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Edmar Antonio de Oliveira

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A Líbia partida entre Turquia e Egito: a geopolítica no mediterrâneo

Com a disputa do território por outros países, não seria de surpreender que em um futuro não muito distante, a Líbia volte a ser dividida em duas ou mais nações, como na antiguidade

(Foto: REUTERS/Esam Omran Al-Fetori)
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A Líbia é uma região no norte da África outrora dividida em Tripolitânia ao Leste, Cirenaica ao Oeste e Fazâ ao Sul, que desde a antiguidade se viu ocupada por potências estrangeiras, conseguindo a independência da Itália após a Segunda Guerra. Foi instalado um governo monárquico autoritário que permitia forte presença de forças militares em seu território, principalmente britânicas e francesas. 

Após a descoberta de petróleo, a insatisfação da empobrecida população com a desigualdade e as atitudes ditatoriais do governo real se agrava e, em 1969, oficiais líbios nacionalistas de ideologias pan-arabistas e socialistas, organizam uma revolta e tomam o poder. Este movimento foi liderado pelo coronel Muamar Kadafi, que se declarou líder da Líbia, adotando um sistema singular de organização política baseada nos princípios do socialismo árabe, embora o controle das instituições na prática, estivesse nas mãos de Kadafi. Durante seu governo, cercado de polêmicas, a exploração do petróleo garantiu relativo bem estar social da população, que chegou a ostentar o melhor IDH do continente africano. 

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Em 2011, protestos sacudiram o mundo islâmico, levando rebeldes líbios com apoio ocidental a derrubar o governo Kadafi e lançou o país em uma guerra civil e conflitos entre senhores da guerra, incluindo uma fração do grupo Estado Islâmico.

Após anos de idas e vindas, dois grupos conseguiram se impor no país. De um lado, o Exército Nacional Líbio (ENL), liderado pelo general Hafter, que controla o Leste e o Sul da Líbia, graças a uma grande gama de alianças, incluindo antigos oficiais e milícias kadafistas. Do outro lado, o Governo do Acordo Nacional (GNA), grupo apoiado e reconhecido pela ONU como autoridade nacional para o país, controla a capital Trípoli e o litoral Oeste da nação africana. Estes dois grupos entraram em confronto recentemente, quando o general Haftar iniciou uma ofensiva para tomar a capital e manteve um cerco por meses, até a chegada de apoio da Turquia que obrigou o ENL a recuar. 

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A intervenção turca levou o parlamento do Egito a autorizar o envio de tropas para a Líbia, a fim de apoiar o grupo de Hafter, escancarando a disputa geopolítica na região. A Turquia pretende ampliar sua influência local, apoiando grupos e governos de inspiração islâmica, como a Irmandade Muçulmana e o GNA, visando construir uma área de influência semelhante a do Império Otomano, continuamente exaltado pelo presidente Erdogan. Este movimento encontra resistência dos grupos seculares com tendências autoritárias, como no caso do presidente Al-sisi do Egito, que inclusive chegou ao poder após um golpe contra a Irmandade Muçulmana egípcia e não pretende ver a região controlada por este grupo ou por similares.

A Rússia por sua vez, tende a apoiar o Egito e o ENL, mas o faz de forma tímida, evitando conflitos com a Turquia, um aliado muito importante para os russos na região, mas pretende manter outros aliados na região como o general Hafter, para garantir influência e poder de barganha quando necessário. 

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Embora os dois grupos que controlam a Líbia mantivessem um relativo cenário de estabilidade, o avanço do ENL sobre Trípoli e o envolvimento direto da Turqui tendem a gerar uma escalada nos conflitos no país, que desde a queda de Kadafi, não possui um governo central e observa frequentes crises humanitárias. Diante deste cenário, não seria de surpreender que em um futuro não muito distante, a Líbia volte a ser dividida em duas ou mais nações, como na antiguidade.

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