CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Mauro Nadvorny avatar

Mauro Nadvorny

Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

202 artigos

blog

A fraude, o sorvete e o abraço na nazista

As lições do passado começam a serem esquecidas, ou propositadamente relevadas por conveniência. Uma delas é a de que nas câmaras de gás nazistas morreram judeus de direita, de centro, de esquerda, religiosos, ateus, sionistas, não sionistas, antissionistas, héteros, homossexuais, convertidos para outras religiões e até mesmo Kapos. Para eles, bastava serem judeus

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

No meu ramo de atividade existe um tipo de pessoa que chamamos de "Mentirosos de um dia". São pessoas normativas, de boa educação, com boa situação financeira que um belo dia decidem, por exemplo, fraudar o seguro.

A pessoa acordou e ao sair de casa percebe que seu carro foi furtado no único dia em que deixou na rua ao invés de colocar na garagem. Ao chegar no dia anterior depois de beber com os amigos, estava cansada demais para manobrar na garagem e achou por bem estacionar em frente a sua residência. Logo se dá conta de que se disser isto para o seguro, não vai receber a indenização. Ela precisa do carro que ainda nem terminou de pagar, então decide contar uma história mentirosa, o carro foi furtado em frente ao bar onde se encontrava com os amigos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para tomar esta decisão é preciso encontrar algumas justificativas morais, afinal de contas, ela sabe que está fazendo algo errado. Para não sentir-se fraudando a seguradora, ela diz para si mesma que depois de anos pagando o seguro, não é justo que na única vez em que não guardou o carro na garagem, a seguradora não vá ressarci-la. A companhia é milionária, uma indenização a mais não vai quebrá-la. Pronto, agora ele se sente confortável em mentir.

A companhia americana de sorvetes Ben & Jerry decidiu que em breve não irá mais vender seus sorvetes nos assentamentos judaicos dos territórios ocupados. Não está se retirando de Israel, mas como o atual sócio da franquia se negou a cumprir a determinação, ela vai encerrar o contrato com ele e procurar outro. A Ben & Jerry pertence ao Grupo Unilever, mas contratualmente é livre para fazer negócios da forma como desejar. Sempre foram uma empresa comprometida politicamente com os Direitos Humanos, uma característica dela.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em Israel foram acusados de antissemitas pela direita e a extrema direita, de apoiadores do BDS e ameaçados de boicote etc. No Brasil chegaram vídeos de brasileiros aqui residentes jogando sorvetes da marca na lixeira. O assunto virou uma celeuma no judaísmo do mundo inteiro. Para a direita judaica, ao não venderem mais sorvetes para "colonos judeus", a empresa estaria sendo claramente antissemita! Pior, estaria apoiando o famigerado BDS que deseja a destruição do Estado de Israel. O que decidiram fazer, segundo o presidente de Israel é uma espécie de Terrorismo Econômico. 

Na realidade, assim como eu, milhares de israelenses não consomem nada que seja produzido nos assentamentos. Boicotamos seus produtos como uma forma de protesto contra a ocupação. Isto vem acontecendo há anos. Quando uma companhia decide não vender mais seus produtos nos assentamentos, está mandando um recado claro de que não aceita a política de ocupação de territórios palestinos. Como nós, ela não é contra o Estado de Israel.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No Brasil, nesta semana, tivemos o episódio da recepção de Beatrix Von Storch, vice-líder do partido alemão AfD, Alternativa para a Alemanha, pelo filho do presidente e depois por ele próprio, tudo marcado para a posteridade em fotografias em poses sorridentes entre neonazistas. 

Se fossem alemães, certamente este seria o partido da família Bolsonaro. São essencialmente homofóbicos, racistas, islamofóbicos, xenófobos e misóginos. Só não são expressamente antissemitas, porque a lei não permite. Não fosse suficiente, veio também a tona cartas escritas pelo Jair em 2004 a grupos nazistas brasileiros. Não precisa desenhar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Diante de mais uma demonstração inequívoca dos laços nazistas de Bolsonaro, que vão se somando, entidades judaicas, e a própria Conib, soltaram notas criticando o acontecimento, algumas mais, outras menos contundentes. Em comum a todas, o fato de que a AfD é um partido de extrema direita com membros claramente neonazistas. 

Agora surgem alguns judeus brasileiros, apoiadores de Bolsonaro, que justificam a visita e o entusiasmo da família com a visita. Diga-se de passagem que ela é são como portadora de Covid-19, nenhum país aceita recebê-la oficialmente, muito menos tirar fotos com ela.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para estes judeus, a AfD não é antissemita e até mesmo apoia Israel. Segundo eles, não haveria nenhuma manifestação partidária antijudaica ou anti-israelense. Portanto, este alvoroço quase unânime da comunidade judaica brasileira e de outros países, execrando a visita, é coisa de comunistas.

Quem conhece a AfD sabe que seus partidários são quase que na sua totalidade, antissemitas ligados a grupos de supremacia racial alemã, uma herança nazista. São radicalmente contra estrangeiros. Casualmente a comunidade judaica alemã é formada principalmente por judeus russos que emigraram depois da queda do regime soviético e por israelenses, ou seja, por estrangeiros. O partido encontra-se sob escrutínio por parte do governo que pode levar a sua cassação a qualquer momento.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Estes judeus que tentam justificar o injustificável são iguais aqueles "Mentirosos de um dia". Sabem que ao votar no Jair pisaram na bola, mas precisam encontrar justificativas morais para isso. Então acusam quem não quer vender sorvete para colonos de antissemitas e louvam antissemitas porque acreditam que eles dizem apoiar Israel. Atacam uma empresa que empresta sua solidariedade aos grupos que lutam pelos Direitos Humanos enquanto rasgam elogios para um partido que ataca emigrantes.

Chegamos ao ponto onde alguns judeus brasileiros se prestam a elogiar encontros entre nazistas e encontram justificativas morais para isso, mesmo quando a entidade representativa da comunidade judaica alemã declara em carta endereçada aos membros da comunidade que o AfD não é um partido amigo dos judeus e a Ben & Jerry, que leva o nome de seus dois sócios fundadores judeus, informa que age assim até mesmo em relação a política americana.

Infelizmente as lições do passado começam a serem esquecidas, ou propositadamente relevadas por conveniência. Uma delas é a de que nas câmaras de gás nazistas morreram judeus de direita, de centro, de esquerda, religiosos, ateus, sionistas, não sionistas, antissionistas, héteros, homossexuais, convertidos para outras religiões e até mesmo Kapos. Para eles, bastava serem judeus.

Judeus apoiadores dos Bolsonaros, parem de idolatrar nazistas, eles nunca vão respeitá-los, quando muito aturá-los enquanto forem úteis para eles.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO