honrarias à covardia de planejadores e executores de torturas e de assassinatos, organizadas por gente que não hesita em apresentar-se como combatente do crime e violências sexuais, mas que as praticaram, autorizaram ou com elas condescenderam em seus domínios e competências administrativas. 

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Não superam a condição de miserabilidade os corpos e mentes que se postam entre as memórias de suas vítimas a cada ano para continuar a tripudiar publicamente e, assim, paradoxalmente, eternizar a pessoal infâmia dos perpetradores e seus sucessores, projetar para a história a memória da condição dos algozes. Gente opaca e cinzenta mesmo quando vestidos de verde ostentando falsas medalhas coloridas cujo volume e brilho não obstaculiza que o penetrante olhar popular identifique o denso lamaçal moral que habita indivíduos que a civilidade abandonou de forma resoluta e a piedade e a fraternidade são valores aos quais também reservaram a tortura e enterro em vala comum juntamente aos demais princípios de civilidade. 

Este é conjunto de homens cuja virilidade castrense se resume ao elogio da covardia oceânica traduzida em crua violência que a cada 31 de março, desde 1964, homenageia a memória de perpetradores, coautores, planejadores e os vis sucessores de atos bárbaros, incapazes em seu conjunto de nutrir sentimento de comiseração com idosos, mulheres grávidas ou seus filhos já nascidos. No mundo da selvageria plena há festejo e elogios a estupros e estupradores, torturas e torturadores, a homicidas e homicídios sob todas as configurações imagináveis, a toda sorte de atos indescritíveis, pois, depois de tudo, as ditaduras não dispõem de aparato de Governo, mas asseclas, algozes e perpetradores dispostos a absolutamente tudo para manter-se no poder e dele extrair as vantagens econômicas devidamente ocultadas por mais uma das múltiplas camadas de violência do regime. 

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Enquanto setores nefastos do Estado brasileiro continuam a homenagear torturadores e assassinos, quero aqui lembrar algumas de suas vítimas que são os nomes que merecem nossa homenagem neste dia 31 de março de 2022, razão suficiente para mencionar cada um deles, cuja leitura e releitura mantém viva na memória a chama da honra e da gratidão que cada um(a) deles merece: Abelardo Rausch de Alcântara; Abílio Clemente Filho; Adauto Freire da Cruz; Aderval Alves Coqueiro; Adriano Fonseca Filho; Afonso Henrique Martins Saldanha; Albertino José de Oliveira; Alberto Aleixo; Alceri Maria Gomes da Silva; Alex de Paula Xavier Pereira; Alexander José Ibsen Voerões; Alexandre Vannucchi Leme; Alfeu de Alcântara Monteiro; Almir Custódio de Lima; Aluísio Palhano Pedreira Ferreira; Alvaro de Sá Brito Souza Neto; Amaro Félix Pereira; Amaro Luiz de Carvalho; Ana Kucinski; Ana Maria Nacinovic Correa; Anatália de Souza Melo Alves;André Grabois; Ângelo Arroyo;Ângelo Cardoso da Silva;Ângelo Pezzuti da Silva; Antogildo Pacoal Vianna; Antonio Benetazzo; Antonio Pregoni; Antônio Alfredo de Lima; Antônio Araújo Veloso; Antônio Bem Cardoso; Antônio Carlos Bicalho Lana; Antônio Carlos Monteiro Teixeira; Antônio Carlos Nogueira Cabral; Antônio