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Cristiano Addario de Abreu

Doutor do Programa de Pós-graduação de História Econômica/USP (PPGHE/USP).

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A educação paulista sob o bolsonarismo: pra que lado fica a “Estação Finlândia”?

Veremos como se encaminhará o projeto de destruição da Educação paulista em curso, sob as patas do bolsonarismo discreto do carioca Tarcísio

(Foto: Reuters)
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 Este artigo trata da calamidade que está o sistema de educação, e de  atribuição de aulas, dos professores do estado de São Paulo em 2023. Não que antes também não fosse um tanto terrível tal processo, mas o colapso que se faz em 2023 é uma vitória bizarra para a destruição da educação, alcançada sob o bolsonarista Tarcísio de Freitas no governo paulista.

 Aos que buscam no presente texto referências ao maravilhoso livro já clássico de Edmund Wilson, “Rumo à estação Finlândia”, temo decepcionar o público, avisando que a referência que aqui se faz é apenas à educação da Finlândia, como um caso exemplar sempre repetido, sendo então uma brincadeira com o título do livro de Wilson. Pois é recorrente em fóruns e publicações sobre educação a indicação idealizada da Finlândia como modelo de educação para tudo e todos. Até na série catalã da Netflix, Merlí, sobre um rebelde professor de filosofia, entre as várias piadas pan-europeias da série, existe a reincidente brincadeira entre os professores de que para valorizar qualquer proposta educacional, basta dizer que na Finlândia se faz assim...

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 Pois bem, justamente procurando ver como é na Finlândia, que vi que existe lá a política de estímulo para que o que o mesmo professor atravesse o máximo de tempo possível com os mesmos alunos em seus anos escolares. Para assim criar vínculos intelectuais e existenciais, com acúmulo de trabalho ao longo do tempo, para as melhorias necessárias. Eis o exemplo da tão elogiada educação da Finlândia.

 Já em São Paulo, em 2023, a atribuição dos professores da chamada “categoria O”, que são os docentes contratados e não concursados, já configura um campo de tortura. Pois não é que os professores não conhecem os alunos por uma boa somatória de tempo trabalhando com as mesmas turmas, mas os professores por vezes não conhecem os bairros onde conseguirão aulas: pois foi posto um sistema de atribuição em que os professores precisam, a cada ano, buscar aulas aonde for, pois o tempo de serviço foi secundarizado em benefício dos professores que aceitam carga máxima. Quebrando assim com a hierarquia do tempo para a prioridade na atribuição de aulas. Os professores dessa categoria, que são mais de 50% de todos os docentes, precisam a cada ano descobrir para onde serão arrastados para trabalhar, em escolas diversas e desconhecidas, num carrossel de deslocamento que é o OPOSTO do defendido pela educação da badalada Finlândia. O eixo é forçar uma desconexão profissional, existencial e geográfica, que inviabiliza uma construção educacional sólida.   

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 Com o requinte de tortura de que, para pegar aulas, é preciso pegar carga horária máxima, mas se você colocar tal carga máxima e não conseguir tais aulas, seu contrato é extinto. O que configura um sistema que é, concretamente, um sistema de tortura aos professores dessa categoria “O”. Com desconhecimento se irá conseguir trabalho, ou onde se irá trabalhar.

 O colapso como meta parece muito evidente. E que o bolsonarista Tarcísio de Freitas esteja em busca de um colapso da educação, para seguir o Paraná num processo de privatização da educação, parece ser a escolha óbvia do governador bolsonarista até a eleição e o dia 8 de janeiro.... Mas que do dia 08/01/2023 para cá, sobretudo depois de receber as ajudas federais na tragédia das chuvas do litoral norte, para as quais ele nada fez para prevenir, desde então tal governador bolsonarista tem feito o caminho sonso de fingir se fastar do bolsonarismo, ajudado pela agoridade do presente crônico da mídia: que trata sempre o hoje como um presente eterno, e o ontem como inexistente...

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 Mas se o governador até ontem bolsonarista, e que hoje sonsamente finge que nada tem mais com o golpismo político de seu patrono eleitoral, está agradando a mídia, que vende esse peixe podre de um Tarcísio ex-bolsonarista, é porque ele mantém o mantra PauloGuediano na economia, assim como na educação: a descrita destruição da educação pública é o roteiro da destruição do público para o entregar à iniciativa privada interessada. Nada mais partido Novo, nada mais pauloguediano, nada mais gerontoliberal (neoliberal...).

 Na novilíngua orwelliana, do capitalismo monopolista em que vivemos, tudo o que tem "novo" no nome pode ter certeza: é PATIFARIA. Partido "Novo", neoliberalismo (ou gerontoliberalismo: que é como o chamo) ... E tudo o que se autointitula "Novo”, pode saber: lá vem patifaria, peixe velho e podre, vendido como fresco.  

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 Claro que não poderia ser diferente com o "Novo Ensino Médio"!!!! Uma agenda libertariana, que se apresenta lindamente dinâmica, libertária, que se propõe construtiva, com o protagonismo do estudante... Mas que, obviamente, é uma mudança legal que no papel se apresenta lindamente, mas que na prática é uma PATIFARIA para piorar a Educação.  

 Os alunos não têm base de capacidade de pesquisa, nem de leitura, para assumirem um protagonismo lindo na teoria: é preciso treinar muita leitura e práticas de pesquisa ANTES.  

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 Os professores podem escolher caminhos acadêmicos bem interessante até, mas trabalhando MAIS e ganhando o mesmo para isso (logo, ganhando menos proporcionalmente!).  

 Os currículos permitem sim trabalhos muito interessantes, mas permitem TAMBÉM que se faça qualquer coisa. O que pelas dificuldades de trabalho, sobretudo pela indefinida transição eterna para esse limbo do NOVO ensino médio, na maior parte das escolas públicas do Estado de São Paulo, será provavelmente a REGRA o limbo da indefinição.  

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 A Educação do estado de São Paulo, sob o bolsonarista Tarcísio, caminha para um colapso como projeto: a caótica, esquizofrênica e injusta atribuição de aulas desse 2023 é o aperitivo do projeto de destruição desta turma bolsonarista/pauloguediana para destruírem (MAIS!!!) a Educação pública. Para assim tentarem, na sequência, privatizar a educação estadual, como o Paraná já está fazendo.   

 Na novilígua orwelliana Paz é Guerra, Escravidão é Liberdade... E assim o novo ensino médio é o palavrório lindo para se estraçalhar a educação, e a Estação Finlândia da chegada numa educação finlandesa é conversa furada como miragem: nunca se jogou a educação pública paulista num labirinto tão bizarro e canalha. Parafraseando Caetano Veloso, veremos como se encaminhará o projeto de destruição da Educação paulista em curso, sob as patas do bolsonarismo discreto do carioca Tarcísio, e sob o silêncio sorridente de São Paulo, diante da chacina da sua Educação Pública.

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