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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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A grande mídia terraplanista não cabe na democracia

"A grande mídia atua em sua cobertura jornalística e editorial com traços ideológicos liberais na economia, defendendo o capital privado"

(Foto: Reprodução)
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No Brasil, desde o início do século XX a formação daquilo que chamamos “grande mídia” ou “mídia corporativa” se desenhou sob o oligopólio. Entre todos, a Rede Globo tornou-se o maior e mais bem sucedido projeto de mídia eletrônica da história do país.

Apoiadora do golpe de 1964 e da ditadura militar, por décadas contou com a maior participação na audiência, recebeu a maior parte da verba publicitária destinada ao setor e estruturou a maior rede de distribuição de sinais. Contou com apoio do grupo Time-Life, dos Estados Unidos, que ofereceu milhões de dólares em investimentos para a estruturação da empresa, apesar da legislação brasileira proibir esta prática.

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Grosso modo, a grande mídia atua em sua cobertura jornalística e editorial com traços ideológicos liberais na economia, conservadores nos costumes, defendendo o capital privado (estrangeiro) em detrimento do investimento público, com traços anticomunistas/antiesquerdistas/antipopular. Tais características refletem um apoio tácito aos Estados Unidos, sempre retratado como ideal de sociedade.

Esses elementos compõem e ajudam a entender sua atuação nos últimos anos: a oposição aos governos do PT, o apoio ao golpe de 2016, a adesão inconteste à operação Lava Jato, tornando herói nacional o juiz ladrão, Sérgio Moro, que mandou prender Lula, o favorito para as eleições presidenciais de 2018. O apoio velado à vitória de Jair Bolsonaro e o entusiasmo com todas as reformas desencadeadas pelo atual governo neoliberal e ilegítimo.

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Hoje sabemos um pouco sobre a participação dos Estados Unidos na formulação da Operação Lava Jato, assim como a respeito da atuação da extrema-direita trumpista para a vitória de Jair Bolsonaro. Essa ação de um país estrangeiro sobre o outro é aquilo que os velhos comunistas definiram como “imperialismo”.

No Brasil, as posições da grande mídia são alinhadas aos interesses do imperialismo. Aí está um enorme problema que o próximo presidente terá de enfrentar se quiser, de fato, consolidar a democracia em nosso país. Por isso a grande imprensa que justificou a vitória da Bolsonaro adere à candidatura de Sérgio Moro para presidente da República, a despeito do STF tê-lo considerado um juiz incompetente, suspeito e parcial que agiu aparelhando a justiça para fins políticos. Um verdadeiro escândalo em qualquer país civilizado é tratado como normal pela imprensa brasileira.

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Esta é a mídia que defende o “desenvolvimento terraplanista” para o Brasil a partir de privatizações, do “teto de gastos” que congelou o investimento público, da destruição dos direitos dos trabalhadores, do enfraquecimento da seguridade social, do desmonste da Petrobrás e a consequente política abusiva de preços dos combustíveis. 

Há quem goste de elogiar o papel exercido durante a pandemia pelo “consórcio dos veículos da imprensa” no combate ao negacionismo de Bolsonaro, mas é importante dizer que não fizeram mais do que a obrigação. Principalmente depois de terem normalizado a ascensão de um  adorador da ditadura e de torturadores à presidência da República. 

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Convém ressaltar que, bem ou mal, Bolsonaro enfrentou parte da grande mídia. Decretou guerra contra a Rede Globo, mudou o regime de distribuição de verbas publicitárias e favoreceu os veículos de comunicação alinhados ao seu governo.

Claro que é deplorável um presidente da República agir desse modo, mas é fundamental que aprendamos com isso. O PT passou 13 anos no poder e jamais conseguiu constituir uma rádio sequer que fale em nome e para os trabalhadores. As pessoas viajam pelas rodovias ouvindo a negacionista “jovem pan” metralhar os “petralhas corruptos”. Um genuíno processo de imbecialização dos sujeitos praticado diuturnamente pela mídia corporativa.

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O editorial de O Globo, passando sermão nos governos Lula sobre políticas econômicas, esconde do leitor (e potencial eleitor) a situação de miséria, fome e desemprego que se encontra a população do país. O jornal pratica o “terraplanismo” econômico, político e social ao negar o óbvio ululante que nos mostra o neoliberalismo e as privatizações como causas das nossas principais chagas. O alinhamento da grande mídia, em especial da Rede Globo, aos interesses dos Estados Unidos serve para impedir ou atrapalhar o desenvolvimento e a soberania nacional.

Entre tantos desafios de um terceiro governo Lula, a democratização dos meios de comunicação está à hora do dia. Não adianta conciliar com o centro e acenar à direita se a mídia corporativa seguir tendo o poder concentrado em quatro ou cinco famílias que definem como as pessoas receberão as informações relevantes. É preciso abrir o debate nos mais amplos setores e espaços da sociedade para que seja tratado como um tema de interesse público.

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Não se pode cair no erro de fechar rádios comunitárias e fortalecer com verbas públicas os grandes grupos privados. É preciso incentivar o uso não comercial dos meios de comunicação por universidades, sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos etc. Democratizar a mídia é um passo fundamental para democratizar o Brasil. Este é o desafio da nossa geração.

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