Carlos Silveira Alves; Antônio Ferreira Pinto; Antônio Guilherme Ribeiro Ribas; Antônio Henrique Pereira Neto; Antônio Joaquim Machado; Antônio Marcos Pinto de Oliveira; Antônio Raymundo Lucena;Antônio Sérgio de Matos;Antônio Teodoro de Castro;Antônio de Pádua Costa;Antônio dos Três Reis Oliveira; Ari da Rocha Miranda; Ari de Oliveira Mendes Cunha; Arildo Valadão; Armando Teixeira Frutuoso; Arnaldo Cardoso Rocha; Arno Preis; Ary Abreu Lima da Rosa; Ary Cabrera Prates; Augusto Soares da Cunha; Áurea Eliza Pereira; Aurora Maria Nascimento Furtado; Avelmar Moreira de Barros; Aylton Adalberto Mortati;Batista; Benedito Gonçalves;Benedito Pereira Serra; Bergson Gurjão Farias; Bernardino Saraiva ; Boanerges de Souza Massa; Caiupy Alves de Castro; Carlos Alberto Soares de Freitas; Carlos Antunes da Silva; Carlos Eduardo Pires Fleury; Carlos Lamarca; Carlos Marighella; Carlos Nicolau Danielli; Carlos Roberto Zanirato; Carlos Schirmer; Carmem Jacomini; Cassimiro Luiz de Freitas; Catarina Helena Abi-Eçab; Celso Gilberto de Oliveira; Chael Charles Schreier; Cilon da Cunha Brum; Ciro Flávio Salasar Oliveira; Cloves Dias Amorim; Comandante Crioulo; Custódio Saraiva Neto; Célio Augusto Guedes; Daniel José de Carvalho; Daniel Ribeiro Callado; Darcy José dos Santos Mariante; David Capistrano da Costa; David Eduardo Chab Tarab Baabour; David de Souza Meira; Dermeval da Silva Pereira; Devanir José de Carvalho; Dilermano Melo Nascimento; Dimas Antônio Casemiro; Dinaelza Coqueiro; Dinalva Oliveira Teixeira; Divino Ferreira de Souza; Divo Fernandes D’Oliveira; Djalma Maranhão; Dorival  Ferreira; Durvalino de Souza; Dênis Casemiro; Edgar Aquino Duarte; Edmur Péricles Camargo; Edson Luís de Lima Souto; Edson Neves Quaresma; Edu Barreto Leite; Eduardo Antônio da Fonseca; Eduardo Collen Leite; Eduardo Collier Filho; Eduardo Gonzalo Escabosa; Eiraldo de Palha Freire; Elmo Corrêa; Elson Costa;Elvaristo Alves da Silva;Emmanuel Bezerra dos Santos;Enrique Ernesto Ruggia;Epaminondas Gomes de Oliveira; Eremias Delizoicov; Esmeraldina Carvalho Cunha; Eudaldo Gomes da Silva; Evaldo Luiz Ferreira de Souza; Ezequias Bezerra da Rocha; Feliciano Eugénio Neto; Fernando Augusto Valente da Fonseca; Fernando Borges de Paula Ferreira; Fernando Santa Cruz; Fernando da Silva Lembo; Flávio Carvalho Molina; Flávio Ferreira da Silva; Francisco Emanuel Penteado; Francisco José de Oliveira; Francisco Manoel Chaves; Francisco Seiko Okama; Francisco Tenório Júnior; Francisco das Chagas Pereira; Frederico Eduardo Mayr; Félix Escobar Sobrinho; Gastone Lúcia Carvalho Beltrão; Gelson Reicher; Geraldo Bernardo da Silva; Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa; Gerosina Silva Pereira; Gerson Theodoro de Oliveira; Getúlio de Oliveira Cabral; Gilberto Olímpio Maria; Gildo Macedo Lacerda; Grenaldo de Jesus da Silva; Guido Leão; Guilherme Gomes Lund; Gustavo Buarque Schiller;Hamilton Fernando da Cunha; Hamilton Pereira Damasceno; Helber José Gomes Goulart; Helenira Resende de Souza Nazareth; Heleny Ferreira Telles Guariba; Henrique Cintra Ferreira Ornellas; Higino João Pio; Hiram de Lima Pereira; Hiroaki Torigoe; Honestino Guimarães; Horacio Domingo Campiglia; Hélcio Pereira Fortes; Hélio Luiz Navarro