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Marcelo Moraes Caetano

Psicanalista, doutor em Letras, professor adjunto na UERJ. Autor de mais de 50 livros publicados no Brasil e no exterior

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7 de setembro: Bannon, Trump, Rainha Elizabeth e a decadência mundial do clã Bolsonaro

O mundo derrubando normoses de forma tão estrepitosa e tão rápida é uma novidade dos dias contemporâneos

Michelle, Jair Bolsonaro e Silas Malafaia (Foto: Reprodução/Twitter)
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Tudo parecia perfeito no 7 de setembro de 2022, que Bolsonaro criou para si próprio. Parte substancial da sua bolha compareceu a Brasília e a Copacabana. Eu moro na Avenida Atlântica, e não vi, nem aqui nem nos arredores, UMA ÚNICA PESSOA que fugisse do perfil exato, sem tirar nem pôr, da bolha e do cercadinho bolsonarista. “Mas compareceram milhares de pessoas”, dirão os asseclas. É claro que seu cercadinho contém milhares de pessoas, então o fato de haver milhares de pessoas no cercadinho improvisado em que ele transformou a Avenida Atlântica não tem nada de notável nem de se comemorar por parte do atual presidente. E ele SABE disso.

Ele concentrou sua presença num único lugar – o Rio de Janeiro, a Avenida Atlântica – às vésperas de um feriadão em que a cidade estava lotada para o Rock In Rio. Aliás, se houve um dia de 7 de setembro para venerar a doença bolsonarista, houve quatro dias de Rock In Rio logo em seguida (de 8 a 11 de setembro) para repudiar a doença bolsonarista. E olhem que sequer se trata de um público que possamos chamar exatamente de “popular”, em função dos preços dos ingressos. O que mostra que, mesmo na classe média branca etc. etc. brasileira, Bolsonaro não arregimenta a maioria. Aliás, o coro de “vai tomar no c*” pelo qual o macho imbrochável passou no ambiente ultramacho do estádio do jogo do Flamengo também não deixa muita dúvida sobre o fato de que nem a classe média branca etc. etc. está a seu lado de forma robusta. E ele SABE disso.

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No 7 de setembro na Atlântica, não havia pessoas das favelas nem mesmo indo à praia. Não sei se por medo ou se por postura política mesmo, o esvaziamento TOTAL de qualquer pessoa que não fosse do cercadinho bolsonarista foi algo inacreditável. Em Ipanema, reduto gay internacionalmente conhecido, houve casos registrados em delegacias de gerentes de estabelecimentos que se negaram a servir casais gays. A mentalidade bolsonarista espalha discriminação, preconceito, segregação, ódio às diferenças. 

Parecia mesmo que os não-bolsonaristas estavam num gueto de Varsóvia criado para aquele dia estranho. 

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Mas devo dizer que o clima entre essa parcela bolsonarista que compõe seu cercadinho particular não era exatamente de alegria ou de êxtase. Era um clima tenso,  acuado, ressentido, quase envergonhado. Lembro que no Primeiro de Maio, na mesma Av. Atlântica, o cercadinho de Bolsonaro estava, digamos, “empoderado”. No dia seguinte, em 2 de maio, as ruas viam o avassalador poder destrutivo das hostes bolsonaristas sombreando os recantos. Pessoas imitando armas e fuzis com as mãos acuavam as demais. Gargalhavam de seu “êxito” no dia anterior. Falavam alto e sempre em tom de opressão. Espezinhavam quem parecesse, mesmo de longe, diferente de suas opiniões. Mas no 7 de setembro, ou no dia seguinte, tudo estava completamente esvaziado. Era como se um surto tivesse passado e sido erradicado sem deixar marcas.

A representatividade e a pluralidade do Brasil foi anulada nas ruas do 7 de setembro “de” Bolsonaro. Quem conhece o Rio sabe quão artificial eram aqueles representantes bolsonaristas. Quem conhece o Rio sabe como as praias do Leme ao Pontal são repletas de todos os ritmos, de todas as cores, de todas as gamas, de todos os matizes. Sabe como a Lapa faz desfilar em suas ruas o playboy, mauricinho com sua patricinha, e os gays (aliás, em número muito maior) em toda a diversidade carnavalizante que os caracteriza. 

