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Rogério Maestri

Engenheiro e professor na UFRGS

60 artigos

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A falta da educação política ou a falta de vigor e trabalho dos “progressistas”

Se a esquerda quiser ter algum protagonismo deverá perder a preguiça de pensar não só na sua pergunta, mas também nas possíveis respostas que serão dadas. Uma vez um excelente advogado me ensinou algo valioso em termos de contestação de testemunhas: Nunca se deve fazer uma pergunta a um opositor quando não se sabe as possíveis respostas que ele dará.

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Há um limite de tolerância no apoio a aliados do momento, por exemplo, quem é de esquerda pode apoiar por algum tempo as palavras dos “progressistas” quando estamos sendo atacados por hostes protofascistas ou neofascistas que colocam em risco a estabilidade política, porém esse limite pode ser medido através de um cálculo simples, ou seja, quando as opiniões deles em médio prazo simplesmente fortalecerão essa direita fascista. 

Vamos exemplificar com a CPI do Covid-19. Todos os setores de esquerda e os “progressistas” apoiaram, porém como na verdade quem ocupou os assentos da comissão, são meros progressistas vinculados a governadores e prefeitos que simplesmente tiveram atitudes tão ruins como as do governo federal a tal CPI tem tudo para dar em pizza pois se está esperando um milagre. 

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Por que digo um milagre? Pois simplesmente estão sendo questionados os apoiadores diretos de Bolsonaro esperando que alguém da turma vá ter um ataque de sincericídio e se entregue junto com o governo federal. Ou seja, se está esperando que alguém diga: Eu com o presidente da república fomos responsáveis por milhares de mortes. 

Vejam, Mandetta não tomou nenhuma atitude no início da pandemia para que ela não entrasse no país ou controlasse as fronteiras exigindo quarentena aos recém-chegados das regiões onde a epidemia estava matando, também a política de testagem dele foi irrisória, coisa que com menos de 10 mil infectados seria efetiva, nada se fez nesse sentido. O segundo ministro ficou poucos dias e não fez nada. Já Pazuello, continuou errando e não foi cobrado desse, excetuando o caso Manaus todas as demais omissões que ele perpetuou ao longo de seu mandato, o caso da não utilização de testagem massiva e localizada não foi feita e praticamente ninguém cobrou nada. Poderíamos ir aí por diante, mas é de se espantar com o PRIMARISMO dos questionamentos dos senadores, começando com o relator, que traz perguntas prontas que simplesmente os inquiridos respondem de forma enviesada e o relator ignora a resposta, não explora suas contradições e segue no questionário como nada tivesse tido sido questionado. Há um princípio em qualquer interrogatório ele deve ser feito com perguntas que levem a verdade, ou seja, que o interrogatório ou a sucessão de perguntas levem ao interrogado ficar somente com a direção que se supõe que seja seu crime, perguntas meramente especulativas servem para o interrogado especular na direção que eles querem. Falta trabalho nos questionamentos, reproduzem somente manchetes de jornais. 

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Há um primarismo, um amadorismo nos membros da CPI que é de dar dó. Um senador que é médico, interrogou o General Pazuello e demonstrou cabalmente que ele não entendia nada do ministério que ele ocupava, o General confirmou que era um ignorante no assunto e ficou por aí. Qual a pergunta que deveria vir a seguir? Se o General não entendia nada do assunto era de se perguntar para ele o que ele acharia de um exército numa guerra sendo comandado por um médico? Além disso qual seria a responsabilidade do médico que sua ação levasse a um massacre do seu exército. Ou seja, os senadores estão acostumados a simplesmente fazerem discursos e não ligarem para o que a oposição diz, meros monólogos sem contestação. Um parlamentar brasileiro não aguentaria quinze minutos numa discussão com um inglês. 

Na verdade, o problema brasileiro transcende ao parlamento, ninguém tem hábito de discutir de forma civilizada, mas vigorosa, somente políticos de extrema-direita discutem da pior forma possível, já as pessoas de esquerda e principalmente os “progressistas” só conseguem fazer discussões acadêmicas, onde há todo um rito que impede excessos. 

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O brasileiro, talvez por tradição patriarcal, é totalmente avesso a críticas, procedentes ou não, por exemplo, se eu fizer uma crítica a um participante de uma mesa em que pessoas estão emitindo opiniões no próprio 247 e essa crítica um pouco azeda e contundente for feita contra um dos participantes da mesa que geralmente está próximo a linha editorial do jornal essa será censurada pelo mediador, simplesmente porque críticas ácidas são consideradas agressões, mesmo que seja uma crítica a opinião de um dos participantes. Elogios sim, críticas jamais. 

Essa tendência de um comportamento de um parlamento “civilizado” (não considerando dessa forma o parlamento inglês como civilizado) é transferido para as discussões gerais, o brasileiro tem por hábito utilizar a expressão: Religião e política não se discutem, porém como a discussão futebolística é aceita, temos nos nossos parlamentos geralmente jornalistas desportivos, pois simplesmente esses têm o hábito de discutir. 

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Se a esquerda quiser ter algum protagonismo deverá perder a preguiça de pensar não só na sua pergunta, mas também nas possíveis respostas que serão dadas. Uma vez um excelente advogado me ensinou algo valioso em termos de contestação de testemunhas: Nunca se deve fazer uma pergunta a um opositor quando não se sabe as possíveis respostas que ele dará. 

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