de Magalhães; Íris Amaral; Ísis Dias de Oliveira; Iara Iavelberg; Idalísio Soares Aranha Filho;Ieda Santos Delgado; Iguatemi Zuchi Teixeira; Inocêncio Pereira Alves; Ishiro Nagami; Ismael Silva de Jesus; Israel Tavares Roque; Issami Nakamura Okano; Itair José Veloso; Iuri Xavier Pereira; Ivan Mota Dias; Ivan Rocha Aguiar;Jaime Petit da Silva; James Allen da Luz; Jana Moroni Barroso; Jane Vanini; Jarbas Pereira Marques; Jayme Amorim Miranda; Jean Henri Raya; Jeová Assis Gomes; Joaquim Alencar de Seixas; Joaquim Câmara  Ferreira; Joaquim Pires Cerveira; Joaquinzão; Joel José de Carvalho; Joel Vasconcelos Santos; Joelson  Crispim; Jonas José Albuquerque Barros; Jorge Alberto Basso; Jorge Aprígio de Paula; Jorge Leal Gonçalves Pereira; Jorge Oscar Adur (Padre); José Bartolomeu Rodrigues de Souza; José Campos Barreto; José Carlos Novaes da Mata Machado; José Carlos da Costa; José Dalmo Guimarães Lins; José Ferreira de Almeida; José Gomes Teixeira; José Guimarães; José Huberto Bronca; José Idésio Brianezi; José Inocêncio Barreto; José Júlio de Araújo; José Lavecchia; José Lima Piauhy Dourado; José Manoel da Silva; José Maria Ferreira Araújo; José Maurílio Patrício; José Maximino de Andrade Netto; José Mendes de Sá Roriz; José Milton Barbosa; José Montenegro de Lima; José Nobre Parente; José Pinheiro Jobim; José Porfírio de Sousa; José Raimundo da Costa; José Roberto Arantes de Almeida; José Roberto Spigner; José Roman; José Sabino; José Silton Pinheiro; José Soares dos Santos; José Toledo de Oliveira; José Wilson Lessa Sabag; José de Oliveira; José de Souza; João Alfredo Dias; João Antônio Santos Abi-Eçab; João Barcellos Martins; João Batista Franco Drummond; João Batista Rita; João Bosco Penido Burnier; João Carlos Cavalcanti Reis; João Carlos Haas Sobrinho; João Domingues da Silva; João Gualberto Calatroni; João Leonardo Rocha; João Lucas Alves; João Massena Melo; João Mendes Araújo; João Roberto Borges de Souza; João de Carvalho Barros; Juan Antonio Carrasco Forrastal; Juarez Guimarães de Brito; Juarez Rodrigues Coelho; Juvelino Andrés Carneiro da Fontoura Gularte; Kleber Lemos da Silva; Labibe Elias Abduch; Lauriberto José Reyes; Leopoldo Chiapetti; Liliana Inés Goldemberg; Lincoln Bicalho Roque; Lincoln Cordeiro Oest; Lorenzo Ismael Viñas; Lourdes Maria Wanderley Pontes; Lourenço Camelo de Mesquita;Lourival de Moura Paulino;  Lucimar Brandão Guimarães; Lucindo Costa; Luis Paulo da Cruz Nunes; Luiz Affonso Miranda da Costa Rodrigues; Luiz Almeida Araújo; Luiz Carlos Almeida; Luiz Carlos Augusto; Luiz Eduardo Merlino; Luiz Eurico Tejera Lisbôa; Luiz Fogaça Balboni;  Luiz Ghilardini; Luiz Gonzaga dos Santos; Luiz Hirata; Luiz Ignácio Maranhão Filho; Luiz Renato Pires de Almeida; Luiz Renato do Lago Faria; Luiz René Silveira e Silva; Luiz Vieira; Luiza Garlippe; Luís Alberto Andrade de Sá e Benevides; Luís Antônio Santa Bárbara; Lyda Monteiro da Silva; Líbero Castiglia; Lígia Maria Salgado Nóbrega; Lúcia Maria de Souza; Lúcio Petit da Silva; Manoel Aleixo da Silva; Manoel Alves de Oliveira; Manoel Custodio Martins; Manoel Fiel Filho; Manoel José Mendes Nunes de Abreu; Manoel José Nurchis; Manoel Raimundo Soares; Manoel Rodrigues Ferreira; Manuel Lisboa; Marco