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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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A isca da pesquisa do Datafolha diante de Bolsonaro

"Só há uma chance de reversão imediata. Se amanhã Bolsonaro acordar disposto a se jogar sem medo nos desatinos potencializados pela pesquisa. O excesso de confiança poderia conduzi-lo a gestos bruscos e irreversíveis", diz o autor

(Foto: Isac Nobrega - PR)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - A pesquisa do Datafolha que dá sobrevida a Bolsonaro e ajuda a disseminar mais terror em meio à pandemia também mobiliza os otimistas. Para esses, o retrato é terrível, mas pode ser consertado. São os restauradores de retratos.

O dado alarmante nem é o que revela a rejeição de 59% à ideia da renúncia de Bolsonaro. É compreensível que se manifeste temor diante da possiblidade de um gesto drástico. Uma renúncia sempre envolve traumas e sequelas imprevisíveis.

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O brasileiro não quer pandemia e um Jânio ao mesmo tempo. Pode ser. O dado que assusta é outro: 52% desejam continuar sob a ‘liderança’ de Bolsonaro. É uma inversão do mesmo dilema, mas pela resposta assertiva no sentido de que se mantenha tudo como está.  

As pesquisas têm produzido sinais esdrúxulos. Bolsonaro tem a pior avaliação de um presidente desde o início do governo. Sergio Moro sempre foi melhor avaliado do que Bolsonaro. Agora, Mandetta tem, com 76%, o dobro de avaliação positiva em relação a Bolsonaro. A aprovação a Bolsonaro se mantém petrificada ao redor dos 30% e hoje está em 33%.

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Mas os brasileiros querem que Bolsonaro fique, mesmo num ambiente de disseminação da irracionalidade e de medo. Por tudo isso, parece ingênuo achar que seja por racionalidade que o brasileiro pede: não mexam com Bolsonaro.

A expressão da racionalidade hoje seria Mandetta. É a percepção média, à direita e à esquerda, mesmo que digam que é um coronel do cerrado, que está sendo investigado por superfaturamentos de outros tempos, além de caixa dois, e que é lobista das empresas de saúde privada.

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Mandetta consagrou-se como o marechal na guerra contra a pandemia. O brasileiro tem no que se agarrar, como referência e autoridade, para sublimar os desatinos de Bolsonaro e confrontá-lo com a sensatez do ministro. Mas não é bem assim,

O apoio em massa dos neopentecostais e o crescimento do respaldo dos pobres (que o Datafolha captou nas últimas três pesquisas) também não são suficientes para explicar a inércia pró-Bolsonaro.

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O retrato é de um país deprimido, indeciso, confuso e resignado. A peste mantém as pessoas nas ruas e parques, de onde somente são tiradas à força, e as conduz à submissão a Bolsonaro.

Bolsonaro convenceu o país de que pior seria se renunciasse. Os otimistas olham a pesquisa e dizem que pode mudar, porque são otimistas. Pode. Pode até piorar.

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Só há uma chance de reversão imediata. Se amanhã Bolsonaro acordar disposto a se jogar sem medo nos desatinos potencializados pela pesquisa. O excesso de confiança poderia conduzi-lo a gestos bruscos e irreversíveis.

Mas Bolsonaro teria de se convencer de que o mundo todo, dos pobres, dos evangélicos, dos ricos, dos fascistas, dos civis e dos generais, está a seus pés. E cometer então o erro fatal.

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Os otimistas imaginam que Bolsonaro pode morder a isca da pesquisa, radicalizar as afrontas a governadores, Congresso, Supremo e Mandetta e morrer engasgado depois do jejum do domingo.

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