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Tudo isso estava cuidadosamente extirpado da Atlântica do 7 de setembro. Nada poderia ser mais artificial e menos recriador do Rio de Janeiro verdadeiro. E Bolsonaro SABE disso. Zero de diversidade, parecia que o Brasil era o maior país do mundo exclusivamente composto pelas classes média (e, nesse caso, medíocre) branca, heteronormativa, frustrada em algum grau com algo que descontam na capacidade cultural pluralíssima do Brasil, que os ofende por incluir o povo, algo que todo bolsonarista abomina. Pessoas visivelmente sem nenhuma consciência social de empatia e fraternidade, com ódio a quem ousasse se “desviar” de qualquer item que fosse desse checklist de raça puríssima (a pureza platônica de que tanto falo e em cujos estudos me debruço) que eles pensam que é o retrato do Brasil. Era uma verdadeira celebração à supremacia classista das capitanias hereditárias e dos feudos brasileiros. Um culto mefistofélico àqueles que se julgam donos do poder. Bolsonaro estava cercado EXCLUSIVAMENTE de SEUS “iguais”. Nada deixaria seu ego enfermo mais compensado.

Já no dia 8 de setembro, o Rio voltou a ser o que é. Indo ao Rock, lotando a Lapa e todas as ruas da zona sul e dos subúrbios, lá estavam os brasileiros e brasileiras DE VERDADE. Parecia ressoar como trilha sonora a estrofe de “Podres  poderes”, do Caetano, que canta: “Enquanto os homens exercemSeus podres poderes / Índios e padres e bichas / Negros e mulheresE adolescentes / Fazem o carnaval”.

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A Copacabana que conhecemos parecia desprezar, sorridente, como uma mulher negra e forte, uma verdadeira Ialorixá poderosa, toda aquela artificialidade que ela permitiu que a visitasse um dia antes. Essa Mãe de Santo negra e poderosa, que a Copacabana verdadeira é, refletiu o Carnaval da Marquês de Sapucaí de alguns meses antes, em que a quase totalidade dos desfiles de 2022 no sambódromo do Rio de Janeiro era EXCLUSIVAMENTE sobre os cultos afro-brasileiros, que representam nossa diversidade e inclusividade (que tanto ofendem os bolsonaristas). A própria Escola de Samba vencedora trouxe um tema inédito, o culto ao Orixá Exu, que nunca havia sido protagonista na história dos Carnavais cariocas.  

É claro que a ausência de qualquer autoridade de outros poderes em “suas” comemorações particulares de 7 de setembro já haviam comprovado um Bolsonaro isolado, que não vai contar com o auxílio de nenhuma instituição para tentar dar seu golpe à moda de Trump. Que aliás, tem seus dias contados. Bannon que o diga!

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Diga-se de passagem, no dia 21 setembro, Donald Trump e seus filhos são indiciados nem Nova York por fraude. Quando Bannon foi pego, eu liguei o cronômetro, pois sabia que em questão de dias seria a vez de Trump. 

Bingo! 

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Trump e seu clã entraram na mira. A mentalidade de clã que mobiliza essas pessoas é realmente algo a ser muito considerado. Escrevi sobre isso em meu livro “Platão e Aristóteles na terra do sol: as vertigens de um conservador reacionário brasileiro”, como parte do meu pós-doutorado na Universidade de Copenhague, Dinamarca. O clã, a família como centro da “política”, é uma forma anterior ao estágio civilizatório, e que foi reavivada no feudalismo. E Trump é bastante feudal em sua forma de enxergar o próprio capitalismo.

O Brasil profundo, herdeiro das capitanias hereditárias, nada mais é do que um legatário do feudalismo. Bolsonaro alimenta seu clã de forma tão despudorada (mas ao mesmo tempo tão confortável) porque conta com a concordância tácita de parte da população brasileira.  

Mas voltando ao 7 de setembro, parecia uma tentativa de encarnar o senhor feudal e derramar seu discurso a seus vassalos. Havia muita compensação ao ego de Bolsonaro e dos bolsonaristas. Essa gente não tem felicidade, só tem compensação, o que é muito diferente. 

