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Luiz Henrique Lemos Silveira

Psicólogo e professor universitário

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A eleição para a presidência da República 2018 e o Mito dos Heróis

Nesta eleição de 2018, observamos uma lacuna entre a posição de cidadãos que explicitam seu pensamento de esquerda, isto é, uma tendência a construir uma democracia e de outros que portam uma atitude de extrema-direita, anti-democrática

A eleição para a presidência da República 2018 e o Mito dos Heróis (Foto: Gustavo Lima/Agência Câmara)
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*Artigo escrito com Solange Missagia

Doutora em Experiência do Lazer-UFMG, mestre em Ciências da Religião PUC-Minas e graduada em Psicologia- UFES- Analista junguiana- Membro da Associação junguiana do Brasil

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Nesta eleição de 2018, observamos uma lacuna entre a posição de cidadãos que explicitam seu pensamento de esquerda, isto é, uma tendência a construir uma democracia e de outros que portam uma atitude de extrema direita, anti-democrática. A primeira abarca a esperança do povo, através do respeito para todos, do respeito aos direitos humanos. A construção da democracia requer este olhar para todos expresso no apreço aos excluídos, aos negros, aos lgbts+, as mulheres, aos indígenas e aos pobres.

A segunda postura expressa é a da extrema direita, que prega a exclusão do respeito aos seres humanos, através de apologias ao crime e outras práticas violentas direcionadas, principalmente aos socialmente menos favorecidos, cultivando o ódio, a violência, como a homofobia, a misoginia, o preconceito de forma geral.

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Diante deste cenário surge uma inquietação e uma necessidade de se ler de forma mais objetiva o que está acontecendo e percebemos que está explícito aí a figura do herói conforme se analisa na teoria junguiana ancorada no inconsciente coletivo que têm no mito uma referência para explicar a atualidade.

O herói e o anti-herói estão na mesma ordem. Segundo o mitólogo Joseph Campbell o herói sempre existe independente de sua proeza. Mas o destino do herói, isto é, o seu chamado, a sua vocação é para construir civilizações. Aos que não empreendem essa jornada, Campbell os denominou de heróis selvagens que popularmente são chamados de anti-herói. Se percorrermos as mitologias, como Jung percorreu para perceber o inconsciente coletivo, vamos encontrar em diversas culturas como a grega, nórdica e helênica, e outras, a presença do herói representando a esperança do povo e proporciondo a todos, a crença de uma nova vida, de uma mudança e de uma transformação na que todos estão inseridos. O herói proporciona a liberdade e o direito de todos.

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Porém, o herói selvagem, o anti-herói, como o próprio nome explica, se recusa a fazer a jornada rumo à cidadania e cultivando assim o selvagem que há também em cada um de nós. Por isso, ao contrário do que empreende a jornada do herói, o herói selvagem, o anti-herói, representa a violência, a desigualdade, o desrespeito, o ceticismo e a desesperança. Lutz Muller - alemão e psicólogo junguiano afirma no prefácio do livro “O Herói: a verdadeira jornada do herói e o caminho da individuação” (2017):

O herói representa, portanto, o modelo vivo do homem criativo, que tem coragem para ser fiel a si mesmo, aos seus desejos, fantasias e às suas próprias concepções de valor. Ele se atreve a viver a vida, em vez de fugir dela. Supera o profundo medo diante do estranho, do desconhecido, do novo. E, à medida que não se deixa desviar de seu propósito, mantendo-se aberto e disposto a aprender, capaz de suportar conflitos, frustrações, solidão e rejeição, ele adquire novos conhecimentos e realiza ações que possuem uma força transformadora, não apenas em relação a ele, mas também à sociedade. Ele representa características fundamentais de que precisamos para o domínio da vida e o embate criativo com a nossa existência. Seu caminho é o caminho da autorrealização.

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Ouvimos, diariamente, o discurso de algumas pessoas, que Bolsonaro é um” mito”, referenciando como fosse um Salvador, pois renova a esperança de um povo que está desolado diante de tantas barbaridades cometidas pelo atual des-governo de Temer, no qual exclui o direito de muitos, favorecendo uma pequena parte da população: os mais ricos, brancos, homens, adotando atitudes antinacionalistas, desrespeitando toda a população que representa a grande maioria do país: mulheres, jovens, crianças, idosos, negros, indígenas e lgbts+.