Antônio Brás de Carvalho; Marcos Antônio Dias Baptista; Marcos Antônio da Silva Lima; Marcos Basílio Arocena da Silva Guimarães; Marcos José de Lima; Marcos Nonato Fonseca; Margarida Maria Alves; Maria Augusta Thomaz; Maria Auxiliadora Lara Barcelos; Maria Célia Corrêa; Maria Lúcia Petit; Maria Regina Lobo Leite Figueiredo; Maria Regina Marcondes Pinto; Maria Ângela Ribeiro; Mariano Joaquim da Silva; Marilene Villas-Boas; Massafumi Yoshinaga; Maurício Grabois; Maurício Guilherme da Silveira; Merival Araújo; Miguel Pereira dos Santos; Miguel Sabat Nuet; Milton Soares de Castro; Márcio Beck Machado; Mário Alves; Mário de Souza Prata; Míriam Lopes Verbena; Mónica Suzana Pinus de Binstock; Napoleão Felipe Biscaldi; Nativo da Natividade de Oliveira; Neide Alves dos Santos; Nelson José de Almeida; Nelson Lima Piauhy Dourado; Nelson de Souza Kohl; Nestor Vera; Newton Eduardo de Oliveira; Nilda Carvalho Cunha; Nilton Rosa da Silva; Norberto Armando Habeger; Norberto Nehring; Odair José Brunocilla; Odijas Carvalho de Souza; Olavo Hanssen; Onofre Ilha Dornelles; Onofre Pinto; Orlando Momente; Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior; Ornalino Cândido da Silva; Orocílio Martins Gonçalves; Osvaldão; Otoniel Campo Barreto; Otávio Soares Ferreira da Cunha; Pauline Philipe Reichstul; Paulo Costa Ribeiro Bastos; Paulo César Botelho Massa; Paulo Guerra Tavares; Paulo Mendes Rodrigues; Paulo Roberto Pereira Marques; Paulo Stuart Wright; Paulo Torres Gonçalves; Paulo de Tarso Celestino; Pedro Alexandrino de Oliveira Filho; Pedro Carretel; Pedro Domiense de Oliveira; Pedro Inácio de Araújo; Pedro Jerônimo de Souza; Pedro Pomar; Péricles Gusmão Régis; Raimundo Eduardo da Silva; Raimundo Ferreira Lima; Raimundo Gonçalves Figueiredo; Raimundo Nonato Paz; Ramires Maranhão do Vale; Ranúsia Alves Rodrigues; Raul Amaro Nin Ferreira; Reinaldo Silveira Pimenta; Roberto Adolfo Val Cazorla; Roberto Cietto; Roberto Macarini; Roberto Rascardo Rodrigues; Rodolfo de Carvalho Troiano; Ronaldo Mouth Queiroz; Rosalindo Souza; Rubens Paiva; Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter; Ruy Carlos Vieira Berbert; Ruy Frasão Soares; Sabino Alves da Silva; Santo Dias; Sebastião Gomes dos Santos; Sebastião Vieira da Silva; Severino Elias de Melo;  Severino Viana Colou; Sidney Fix Marques dos Santos; Silvano Soares dos Santos; Solange Lourenço Gomes; Soledad Barrett Viedma; Stuart Angel Jones; Suely Kanayama; Sérgio Fernando Tula Silberberg; Sérgio Landulfo Furtado; Sérgio Roberto Correa; Sônia Maria de Moraes Angel Jones; Telma Regina Cordeiro Corrêa; Therezinha Viana de Assis; Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto;  Tito de Alencar Lima; Tobias Pereira Júnior; Túlio Roberto Cardoso Quintiliano; Uirassú de Assis Batista;  Umberto Albuquerque Câmara Neto; Valdir Sales Saboya; Vandick Reidner Pereira Coqueiro; Virgílio Gomes da Silva; Vitor Carlos Ramos; Vitorino Alves Moitinho; Vladimir Herzog; Vítor Luíz Papandreu; Walkíria Afonso Costa; Walter Kenneth Nelson Fleury; Walter Ribeiro Novaes; Walter de Souza Ribeiro; Wilson Silva; Wilson de Souza Pinheiro; Wilton Ferreira; Wânio José de Mattos; Yoshitane Fujimori; Zelmo Bosa; Zoé Lucas de Brito Filho; Zuzu Angel. 