Ele chega da forma como mais gosta na Atlântica. Montado sobre uma moto, pernas abertas sobre o motor fumegando embaixo dele, com homens por todos os lados ao seu redor, na frente, atrás. Ali ele parecia comprovar (para si mesmo?) a virilidade frágil que ele tentou esconder horas antes em Brasília, quando tentou puxar o grito de “imbrochável” para a multidão referir-se a ele. Grito que nem a multidão de seu cercadinho conseguiu ecoar, constrangida após aquele beijo estranho e sem nenhum conhecimento de causa que Bolsonaro tentou emplacar em sua mulher; que, aliás, virou a cara com uma expressão que só pode ser sintetizada como repulsa. As imagens estão aí para me desmentir ou confirmar.

Tudo parecia perfeito para o macho “imbrochável”. O culto à sua virilidade no templo exclusivo de seus seguidores. No 7 de setembro, não houve sequer menção a palavras como “independência” ou, pasmem, “bicentenário”. Nada. Tudo era sobre ele, Bolsonaro, e variações sobre o tema de sua virilidade frágil. Falou de “meter bala”, falou de “morte”, falou de coisas de macho...

PORÉM... não sei se Bolsonaro teve muito tempo para comemorar o “seu” 7 de setembro privado. 

Não podemos esquecer que os seguidores mais fiéis a Bolsonaro creem, na esquizofrenia que não deixa de apresentar traços em suas personalidades, que os problemas do Brasil são falta de um deus que eles criaram, de uma família que eles criaram, de um armamentismo que já mostrou seu lado decadente nos Estados Unidos. 

Seus seguidores de raiz não enxergam problemas sociais no Brasil. Tudo para eles é metafísico, genérico, abstrato – platônico. É o “isso tudo que está aí” que seu líder tanto menciona. São as famosas “fraudes” eleitorais de 2018 que seu líder sempre cita sem nunca trazer uma única prova. É a “luta do bem contra o mal” que Bolsonaro, constrangedoramente, gritou na Atlântica no 7 de setembro. Um 7 de setembro dos mais estranhos. Brazilian horror story... 

Não há problemas sociais no Brasil dessa gente acuada que idolatra Bolsonaro, vendo nele o retrato de si próprias. Até porque, para eles, os problemas sociais seriam facilmente resolvidos com a mera manutenção da classe média branca heteronormativa cristã. E seus “desviados” confinados em guetos. Exatamente como foi o culto do 7 de setembro “DE” Bolsonaro. Bolsonaro aproveitou para firmar esse ponto, ao dizer que a “esquerda” deve ser “extirpada” do Brasil. Para essa gente, toda solução é muito simples: basta matar, “extirpar” as diferenças e complexidades sociais. O resto, como eles adoram gritar, é “mimimi, frescura, vitimismo”. Homens imbrocháveis, mesmo que não consigam beijar suas próprias esposas sem que elas os repudiem, não têm tempo para as futilidades do povo herege. É tudo muito ligado à estética do fundamentalismo e fanatismo religioso, e não é à toa. 

Pessoas que criam culto às suas personalidades são exemplos perigosos na história. Líderes “religiosos” (as aspas são porque essas “religiões” não têm nada de teológicas) como Jim Jones, Charles Manson e Warren Jeffs fizeram com que pessoas aparentemente comuns, medíocres e com algum senso aparente de civilização cometessem assassinatos de crianças, suicídios em massa (como fez Jones), assassinatos brutais de pessoas famosas para culpar os negros (como fez Manson). Fizeram com que mulheres aceitassem “com doçura” ser estupradas (“keep sweet” era o lema da igreja de Warren Jeffs) e abrissem mão de seus filhos que não o fossem do líder da seita. 

Todos estes são atos que só parecem ter uma explicação: quando se aceita participar irracionalmente de um gado, qualquer que seja, todo pensamento se vê esmagado pela média do gado. É a normose nas suas últimas consequências de loucura, que vai além do parentesco com uma neurose de base social e entra com força sobre o campo da psicose de base social. Uma esquizofrenia social, algo de que a normose é capaz, quando manipulada por algum tempo por lideranças como Olavo de Carvalho e Steve Bannon.

