A cultura agoniza no Espírito Santo

Um teatro de Vitória, capital do estado, será transformado em depósito de café



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Olá, companheiros e companheiras. Como estão? Seguindo firmes e com sanidade mental nesta pandemia? Hoje quero falar com vocês sobre os dias terríveis que a cultura tem vivido aqui no Espírito Santo. Muita gente não sabe, e por isso espaços como este – democráticos – são importantes para mostrar algumas situações regionais, mas um teatro de Vitória, capital do estado, será transformado em depósito de café. 

É isso mesmo. Um breve histórico para entenderem melhor. Em Vitória há alguns imóveis que pertencem à União. Um deles é chamado de Galpão do IBC. No Galpão são armazenados sacas de café, laboratórios e escritórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O Governo Federal anunciou que os Galpões serão vendidos. Entretanto, era preciso realocar o Conab. E a escolha feita pelo Governo Federal foi transferir as atividades para o Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, o Teatro Carmélia para os capixabas. 

O teatro está abandonado há sete anos. O espaço foi cedido para o Governo do Estado, que instalou a TVE, e para a Prefeitura de Vitória, que ficaria a cargo do teatro. Entretanto, durante todo este tempo, nada foi feito. Imagens feitas por emissoras estaduais mostram que o espaço está completamente abandonado, com materiais e estruturas se perdendo com o passar dos anos. 

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Este é apenas mais um duro golpe para a classe artística do Espírito Santo. Um estado com talentos incríveis, mas que encontra uma dificuldade de ter espaços para apresentações. Na Região Metropolitana são poucos teatros ou centros culturais. No interior, muitos teatros foram destruídos por causa das enchentes do início do ano e, até agora, não foram recuperados. 

Durante a pandemia, o governo do Espírito Santo divulgou que “patrocinaria” 300 projetos culturais, cada um no valor de R$1.200, como forma de ajudar a classe artística. Com quase cinco meses de teatros, circos, cinemas e outros espaços fechados, a sobrevivência dos e das artistas capixabas vem do auxílio emergencial e da esperança dos repasses da Lei Aldir Blanc. 

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O governo estadual até permite que aconteçam apresentações em “drive-in”. Entretanto, para os atores e atrizes de teatro, o retorno é pequeno, já que é necessário uma série de regras – corretas – para se fazer a apresentação, como frequência de rádio para ouvir a apresentação de dentro dos carros; distanciamento social durante a encenação; disponibilização de álcool em gel; limite de carros, entre outros pontos. 

A entrega do Teatro Carmélia, que tem um espaço grande e é bem localizado, para se transformar em depósito de café, mostra como a cultura é vista no país. Agora, os governos estadual e municipal vão responsabilizar o Governo Federal. Contudo, ambos têm responsabilidades no sucateamento da cultura no estado. É praticamente impossível sobreviver da cultura e fazer um grande trabalho, pois não há estrutura e apoio dos entes públicos. 

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Na Grande Vitória, que compreende quatro cidades, com quase 2 milhões de habitantes, há menos de 10 espaços culturais que podem ser usados para apresentações. É um número muito pequeno para uma área que gera um impacto social tão grande.

Para lutar contra este retrocesso é preciso que a classe artística se desfaça, por um momento, do ego pessoal de cada um, e se mobilize. Que levante a discussão, que se una em torno de um objetivo em comum: resgatar a cultura capixaba. Isso se passa em negociar no Legislativo e no Executivo tanto dos municípios, quanto do estado. 

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É pensar em projetos de lei; em projetos junto a escolas e comunidades; em levar a cultura para mais próximo do povo; em buscar homenagear os grandes artistas capixabas; em fiscalizar o dinheiro destinado para as secretarias municipais e estadual de cultura; em cobrar projetos que beneficiem o setor, em mobilizar a opinião pública contra o arrocho e a destruição dos espaços culturais no estado.

O que não pode é ficar calado diante da entrega de um patrimônio cultural da magnitude do Carmélia. Se não houver resistência, os próximos espaços serão entregues assim.... num estalar de dedos. 

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