CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Igor Corrêa Pereira avatar

Igor Corrêa Pereira

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

60 artigos

blog

A dívida de Carina é o lucro de Paulo Guedes

O inferno vivido por Carina é o paraíso de Paulo Guedes, de seu banco BTG Pactual, e de todo o sistema financeiro. A dívida de Carina é o lucro de Paulo Guedes e de todos os bancos. O Brasil pratica juros extorsivos como em nenhum lugar do planeta.

Ministro da Economia, Paulo Guedes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Hoje vou contar a história de Carina. Ela é mãe de dois filhos, a Djulia que está com quinze anos e o Matheus que tem dez. Ela cuida dos filhos sozinha, já que o marido se separou e hoje mora com outra família. Carina não tem medo do trabalho, já fez um monte de coisas, ultimamente tem feito serviços gerais como diarista em diversas residências. Com a pandemia, o trabalho está mais escasso e ela vai levando com a ajuda precária do auxílio emergencial. 

Carina fez questão de comprar uma geladeira boa, porque quis ter esse conforto pelo menos depois de muito passar perrengue na vida. Parcelou em muitas vezes, e o que custava mil e duzentos pulou para dois mil e tantos reais. Quando apertou a crise e diminuiu os serviços, ela  foi deixando de pagar a prestação. Os meses sem pagar aumentaram sua dívida, e hoje Carina já deve mais de oito mil reais para o banco. A maior parte dessa dívida é de juros. A dívida de Carina já é praticamente impagável. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Essa história é fictícia, mas é muito semelhante ao drama vivido por 66% dos brasileiros. Mesmo antes da pandemia, já vivíamos uma situação recorde do endividamento das famílias, aumentando, dentre esses endividados, o número de muito endividados. Com a pandemia, a situação se agrava, o governo precisa fazer algo. E realmente faz. O ministro da economia Paulo Guedes decidiu fazer o que? Ao que tudo indica, se aproveitar da situação para enriquecer. 

Uma operação inédita do Banco do Brasil vendeu a preço de banana uma carteira de crédito ao BTG Pactual, banco criado por Paulo Guedes, segundo matéria do jornalista Dacio Malta. A carteira possuía o que os economistas chamam de "títulos podres" que são dívidas impagáveis como as que narrei de minha personagem Carina. O leitor distraído pode pensar que uma dívida impagável como a de Carina é uma coisa ruim, e que foi bom mesmo o Banco do Brasil ter vendido esses títulos podres. Só que não, caro leitor.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Se  um Banco pode comprar uma dívida como a de Carina por supostamente mil reais, ela pode ligar para Carina e propor a ela renegociar uma dívida de 8 mil reais reduzindo para dois mil reais parcelado em dez vezes de duzentos. Carina ficará feliz, pois terá um desconto. E o banco lucrará 100% numa única operação. Agora calcule o que o Banco irá ganhar comprando 130 milhões de reais em dívidas que custariam na verdade três bilhões de reais. Não é só um negócio lucrativo. É um roubo. Sobretudo quando o beneficiado é o banco do ministro da economia do governo federal.

O inferno vivido por Carina é o paraíso de Paulo Guedes, de seu banco BTG Pactual, e de todo o sistema financeiro. A dívida de Carina é o lucro de Paulo Guedes e de todos os bancos. O Brasil pratica juros extorsivos como em nenhum lugar do planeta. Tanto que o economista Mauricio Gutemberg comparou as taxas praticadas por bancos e financeiras ao sistema de agiotagem. Ou seja, é um crime com a conivência do Banco Central, e agora sabemos, com o enriquecimento pessoal do homem da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

São as milhões de Carinas, Eduardas, Sérgios, as milhões de famílias hoje endividadas, que realmente importam e fazem o Brasil acontecer. Renegociar essas dívidas como política de reaquecimento da economia e não como parte de uma estratégia de enriquecimento pessoal, deveria ser parte de um projeto de retomada do crescimento. 

Ao invés dessa operação para lá de suspeita do Banco do Brasil com a BTG Pactual, o ministro da economia deveria estar junto ao Banco Central coordenando um esforço que envolvesse todos os bancos no refinanciamento das dívidas da população. As grandes empresas e empresários tem essa ajuda toda a hora. O governo já gastou bilhões para perdoar a dívida de empresas e empresários com a Receita Federal e a Previdência, por meio do Refinanciamento de Dívidas Fiscais (Refis). Por que não fazer com as pessoas físicas? 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O Congresso Nacional já impôs derrotas ao governo em outros momentos. Foi assim com o auxílio emergencial, que Paulo Guedes não queria e acabou engolindo goela abaixo. Foi assim com o FUNDEB, que o governo não queria e acabou engolindo.  É hora de colocar via Congresso a pauta de refinanciar o endividamento da população, como estratégia de enfrentamento aos impactos da depressão econômica. 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO