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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

203 artigos

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A banalidade da morte

Não é um panorama convidativo e não se alinha ao princípio da fraternidade, como sabemos. Seja como for, há novidades no front. A CPI avança e, com ela, a visão em relação à realidade. Pode ser que, através dela, reconheçamos que a morte, transformada em banalidade, é a pior perspectiva.

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Uma das características dos grandes conflitos é difundir a ideia da morte até torná-la corriqueira, banal, como um peixe que se compra no mercado. Em tempos de paz, prevalece a vida, com seus múltiplos encantos, incluindo a alegria e o sentido de fraternidade. 

As artes e as ciências se beneficiam disso. São componentes, um positivo e outro negativo, que se ocultam mutualmente, dependendo do modo como se comportam, para usar um termo freudiano, as compulsões em curso. Isto porque, para um lado ou para o outro, os indícios se anunciam, bastando proceder à leitura de seus diferentes estilos. As últimas eleições para a Presidência, manipuladas como foram, indicaram em seus resultados o desenho da direção que tomávamos. 

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O candidato eleito, imitando Donald Trump, fazia a apologia das armas e do confronto. Ainda não estávamos no meio da epidemia e já se desejava a matança. É outra prática da política, aliás, que certas lideranças imitem outras, cada uma com seu parâmetro, atrás de seu prestígio e de seus admiradores. Agora, no ocaso do negacionismo, o governador do Estado do Rio, Cláudio Castro, o mesmo que autorizou a polícia em sua ação na favela do Jacarezinho, anuncia, como plataforma eleitoral, sua disposição de levar adiante as chacinas na política no enfrentamento “com os bandidos”. Ele crê que a população gosta e aplaude. Não faz a besteira cometida pelo seu antecessor, de “brigar” com Bolsonaro.

Este último, até parou de alardear o uso das metralhadoras, diante do morticínio na sua política de saúde pública. Na manifestação deste último sábado, dia 29 de maio, na Av. Paulista, em São Paulo, Guilherme Boulos homenageou os mortos da Covid-19, alcançando então os 450 mil, quantidade aterradora só comparável aos grandes conflitos. No restante do país, a situação se repetiu, transformando-se num clamor de oposição. 

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O povo não é bobo. Pode se deixar enganar por um tempo. De repente, desperta da letargia e entende para onde se encaminham os seus interesses. O passeio de motocicleta pelas ruas do Rio, em companhia de Eduardo Pazuello – e suas consequências -, provou a tolice da estratégia.

 Agora, deve enfrentar uma crise junto ao alto Comando do Exército, uma vez que infringiram normas explícitas no regulamento, segundo as quais a gente da ativa não é dada a liberdade de participar de atos políticos. O general de três estrelas sabia disso e, com o aval da presidência, resolveu se arriscar. 

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A opinião pública se surpreende, mas logo entenderá que, enfim, tudo se encaixa na mesma ideologia, a do princípio da autoridade, da arrogância e da mortandade explícita por irresponsabilidade e incompetência.  Logo, pelo visto, teremos novas chacinas na disputa “com os bandidos”, em ações sem controle e sem inteligência da polícia, comandadas por Cláudio Castro, até então um inexpressivo, posto no cargo sem voto. 

Não é um panorama convidativo e não se alinha ao princípio da fraternidade, como sabemos. Seja como for, há novidades no front. A CPI avança e, com ela, a visão em relação à realidade. Pode ser que, através dela, reconheçamos que a morte, transformada em banalidade, é a pior perspectiva.

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