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Guilherme Coutinho

Jornalista, publicitário e especialista em Direito Público. Autor do blog Nitroglicerina Política

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A empresa ultraconservadora por trás do Brexit, Trump e Doria

A julgar por ações como o apoio a Temer, a Aécio Neves, as polêmicas como a “ração humana” e a demolição de prédios com pessoas dentro na Cracolândia, o prefeito de São Paulo parece não ter vedações de ordem ética sobre os métodos obscuros da empresa Cambridge Analytica

A julgar por ações como o apoio a Temer, a Aécio Neves, as polêmicas como a “ração humana” e a demolição de prédios com pessoas dentro na Cracolândia, o prefeito de São Paulo parece não ter vedações de ordem ética sobre os métodos obscuros da empresa Cambridge Analytica (Foto: Guilherme Coutinho)
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Uma empresa de inteligência artificial, que garante ser capaz de ler a cabeça de milhões de pessoas em tempo real, está protagonizando uma verdadeira revolução conservadora no mundo. Este poderia ser o roteiro de um capítulo da série de ficção científica Black Mirror ou parte de um futuro distópico imaginado por George Orwell, mas é exatamente o que tem ocorrido com a empresa de big data Cambridge Analytica. A instituição, que trabalhou nas campanhas vencedoras do Brexit e de Donald Trump, instalou uma operação no Brasil, visando as eleições de 2018. E ela já parece ter o candidato ideal por aqui.

A Cambridge Analytica surgiu através de seu fundador e maior acionista, o bilionário americano Robert Mercer, conhecido, entre outras coisas, por ter reiventado Wall Street com o uso de inteligência artificial e por ser um dos maiores financiadores de projetos de ultradireita nos Estados unidos, além por sua notória amizade com o presidente norte americano. O big data da analytica funciona basicamente com o armazenamento, processamento e análise de dados em tempo real, o que permite ter um conhecimento assustadoramente aprofundado sobre seu campo de interesse. Em seu próprio site a empresa garante possuir mais de 5 mil dados de 230 milhões de eleitores americanos. No entanto, eles não revelam como exatamente utilizam esses dados e qual é sua metodologia de aplicação

A forma agressiva e atuante da empresa nas campanhas tem sido amplamente criticada, apesar de sua eficácia raramente ser questionada. O jornal britânico The Guardian classificou sua atuação como sombria e como uma ameaça à soberania inglesa no artigo The great British Brexit robbery: how our democracy was hijacked (O grande assalto ao Brexit britânico: como nossa democracia foi sequestrada). Já o americano Newsweek questionou a ética da empresa no artigo How big data mines personal info to craft fake news and manipulate voters (Como o Big Data garimpa informações pessoais para gerar notícias falsas e manipular eleitores).

Visando as eleições de 2018, a empresa desembarcou no Brasil recentemente, por meio de uma parceria com o empresário André Torretta. João Doria, pré-candidato a presidência, que já usa softwares de big data, parece mesmo ser o parceiro ideal. "Já fiz muita palestra para o Doria, para o Lide. É uma conversa que eu não posso negar”, disse Torretta ao El Pais. Já sobre o MBL, Torretta afirmou que não tem relação profissional com o grupo, mas elogiou a eficiência do discurso: “Este tipo de comunicação, que o MBL sabe fazer muito bem, era usada em guerra. É mais figadal. Alguém ensinou isso para eles". É a tecnologia funcionando como o epicentro da onda conservadora que assola o País.

Doria parece realmente atender o perfil da Cambridge Analytica. É conservador, de direita, representa ostensivamente o mercado e utiliza de forma indiscriminada as redes sociais. A julgar por ações como o apoio a Temer, a Aécio Neves, as polêmicas como a “ração humana” e a demolição de prédios com pessoas dentro na Cracolândia, o prefeito de São Paulo parece não ter vedações de ordem ética sobre os métodos obscuros da empresa. Em eleições com restrições a financiamento de campanha, as redes sociais prometem ter um papel primordial na eleição dos maiores cargos do país. É a vida imitando a arte. Nesse caso, a distopia.

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