As novas gerações precisam conhecer cada um destes nomes, ler e reler a história de cada um deles como a nossa via de acesso para recuperar a história recente e o futuro livre que teima em ser obstaculizado pela oligarquia nacional em associação com a força das armas e grandes interesses norte-americanos. Todas estas grandes figuras lutaram com singular bravura para defender os interesses do povo brasileiro, arriscando a vida que finalmente lhes foi arrebatada. A resistência nacional foi triturada pelo regime ditatorial que violou a soberania popular em 1964 traduzida no legítimo Governo Joao Goulart. Os resistentes jamais dispuseram de meios compatíveis para opor forças a organização militar do Estado, sempre indisposta e carente de coragem para proteger o país e enfrentar os reais inimigos estrangeiros e nunca internos, e sempre disposta a lançar mão das armas para assestar golpes de Estado contra a soberana vontade política de seus cidadãos, única fonte de legitimidade para os rumos da vida nacional.  

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A resistência política foi vitimada por personagens que tomaram de assalto o Estado brasileiro em 1964 e organizaram as armas da nação para oprimi-la, para cumprir fins políticos alheios aos rumos a ele assinalados livremente durante o Governo João Goulart. Os resistentes carregaram sua luta com a defesa da soberania nacional, da retomada do direito de exercício dos direitos políticos, da livre escolha dos rumos políticos do país, enfim, com o objetivo de construir uma nação livre e marcada por maior nível de igualdade, atacando os interesses da oligarquia e a estrutura de Estado operante em seu favor desde a República Velha, cujos atores teimam em não perecer. 

As vítimas do regime militar de 1964 foram cristalizadas sob a imagem do desprezo da elite nacional pelo povo brasileiro e sua liberdade em construir um futuro de plena dignidade coletiva, de desenvolvimento nacional ancorado na distribuição das grandes riquezas nacionais que a oligarquia e seus associados menores teimam em continuar saqueando. Heróis sem farda, regimento sem infantaria nem armas, a resistência articulou e lutou em condições assimétricas contra estes salteadores, enfrentando organização estatal disposta ao extermínio sem pejos ou travas para preservar seus escusosinteresses econômicos. As vítimas tiveram seus corpos esmagados à semelhança do ataque aos reais interesses nacionais e às liberdades políticas. Tenho particular orgulho de cada um e cada uma que expôs seu corpo e entregou os melhores anos de suas respectivas vidas para evitar a continuidade de tempos sombrios que os coturnos e fuzis sempre reservam aos povos quando ascendem ao poder, inevitavelmente sedentos do sangue dos defensores dos direitos dos povos. Enorme é o orgulho que sinto de ser herdeiro cívico de gente que arriscou tudo ao embrenhar-se na mais densa e obscura das selvas – habitadas por qualquer coisa pior que bestas-feras – para legar às suas próximas gerações dias melhores. Eis aqui motivo suficiente para recordarmos a cada 31 de março que os heróis que realmente lutaram pela pátria são aqueles que perderam suas vidas ao entregar-se na defesa dos direitos políticos do povo brasileiro. 

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Neste 31 de março de 2022 elevo meu profundo reconhecimento e gratidão a todos(as) que pereceram na difícil criação das condições estruturais de um país melhor e mais justo, assim como compartilho meus sentimentos com seus familiares ao celebrar a memória de cada um destes honrados concidadãos que sempre orgulharão o país com a sua entrega existencial. Honro aqui memória de todos(as) por suas lutas, por suas vidas, pelo empenho na concretização de mudanças estruturais. Hoje a mais digna honraria a memória dos que tiveram suas vidas foram exterminadas é novamente agir intensamente em defesa da recuperação da soberania através de novo governo popular e nacionalista orientado por valores democráticos e igualitários. “Viva a liberdade, viva o povo brasileiro! Ditadores nunca mais!

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