A diferença entre Moro e Lewandowski
"O Merval produziu uma tese que revira o estômago de qualquer ser vivente. E nem acredito que foi por canalhice; foi por burrice mesmo", diz Eduardo Guimarães
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Após a nomeação do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça, a direita de banho tomado e a direita canibal e bolsonazista decidiram compor, a quatro patas, uma peça de sem-vergonhice, caradurismo e burrice. Tudo junto e misturado.
Ao lado de portentos da lógica, da erudição e da seriedade como o deputado da peruca, o tal "Nicole", o "imortal" Merval Pereira enveredou por essa gracinha retórica que só tem graça por demonstrar que não é preciso ostentar neurônios para chegar à ABL.
A tese dessas duas faces da mesma moeda é a seguinte: como Lula aceitou Marta Suplicy após ela votar a favor do impeachment de Dilma, então a ex-presidente não sofreu golpe mesmo que a própria mídia que emprega Merval reconheça que ela não pedalou e que foi cassada "pelo conjunto da obra", como se vivêssemos em um sistema de governo parlamentar.
E quem diz isso não é este que escreve, mas a empresa que emprega o colunista "imortal" de O Globo. Matéria do Jornal Nacional publicada em 27 de junho de 2016 tem o seguinte título:
"Perícia conclui que Dilma não participou de pedaladas fiscais"
E já que citamos uma matéria dos pró-impeachment, citemos outra em sentido contrário, de uma miríade de juristas anti-impeachment, publicada no site do Senado Federal em 3 de maio de 2016 sob o seguinte título:
"Presidente Dilma não cometeu qualquer crime que justifique o impeachment, afirmam juristas"
Mas o objeto principal destas enojadas linhas é outro. É que o Merval produziu uma tese que revira o estômago de qualquer ser vivente. E nem acredito que foi por canalhice; foi por burrice mesmo. Do contrário, não atentaria contra a própria imagem ao escrever o que vai abaixo:
"A acusação de que o então juiz Sergio Moro, ao aceitar ser ministro da Justiça de Bolsonaro, revelou sua intenção de impedir que Lula o vencesse na disputa presidencial que Bolsonaro ganhou em 2018 é tão frágil que se voltou contra o próprio partido na escolha de Lewandowski para o mesmo Ministério da Justiça, depois de ter se aposentado do Supremo. O convite do presidente Lula seria uma retribuição a Lewandowski, a quem já classificou de um companheiro leal? Qual a diferença entre um juiz assumir o ministério da Justiça, e um ministro aposentado do Supremo, que tem um histórico de votos a favor de Lula, assumir o mesmo ministério?"
Vamos às diferenças:
1 - Lewandowski não deixou o STF para entrar no governo Lula, como Moro; ele se aposentou.
2 - Lula não precisaria retribuir nada a Lewandowski, que não teve absolutamente nenhuma responsabilidade pessoal por Lula ter vencido a eleição e, muito menos, por ter recuperado seus direitos políticos. Quem devolveu os direitos políticos de Lula foram Edson Fachin -- que não atendeu nenhum dos pleitos de Lula enquanto este estava preso -- e o Plenário do Supremo, por 7 a 4, devido à suspeição de Moro para julgar o petista.
3 - A Organização das Nações Unidas REFERENDOU a tese de Lula de que Moro perpetrou fraude processual contra si.
4 - Bolsonaro dificilmente teria sido eleito se Sergio Moro não o tivesse tirado da disputa eleitoral de 2018, enquanto que a responsabilidade de Lewandowski por Lula ter recuperado os direitos políticos é microscópica e por ele ter sido re-reeleito presidente é ZERO vezes ZERO!
Uma curiosidade: a mídia que hostiliza Lula por dizer que a mulher que ele indicou para presidente sofreu um golpe parlamentar é a mesma que o critica dia sim, outro também por não ter nomeado uma mulher para o STF -- Presidência não serve, tem que ser o STF.
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