É preciso entender muito mais do que Bolsonaro daqui para a frente. É preciso entender as raízes “ideológicas” platônicas que acenderam no povo brasileiro essa face tão sombria. Para isso é preciso entender muito mais do que Bolsonaro: é preciso ir a Olavo de Carvalho e a todos os que influenciaram o guru do clã. O bolsolavismo precisa ser estudado. Faço isso como parte de minhas pesquisas em pós-doutorado na Universidade de Copenhague, Dinamarca.

Cheguei aonde queria. Bolsonaro não teve muito a celebrar com “seu” 7 de setembro em que ele promoveu um culto para a seita que o venera como um “escolhido” do deus belicoso, armado até os dentes que eles inventaram para encaixar Bolsonaro. 

É que no 8 de setembro, “the day after”, Steve Bannon, seu último mestre “espiritual” de peso precisou se entregar à polícia estadunidense por lavagem de dinheiro. Ou seja: por corrupção. Além de conspiração. Bolsonaro perde seus derradeiros tentáculos nos Estados Unidos. E o amor de sua vida, Donald Trump (não sou eu que digo isso, ele próprio disse “I love you” para o Trump), está por um triz para ser abocanhado pelo anglo-saxônico direito (um direito mais “vingativo” do que o “restaurador” direito romano que nos serve de base) que paira sobre as leis do sistema judiciário estadunidense. 

Dias depois, como era de se prever, Trump se vê enredado de vez mas tramas da justiça estadunidense. 

Imagino que toda a gleba que Bolsonaro enviou aos Estados Unidos partindo de sua colheita escorraçada no Brasil, a “ala ideológica” que Bolsonaro fazia pousar com acolhimento maternal na pátria do Tio Sam, imagino que esses foragidos nos Estados Unidos estejam se tremendo todos, porque sabem que, sem Steve Bannon (e provavelmente sem Trump no futuro), se apresenta a eles o começo do fim de seus dias de farra na Disneylândia que Paulo Guedes finalmente conseguiu fechar hermeticamente a todas as empregadas domésticas brasileiras – e à maioria dos brasileiros e brasileiras. 

A prisão de Bannon teria sido ofuscada pela morte da rainha Elizabeth do Reino Unido, cabeça da última monarquia imperialista do planeta, que deixou atrás de si todo o lastro para os Estados Unidos passarem da “política da boa vizinhança” para a “política do imperialismo e extermínio”. (Bem, ainda temos a Bélgica com uma monarquia que não é das que mais suscitam orgulho aos belgas, com lembrança de Leopoldo II bem aqui perto, cujas estátuas têm sido retiradas da Valônia e da Flandres belgas ruidosamente.) 

Na verdade, o que acho que a morte da rainha realmente ofuscou foi o 7 de setembro “de” Bolsonaro. A comemoração já nasceu morta, sabemos, mas as pompas e circunstâncias do velório da soberana do império britânico apagou de vez qualquer matiz da fraqueza que aquele 7 de setembro conseguiu evidenciar. 

A morte da soberana do império britânico, sucedida pela coroação de seu filho apatetado, a prisão de Steve Bannon, o enredamento de Donald Trump nas malhas da lei: os ares dos tempos estão definitivamente mudando. Como eu sempre digo, normoses caem por terra mais cedo ou mais tarde. 

O mundo derrubando normoses de forma tão estrepitosa e tão rápida é uma novidade dos dias contemporâneos. Toda a releitura que se fez de Freud precisa, agora, inserir esse elemento entre suas análises. Lacan, Deleuze, Guattari, Bauman, Zizek, Élisabeth Roudinesco, Julia Kristeva, Judith Butler precisam ser relidos, de agora em diante, com o olhar de como as normoses estão derretendo de modo muito mais rápido. O “tudo o que é sólido se desmancha no ar” nunca foi tão rápido no mundo. 

Uma antiga hierarquia normótica vai se derretendo diante de um Bolsonaro e de bolsonaristas que, mesmo que inconscientemente, SABEM disso. Num só dia. Bannon foi preso e a última grande simbologia do imperialismo britânico-estadunidense morreu. Depois, Trump e seu clã são agarrados.

