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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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A Lava-Jato não será a mesma depois de janeiro

"Tudo indica que logo no início do ano a Lava-Jato perderá mais fôlego, porque já está bem claro que o seu objetivo não é investigar corruptos, mas impedir Lula de voltar ao Planalto, o principal objetivo para o qual foi criada. Por isso perdeu o apoio do povo, que no dia 24 vai ocupar as ruas de Porto Alegre para pressionar o TRF-4 que, nessa data, julgará o recurso de Lula contra a sua condenação pelo juiz Sergio Moro. Qualquer que seja o resultado, depois dele a Lava-Jato não será a mesma", escreve o jornalista Ribamar Fonseca

Lula caravana MG (Foto: Ribamar Fonseca)
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O Brasil termina o ano de 2017 em frangalhos. Material e moralmente. Com o Presidente da República acusado formalmente de chefe de quadrilha por sua própria policia, o Parlamento parcialmente apodrecido exalando mau cheiro, o Judiciário e o Ministério Público completamente desacreditados e a grande imprensa desmoralizada o país ingressa em 2018 vislumbrando uma única esperança de recuperação: a volta de Lula ao Palácio do Planalto. Depois que a imprensa alternativa, através da Internet, retirou em grande parte a venda que cobria os olhos do povo, colocada convenientemente pela mídia golpista, suas mentiras ficaram mais visíveis, assim como a escandalosa participação política da Justiça no processo de perseguição do ex-presidente operário, permitindo a todos uma visão mais nítida do estrago que o golpe fez no país. Daí a quase unanimidade na rejeição a Temer e, ao mesmo tempo, a crescente popularidade do ex-torneiro mecânico. Para a grande maioria dos brasileiros só Lula será capaz de restaurar a economia, o emprego, a esperança, a dignidade e a soberania do Brasil.

Como consequência dessa consciência da nova realidade nacional, refletida nas manifestações populares que a mídia golpista se esforça para esconder, percebe-se, sem muita dificuldade, que os ventos que varrem o planalto estão mudando de direção. No Supremo Tribunal Federal, por exemplo, já há lampejos de justiça, conforme se pode perceber pelas decisões de alguns dos seus ministros. A mudança mais surpreendente foi observada no comportamento do ministro Gilmar Mendes, o mais polêmico dos membros da Corte Suprema, que proibiu a condução coercitiva, um dos abusos da Lava-Jato, e determinou a libertação da ex-primeira dama do Rio, Adriana Ancelmo, e do ex-governador Anthony Garotinho. Por conta disso, as mesmas pessoas que antes aplaudiam as suas decisões contrárias a petistas e silenciavam diante dos seus encontros com Temer, agora querem o seu impeachment. Infelizmente essas pessoas, contaminadas pelo veneno do ódio disseminado pela mídia golpista e pelas redes sociais, perderam a capacidade de discernir e raciocinar, revelando uma visão medieval de justiça.

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Somente a crítica do pessoal da Lava-Jato a Gilmar já é suficiente para indicar que, embora um pouco tarde, ele agiu corretamente fazendo justiça em suas recentes decisões. Além da proibição à condução coercitiva, uma violência aos direitos humanos e uma afronta à Constituição que vinha se transformando em rotina, o ministro libertou duas pessoas que estavam presas sem justificativa legal convincente: Adriana Ancelmo, cujo crime é ser esposa do ex-governador Sergio Cabral, e Garotinho, sob a frágil acusação de abuso de poder econômico em velhas eleições. Na contramão da mudança, porém, o ministro Edson Fachin, provavelmente pretendendo criar uma imagem de durão fora de época, mandou recolher ao presídio, sem pedir autorização para a Câmara, o deputado Paulo Maluf, um homem velho e doente, cujo pedido de habeas corpus foi negado pela ministra Carmen Lúcia, presidente do STF. Isso é justiça? Pretendem por acaso, com a prisão de Maluf por crimes cometidos há mais de 20 anos, mostrar que a justiça é séria e isenta? Quem eles pensam que estão enganando?? Se querem mostrar serviço, por que não prendem Aécio Neves? Ou o Loures?

Enquanto isso acontece percebe-se, também, que a situação no país ficou tão bagunçada que a hierarquia virou de ponta-cabeça. Um juiz de primeira instância e procuradores, todos da Lava-Jato, criticam asperamente e publicamente o Presidente da República e ministros da Suprema Corte. Nunca se viu antes tamanha ousadia, estimulada certamente pela impunidade, pois o pessoal da Lava-Jato, apesar dos frequentes abusos, nunca recebeu sequer uma advertência dos seus superiores. É fato que Temer é um presidente ilegítimo, que chegou ao poder através de um golpe, mas ainda assim é a autoridade máxima do país. O procurador Diogo Castor, em artigo publicado no “Globo” sob o título de “O decreto do insulto”, criticou Temer pelo indulto do Natal, acusando-o de ter editado o decreto por ser “diretamente interessado na norma”, isto é, o perdão de “todos os crimes de colarinho branco, como corrupção e lavagem de dinheiro, que, coincidentemente, são os delitos por que ele e quase toda a sua trupe estão denunciados ou já condenados”. Outro procurador, Deltan Dallagnol, disse que “o povo brasileiro está cansado de ser insultado por um presidente e alguns ministros do STF lenientes com a corrupção”. Percebe-se, por aí, que o país virou uma esculhambação.

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Transformado em celebridade pela mídia golpista, que conta com a operação para retirar Lula do cenário político, o pessoal da Lava-Jato passou a se considerar o poder maior do país, com autoridade para criticar até os seus superiores que, por alguma razão amedrontados, se fazem de cegos, surdos e mudos para os seus abusos e ousadia. Apesar de toda a cobertura da mídia, porém, eles devem ingressar enfraquecidos no novo ano, porque já estão sofrendo revezes em suas decisões. A arrogância deles já está incomodando os ministros do Supremo, que entendem que não devem prestar contas dos seus atos a subordinados. E tudo indica que logo no início do ano a Lava-Jato perderá mais fôlego, porque já está bem claro que o seu objetivo não é investigar corruptos, mas impedir Lula de voltar ao Planalto, o principal objetivo para o qual foi criada. Por isso perdeu o apoio do povo, que no dia 24 vai ocupar as ruas de Porto Alegre para pressionar o TRF-4 que, nessa data, julgará o recurso de Lula contra a sua condenação pelo juiz Sergio Moro. Qualquer que seja o resultado, depois dele a Lava-Jato não será a mesma.

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