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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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A corrupção segundo GH

"Grande dia!", escreve Denise Assis

Gabriela Hardt (Foto: Enéas Gomez/Divulgação)
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E assim se passaram dez anos... Quem diria que a cruzada pela moralidade - aplaudida de Norte a Sul - iria terminar em clima de bolero démodé. Agora que as manobras financeiras pró equipe da Lava-Jato ficaram escancaradas, agora, quando se sabe que o que sempre dissemos bate com as investigações da equipe do juiz Luiz Alfredo Salomão, agora que não dá mais para escamotear, aconselho aos nobres colegas viúvos da Operação a comprarem caixinhas de lenço de papel. Terão muito o que chorar e suspirar pelos cantos.

Hoje, no glorioso 15 de abril de 2024, ficamos sabendo que o corregedor nacional de Justiça, o juiz Luiz Alfredo Salomão, decidiu afastar a juíza Gabriela Hardt, sucessora de Sérgio Moro da 13° Vara em Curitiba, e três desembargadores do TRF-4, por irregularidades na gestão dos recursos gerados por acordos de leniência. 

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Sabem o nome disso? “Corrupção”. Sim, aquela prática, em nome da qual ela e sua turma solaparam 4,4 milhões de empregos do país, levaram pessoas ao suicídio, arruinaram todo um parque de engenharia internacionalmente conhecido pela excelência de suas construtoras e fizeram o Brasil perder US$ 172 bilhões em investimentos internacionais, segundo estudos do Dieese. 

E, pior, jogaram no lixo 54 milhões de votos democraticamente obtidos por Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar a presidência de um país machista, elitista e conservador. Isto, para não pesar a mão nos adjetivos, pois precisarei deles mais adiante. (A turminha do lencinho de papel vai gritar: era incompetente! E eu responderei que podemos conversar a respeito, pois há muito a ser estudado sobre as sabotagens do período). Mas não vamos nos desviar.

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Desassossegaram famílias, promoveram brigas entre pais e filhos endinheirados ou nem tanto. Levaram à morte D. Marisa Letícia, Marco Aurélio Garcia e outros cujos nomes nem chegaram a nós. Disseminaram a depressão e a tristeza. Tudo em nome da moralidade sórdida, vesga, provinciana, de uma equipe comandada por um juiz e um promotor altamente ambiciosos e sem escrúpulos.

A decisão de Luiz Alfredo Salomão se baseia em correição na 13 ° Vara da Justiça Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4° Região - TRF-4.

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As inspeções revelaram articulação prévia com procuradores e deliberações fora dos autos, sem provas, em favor da fundação privada integrada pelos procuradores da Força-Tarefa da Lava-Jato. A decisão, caso prevalecesse, resultaria na transferência de R$ 2 bilhões para a fundação articulada por Deltan Dallagnol.

Presidente do Conselho Nacional de Justiça, o ministro Luís Roberto Barroso havia pautado para esta terça-feira o exame do relatório de correição na 13a Vara da Justiça Federal, de Curitiba, e no TRF-4.  Era um dos últimos itens da pauta. A tendência, pela gravidade das decisões exaradas pelo corregedor nacional de Justiça, é que o exame do caso de Hardt seja tratado como prioridade, subindo na pauta e, dada a urgência e a relevância, fure a fila.

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A esta altura, é preciso recordar que no dia 14 de novembro de 2018, o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sentou-se cordatamente à frente da juíza federal substituta, (que assumiu os processos da Operação Lava Jato após Sergio Moro aceitar um ministério no governo de Bolsonaro), para ser inquirido. Estava ali na condição de réu, no processo que investigava “se o ex-presidente foi beneficiado por meio de reformas realizadas pela Odebrecht, Schahin e OAS em um sítio em Atibaia (SP)”. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), “as obras seriam uma contrapartida a contratos obtidos com a Petrobras de forma fraudulenta”.

A situação, esdrúxula por si mesma, colocava como protagonista uma juíza ácida, agressiva e senhora de si. De posse de todos os adjetivos que prometi acima, ela iniciou assim, a oitiva:

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GH - Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, eu vou chamá-lo de ex-presidente? Você prefere como?

Lula - Doutora, se você puder falar um pouquinho mais alto, para mim seria bom.

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Posso chamá-lo de ex-presidente?

Pode.

GH - O primeiro encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a aconteceu nesta quarta-feira (14). A audiência foi marcada por momentos de tensão e ânimos exaltados.

GH - Então, o senhor sabe do que está sendo acusado nesse processo, não é?

Lula - Não. Não sei. Gostaria de pedir... Se a senhora pudesse me explicar, qual é a acusação?

GH - O senhor tem dois conjuntos de acusação. Os primeiros... A primeira parte da acusação diz respeito à corrupção, que o senhor teria recebido vantagens indevidas da Odebrecht e da OAS, relacionadas aos contratos que elas têm com a Petrobras. E um segundo conjunto de atos, que seriam atos de lavagem de dinheiro relacionados à reforma do sítio em benefício ao senhor e à sua família, que foram feitas, num primeiro momento, pelo Bumlai, num segundo momento, pela Odebrecht e, num terceiro momento, pela OAS. Um resumo muito sintético seria esse.

Lula - Não. Eu imagino que a acusação que pesava sobre mim é que eu era dono de um sítio em Atibaia.

GH - Não, não é isso que acontece. É ser beneficiário de reformas que foram feitas. A acusação passa pela relação de o senhor ser dono do sítio, mas a acusação imputada é de o senhor ser beneficiário das reformas que foram feitas por essas entre essas pessoas que eu lhe falei, Bumlai, Odebrecht e OAS.

Lula - Doutora, eu só queria perguntar, para o meu esclarecimento, porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono do sítio ou não?

GH - Isso é o senhor que tem que responder, doutor, e eu não estou sendo interrogada nesse momento.  

Lula - Quem tem que responder é quem me acusou.

GH - Doutor... Senhor ex-presidente, isso é um interrogatório e, se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema. Então, vamos começar de novo. Eu sou a juíza do caso, eu vou fazer as perguntas que eu preciso para que o caso seja esclarecido, para que eu possa sentenciá-lo, ou algum colega possa sentenciá-lo. Então, num primeiro momento, eu quero dizer que o senhor tem todo o direito de ficar em silêncio, mas nesse momento eu conduzo o ato.

Grande dia! 

Espera-se que ao ser ouvida, em momento próximo, alguém a trate com mais humanidade e urbanidade...

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