E ninguém menos que a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, mulher negra do 13 de agosto, casada com outra mulher, veio a público dizer que os Estados Unidos estão observando as eleições brasileiras. Impossível haver um recado mais transparente. E Bolsonaro SABE disso. É sempre um enorme alento testemunhar as normoses se despedaçando de forma tão rápida. 

Antes disso, é claro que Bolsonaro já havia perdido seus dois braços com a morte de Olavo de Carvalho. Aliás, Olavo de Carvalho era um discípulo fidelíssimo deste que vai preso por corrupção e conspiração nos Estados Unidos, Steve Bannon. Com a prisão de Steve Bannon, as duas pernas foram tiradas, agora, de Bolsonaro. Seu estrategista “intelectual”, que alimentava o que ele chamava de “ala ideológica”, foi desmascarado publicamente. Que coincidência ter sido no dia seguinte do show de horrores do 7 de setembro “de” Bolsonaro, não?... Sinceramente, não acredito em coincidências. 

O 7 de setembro privado que Bolsonaro tentou forjar, como sabemos, foi de uma obediência castiça à gramática e à cartilha de bê-á-bá de Steve Bannon. Por sinal, o Steve Bannon, ao ser preso por corrupção, disse palavras elogiosas sobre Bolsonaro e, afundado em sua imoralidade, depreciativas sobre Lula. 

Eles SABEM que Lula não deve absolutamente nada à justiça. O fato de ter estado preso foi uma atitude política das mais vergonhosas à história brasileira, cometida por um ex-juiz que, assim que prendeu Lula e permitiu que Bolsonaro vencesse aquela eleição de 2018, deixou seu cargo de juiz para se tornar o ministro daquele que ele permitiu que fosse eleito naquele passado fatídico. E, a partir desse cargo de ministro, rompeu com seu chefinho para aventurar-se a ares maiores, como presidenciável, o que ao mesmo tempo foi frustrante para ele e revelou, de uma vez por todas, a sua índole e quão longe ele foi para, no fundo, promover a si próprio. Sérgio Moro tem uma personalidade tão doentia e de culto ao próprio ego quanto Bolsonaro. E eles SABEM também que, diferentemente de Lula, há uma quantidade imensa de indícios de corrupção sistêmica no clã Bolsonaro, que só aguardam que o líder imbrochável da seita saia do poder para serem investigados. E, muito provavelmente, constatados como realíssimos.

Mas o que importa para essa gente nunca é ter razão. Sempre é atacar quem eles escolhem como “inimigo”. 

Bolsonaro nega que alguma vez na vida tenha ofendido uma mulher (cinco minutos depois de fazê-lo no debate, contra a jornalista Vera Magalhães) e manda que provem com vídeos. São tantos os vídeos que provam isso. E é CLARO que Bolsonaro sabe. Essa gente não se preocupa em ter razão. Bolsonaro negou na ONU que tenha sido avesso às estratégias de enfrentamento à covid-19. O mundo inteiro ficou estupefato com a capacidade de mentir de um chefe de estado, mesmo com todas as provas que o contradigam frontalmente. 

A vergonha a que os brasileiros têm sido reduzidos no mundo inteiro – catalisada por exemplo pelo grupo de bolsonaristas que fizeram um alarde em Londres no velório da rainha para juntar-se a seu chefe feudal – não será alimentada. O mundo nutre um apreço especial pelo Brasil, que foi brutalmente surrado pelo tempo do domínio bolsonarista. Mas nos resta, a partir de um futuro próximo, recomeçar a construir nossa imagem política e diplomática no exterior. 

Precisamos, como Nação e como identidade, fazer com que nossa imagem não seja vinculada à imagem de Bolsonaro e, mais ainda, tampouco à imagem do bolsonarismo. Temos de prestar contas ao mundo. E isso exigirá de nós um trabalho contínuo e muito concreto.

Deixemos as abstrações platônicas para os que escolheram entrar nas normoses de base esquizofrênica, mais do que meramente neurótica. Essas mesmas normoses que desabam como Bannon, rainha Elizabeth, Trump, Bolsonaro – e bolsolavismo. 

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