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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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A demissão do ministro da Defesa e os sonhos golpistas do presidente

"Uma coisa é certa. Está mais que na hora de as Forças Armadas dizerem, em português claro, se estão ou não com o presidente da República em seus planos paralelos e suspeitos para o Brasil", escreve o jornalista Gilvandro Filho

Jair Bolsonaro e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Por Gilvandro Filho, do Jornalistas pela Democracia 

Ao demitir o seu ministro da Defesa, o general de Exército Fernando Azevedo e Silva, responsável pela coordenação institucional das Forças Armadas, o tenente reformado que hoje ocupa a presidência da República, Jair Bolsonaro, abre uma avenida para especulação sobre o futuro da democracia brasileira. Belicista e intervencionista por vocação, o presidente vem, há algum tempo, ensaiando uma reação dura contra o avanço da oposição ao seu confuso governo. Em todas as ameaças à Democracia brasileira, veladas ou claras, ele tem invocado o nome das Forças Armadas como suporte político a empreitada tão pesada e de consequências imprevisíveis.

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A carta de demissão que o general se apressou a divulgar assim que soube da intenção do presidente de defenestrá-lo tem um trecho sugestivo. “Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”, afirma o general, a respeito de sua atuação na Defesa, deixando no ar que alguém queria o contrário. “Saio na certeza da missão cumprida”, assinala, fechando a nota e o assunto. Recado dado?

Não foi uma, nem duas, nem três vezes que o presidente da República ameaçou a Democracia do Brasil, sempre chamando à baila o Exército, a Marinha ou a Aeronáutica. Isto ocorreu, até mesmo, na frente do Quertel-general do Exército, em Brasília, no fecho de uma extemporânea carreata. Foi em 19 de abril de 2020 e o presidente prometeu: “Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder”. Aos que a turba, ensandecida, respondia: “AI-5”, “Fecha o Congresso” e “Fecha o STF”, dizeres fora da lei, de acordo com a Constituição de 1988.

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Semana passada, depois de pedir, sem sucesso, ao SFT poderes para desmoralizar os governadores e prefeitos, na guerra à Covid-19 que vem perdendo de maneira inapelável, voltou a fazer bravata com o quepe alheio. “Pode ter certeza, o nosso Exército é o verde oliva e é vocês também. Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade”, discursou para gáudio da fanática plateia.

No último sábado, ao fazer uma de suas rotineiras visitas a apoiadores, no cercadinho próximo ao Planalto, Bolsonaro ouviu de um eleitor queixas do governo de São Paulo, particularmente das medidas restritivas no combate à pandemia. A sua turma o presidente voltou a acarinhar e sapecou: “Tenham calma. Está chegando ao fim”. O que? As quarentenas e lockdowns? A autonomia dos governadores? O governo Dória, em São Paulo? A Democracia?

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Para quem teve, nos últimos dias, com a expressão “estado de sítio” tão facilmente na boca, a fixação em envolver as Forças Armadas em suas concepções de modelo ideal de poder é para criar pulgas atrás da orelha. O Exercito, sobretudo, como instituição, apresenta resistências a essa mistura de caserna a política. Vide o comandante do Exército, general Pujol, aquele que irritou o presidente numa solenidade, quando à sua mão estendida, recebeu o cotovelo do general. Malgrado, naturalmente, focos irascíveis feito os militares do governo e os membros do vetusto Clube Militar.

Uma coisa é certa. Está mais que na hora de as Forças Armadas dizerem, em português claro, se estão ou não com o presidente da República em seus planos paralelos e suspeitos para o Brasil.

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