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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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A hora do perdão

Quem luta pela revisão da lei da anistia deve aceitar o perdão, meio para a superação da ditadura enquanto idílio de alternativa política atual para o Brasil

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Depois de mais dois anos de trabalho sério e árduo, ouvindo ex-perseguidos políticos que, hoje estão tanto na direita, quanto no centro, quando na esquerda; militares e outros atores dos "dois lados", a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou, em cerimônia liderada pela presidenta Dilma, seu relatório final.

O relatório possibilita que a sociedade possa conhecer com clareza o que já foi profetizado como "passagem desbotada na memória das novas nossas gerações". Contudo, conhecer esta "página infeliz da nossa história" não é suficiente para, por exemplo, envergonhar os que marcham na Paulista e outros recantos de "gente diferenciada", pedindo intervenção militar. Ou, ainda, que jovens nascidos no período democrático pós-85 ou que só este vivenciaram entendendo-se por gente, deixem-se influenciar pela ação dos clubes militares que, de pronto, reagiram ao relatório da CNV instigando os militares da ativa a reagirem. Ou, pior, que senhores como o tal Joel Câmara não se avexem a constranger a cerimônia de lançamento do documento, pedindo "punição para os dois lados", fingindo-se um ex-militante. Não é suficiente para inibir que gente do povo ou certa playboyzada ouse xingar a presidenta da República de "terrorista", nem, tampouco, para o Superior Tribunal Militar "defender-se" das "inverdades" do relatório. Não basta para que turbas de fascistas, com clareza de sua torpeza ou enturmados no espírito da manada, juntem "Mensalão", Cuba, "terroristas de esquerda" e "intervenção militar já".

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A verdade histórica pode virar bruma se ela não for incorporada à cultura da sociedade em seu processo de renovação. E, isso não ocorrendo, vira também bruma a consigna "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça".

O Brasil não pode correr este risco e, muito menos, de se consolidar como um país polarizado quando se fala em ditadura militar tal como se polariza quando se enfrentam PT x PSDB, que, para uns, é quase uma atualização da polarização pré-64.

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Segundo a Comissão da Verdade, os militares foram, proporcionalmente, o setor mais atingido pela ditadura. Pelo menos 6.591 militares foram perseguidos. Estes dados são um enlace importante para a construção de condições para exorcizar o fantasma golpista que volta a assombrar o Brasil em 2014.

Um caminho essencial que - diz-se - estava sendo costurado pelo ministro Celso Amorim é o pedido de perdão oficial das Forças Armadas ao país, o que não significa aceitar o crime hediondo da tortura e nem aderir à noção de que "dois lados" guerreavam.

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As turbas e neoconvertidos que mantêm acesa aquela chama do fascismo e do entreguismo, irmãos siameses no lado de baixo da Linha do Equador, assim como são radicalmente distintos o nacionalismo do "Sul" e o do "Norte", dão de ombros para o reconhecimento da responsabilidade do Estado brasileiro nos crimes da ditadura feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O pedido de perdão é o passo adiante ao reconhecimento feito por FHC e ao relatório da Comissão Nacional da Verdade. Ele, amparado no gesto do ex-presidente tucano, empunhando estre trecho que versa sobre o terrorismo sobre os quartéis e casernas, "desarma" as turbas de playboys, abre os olhos dos populares que repetem nexos esdrúxulos sobre "Mensalão", Cuba, "terroristas de esquerda", "intervenção militar já"; e desmoraliza a asneira dos clubes militares.

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O pedido de perdão teria um impacto cultural gigantesco, educativo, transcendental, daria substância à ideia de que as Forças Armadas têm outro papel e desmobilizaria a hostilidade ao Exército, Marinha e Aeronáutica dos dias atuais, da democracia mais longeva da nossa história.

Quem luta pela revisão da lei da anistia deve aceitar o perdão, meio para a superação da ditadura enquanto idílio de alternativa política atual para o Brasil. Superação esta que é o sentido mais profundo que a CNV possibilitou de ser conquistado.

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Em tempo: Obama, junto com Raul, acaba de anunciar medidas para a completa normalização das relações entre EUA e Cuba, pois "somos todos americanos", com vistas, inclusive à suspensão do embargo. Imagine-se a cara e o ânimo dos marchantes da Paulista, da turba de Leopoldo López et caterva?!

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