Mas, o que o“mito”- Bolsonaro, representa não é uma transformação, uma mudança, mas a continuidade do des-governo atual intensificado, pois,  radicaliza-o ainda mais, com a exclusão dos direitos de todos, incentivando o ódio, o desrespeito, a violência e o preconceito. Então, como podemos dizer que, em seus discursos, haja uma fala, um “mito”, um “herói”, um “salvador”, um “novo”, se na configuração deste indivíduo representa as características opostas de um herói que é chamado a construir a cidadania?

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Por outro lado, ao fazermos uma análise atual da história de nosso país, e do principal líder da esquerda, o ex-presidente Lula, vamos encontrar características diferentes das citadas no parágrafo anterior. No ex-presidente Lula prevalece o respeito e o direito para todos, com uma promessa de acentuar as políticas de seu governo. Durante esse período de oito anos, mais de 20 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza, e em vista disto, o Brasil saiu do mapa da pobreza mundial; respeitou a população mais desfavorecida, negros, pobre, indígenas, mulheres, lgbts+, crianças e idosos, ou seja, 99% da população brasileira.

Com programas que incentivaram a assistência à saúde, à educação, à segurança pública e à preservação de nossas riquezas; com um governo republicano que preza e respeita seu povo, ao qual clama sua volta; por isso e algo mais, como ocorre nos mitos dos heróis, o povo o sentem, não precisa vê-lo, não importa se o prenderam: o povo quer que ele volte e continue a construir cidadania. Lula sim representa um Mito, um Salvador e incorpora o mito do Herói, pois seu desejo é de transformação, liberdade e direitos de todos.

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Como o herói, em sua saga, Lula também vive em sua história, a luta pelo direito de todos; contudo, tentam impedi-lo de trazer a esperança para o povo, como nas narrativas míticas. Lula está aprisionado, mas o herói não está porque seu sonho é o reflexo do sonho de todos os cidadãos: direito de viver com dignidade.

Assim Lula ao permitir que o sonho volte, como ele anunciou: “se me prenderem, meu corpo estará preso, mas minha alma não [...] cada um de vocês daqui para frente são Lulas [...} se me calarem, falarei pela voz de vocês, se me prenderem, andarei pelos pés de vocês e se eu morrer meu coração baterá no coração de vocês,” proporciona alegria. Como o herói que em sua saga é aclamado pelo povo, Lula é reverenciado pela multidão. Surge uma nova idéia, quase um “mantra”, todos somos Lula.

E assim nos perguntamos: como é possível caracterizar que Bolsonaro é um “mito”, um herói, e não Lula? Sim, Bolsonaro pode ser um mito, mas, o do herói selvagem, que usa da violência para suas soluções, incorporando a outra faceta do herói, ou seja, o anti-herói. Lula, no entanto, segue construindo cidadania e mesmo sendo impedido de falar e de andar, exerce o mito do herói: depois de uma jornada de experiência transformadora, chega no pódio, e no alto, com sua visão de conjunto, volta para o povo e segue com sua construção de liberdade, igualdade e fraternidade. Suas ideias e práticas democráticas tocam naquilo que o povo precisa por isso se tornou um líder mundial da cidadania, por isso se tornou um herói segundo a mitologia de Joseph Campbell.

Podemos concluir que vivenciamos nas eleições de 2018, a dicotomia do Mito do Herói. O candidato da extrema direita representa a outra faceta do mito, ou seja, o herói selvagem, o anti-herói, pois, anuncia a intolerância, o desrespeito, a violência a exclusão. O herói valoriza o povo, o anti-herói valoriza a si mesmo e a quem o beneficia que no caso do governo atual e Bolsonaro, contempla apenas uma pequena parte da nossa população (1%) homens, brancos e ricos. Realmente Bolsonaro é o anti-herói. (E Lula o Mito, o Salvador, o De-Novo e o Herói.)

O ex-presidente Lula representa o Mito, o Salvador, o Herói que abarca os direitos humanos, a igualdade e o cuidado com a nação, com atitudes republicanas, cuidando e zelando por seu povo, como expressou diversas vezes: “o povo precisa ser cuidado [...] educação não é gasto, educação é investimento” Lula expressa zelo ao povo, mulheres, pobres, crianças, negros, lgbts+, indígenas, homens e idosos. Lula é o “De Novo” que incorpora a esperança do povo na face do Herói que constrói cidadania.


Bibliografia:

CAMPBELL Joseph. Heróis de mil faces. São Paulo. Ed. Cultrix, 1997.

MATTOS. Solange Missagia de. Simbolismo do Herói. Uma abordagem sobre o imaginário. Curitiba: Ed.CRV, 2013.

MULLER. Lutz. O Herói: a verdadeira jornada do herói e o caminho da individuação. São Paulo. Ed. Cultrix, 2017.

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