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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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A guerra das palavras

Podemos nos perguntar: estamos numa guerra mundial? O que significaria estar numa guerra mundial?

Vladimir Putin, guerra na Ucrânia, Planeta e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA (Foto: Reuters)
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Um intelectual francês, Emmanuel Todd, publica um livro com o título “A Terceira Guerra Mundial já começou”. Certamente deve vender muito, com esse título, como venderam seus livros anteriores.

Quem publicasse um livro com o título “Chegou o fim do mundo” certamente venderia tanto quanto ou mais. Mas o título compromete o autor com o que promete.

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No caso de Todd – li apenas uma entrevista dele sobre o livro -, a promessa, como se poderia esperar, fracassa, tão ambiciosa que é. Sendo europeu, ele deveria ter como referência as duas guerras. Ainda que ele retire o caráter militar – sem o qual as duas não teriam existido -, ele parte de enfrentamentos bélicos realmente existentes, como a guerra da Ucrânia.

O uso de guerra mundial é absolutamente abusivo, não se sustenta, acaba funcionando como um apelo demagógico, publicitário. Podemos nos perguntar: estamos numa guerra mundial? O que significaria estar numa guerra mundial?

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O enfrentamento entre os dois blocos que, obviamente, servem de referência para Todd, são o ocidental, liderado pelos Estados Unidos, e o oriental, dirigido pela Rússia e pela China. Podemos dizer que estão numa situação de guerra atualmente?

Se estivéssemos em uma guerra mundial, estaríamos no limite da destruição do mundo. Porque os dois blocos têm condição de destruição do outro. Uma situação existente desde que a URSS descobriu a bomba atômica e produziu a condição de equilíbrio, característica da Guerra Fria.

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Se estivéssemos em uma guerra mundial, estaríamos vendo, todos os dias, as cenas de destruição e de bombardeios, com o número correspondente de mortos e feridos, com os hospitais superlotados, com as ambulâncias circulando por todas as cidades. Um cenário que pode estar ocorrendo na Ucrânia e talvez em alguma cidade da Rússia, mas em nenhuma cidade dos Estados Unidos e nem da China.

Não se brinca, não se especula com a ideia de uma Terceira Guerra Mundial, com a tranquilidade de um intelectual escrevendo no centro da Europa, que sabe muito bem o que foram as duas guerras mundiais e as destruições que elas produziram e que seguem na memória de toda a população europeia.

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 Não se brinca com as palavras, menos ainda em torno da ideia de uma Terceira Guerra Mundial. É um dos problemas de certa intelectualidade europeia, especialmente da francesa.

Não se passa magicamente da palavra da guerra, da guerra das palavras, à guerra realmente existente. Esse uso banal da palavra guerra usou os leitores como instrumentos para o narcisismo intelectual de quem adora tudo o que escreve.

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 A guerra é uma coisa muito séria para ser deixada na mão de intelectuais.

 Nem em um exercício de imaginação daria para supôr essa situação. É um livre exercício do pensamento, que serve para que? Suscitar o pânico, promover o catastrofismo. Com que objetivo?

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