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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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A magia do pensamento

Museu Nacional (Foto: Reuters/Ricardo Moraes)
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Duas tragédias se conjugaram para ferir, senão de morte, duramente, as instituições que ao longo dos dois últimos séculos se firmaram para representar a reflexão no Brasil. Desde o iluminismo, já se sabe que o progresso, material e intelectual, depende, entre os povos, da capacidade de pensar, pesquisar e criar, três vertentes de iniciativas paralelas. A difusão da epidemia e um governo medíocre tiraram das universidades a sua vocação principal: a de produzir propostas que venham a se somar ao esforço de desenvolvimento. Com a escassez de verbas e a contaminação da Covid-19, bem como as ameaças latentes que desencadearam, os campi acadêmicos se transformaram em deserto. Inevitavelmente, sofreram os exercícios de reflexão. A magia que há muito nos premiava o pensamento dá sinais de se dissolver no ar. Só na UFRJ, vários incêndios prejudicaram as condições de trabalho, para não falar no Museu Nacional, com perdas no acervo e no plano das ideias. Isso sem citar as pressões salariais, emanadas de um Ministro da Economia que prefere investir em paraísos fiscais e enamorar-se com o que nos chegam de fora.

Também é verdade que acumuláramos do passado importantes experiências com a vacinação, graças às quais nenhuma campanha do atraso, capitaneada pelo Planalto Central, levou a população a rejeitar os imunizantes. O SUS trabalhou intensamente, a despeito das orientações determinadas pela atual gestão.

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Pensar não se reduz a uma função do cérebro que todos possuímos. Pensar é agir de acordo com o que se descobre na esfera do espírito e que nos permite aspirações no sentido de grandezas não imaginadas. Por isso, desde o iluminismo, o conjunto das nações se esforça por garantir escolaridade para todos e aprofundamento na ciência. Governos anteriores compreenderam a prioridade do investimento e ampliaram o número de vagas, a quantidade de cursos e as possibilidades de aperfeiçoamento no exterior, traduzidas em bolsas de estudo. Nada disso foi para adiante. Os órgãos de financiamento, como CNPq e CAPES se reduziram à expressão mais simples, traíram uma linha de apoio ao meio acadêmico já com tradição de excelentes resultados. A outra face da moeda consistiu em multiplicar os exemplos de servilismo na escolha dos dirigentes. Ora, a autonomia representa uma das condições do bom funcionamento nos quadros universitários. Machucá-la ou desrespeitá-la, assinala a preocupação em agradar em detrimento dos interesses da comunidade.

Não estamos nos colocando a favor da dicotomia cultura versus ignorância ou inteligência versus mediocridade, não obstante os nossos desafios também passem por elas. Falamos sobre o Estado – e os seus interesses exigem uma política capaz de nos fazer crescer. Vemos uma administração preocupada, sobretudo, em aparelhar os cargos de comando, para garantir controle. Felizmente, os ares começam a mudar no mudo inteiro: em Portugal, o voto garantiu a vitória dos socialistas; na América do Sul, passando pela Argentina, Chile, Bolívia, Peru, e alterações que ainda se anunciam, para não nos esquecer do Brasil, é possível que estejamos a ponto de testemunhar mudanças.

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