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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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A militância política

"Ser militante é dar um sentido à nossa vida, de lutar pela transformação do mundo na direção da justiça social", diz Emir Sader

(Foto: Ricardo Stuckert)
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O descrédito da política e dos políticos, colocado em prática pela direita, atinge, de alguma forma, a própria militância política. Quem milita hoje? Para que militar? Quem faz parte dos partidos de esquerda? Para que?

Houve uma época em que os que queriam mudar um mundo se incorporavam a algum partido político. Havia vários – estou falando só dos partidos de esquerda – que polemizavam sobre estratégias políticas e sobre os valores ideológicos que identificavam a cada um deles.

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Vários deles se identificavam com correntes ideológicas internacionais e com países que construíam governos de esquerda. Ser de esquerda não era somente lutar pela transformação do mundo. Era também se identificar com o mundo pelo qual se lutava, diante das alternativas – comunistas, socialistas, social-democratas, às quais se somaram depois às cristãs de esquerda.

As identificações com a URSS se somaram posteriormente àquelas com a China e, posteriormente, com Cuba. A cada uma delas correspondia a identificação com algum tipo de estratégia – a considerada reformista, via os processos eleitores, às vinculadas a formas de luta armada, tanto aquelas que buscavam reproduzir a insurreição chinesa, quanto às expressas pelas distintas estratégias de guerrilha. 

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Ser militante de esquerda e entrar para uma organização de esquerda tinha todas essas implicações. Ser militante de esquerda podia significar ser comunista, ser maoísta, ser social democrata, ser cristão de esquerda, ser guerrilheiro.

O fim da URSS e do então chamado campo social, a reconfiguração da política internacional da China e também de Cuba,  afetaram diretamente a ideia de ser militante de esquerda.  As pessoas passaram a se definir como de esquerda a partir de definições mais simples.

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No Brasil, a grande maioria das pessoas de esquerda se identifica com o PT, o que não significa ser comunista, maoísta, a favor das guerrilhas ou de outra modalidade de ser de esquerda. 

A existência do Lula se identifica plenamente com a existência do PT. Há quem tenha posições distintas das do Lula, mas está no PT, uma das características da esquerda contemporânea, a do século XXI, esse pluralismo político e ideológico.

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Já não se identifica necessariamente com o anticapitalismo e com algum tipo de socialismo. Luta por uma sociedade mais justa, mais democrática, se identifica, majoritariamente, com o socialismo e suas distintas formas de existência. Lutar pela justiça social, por uma sociedade menos desigual, com menos exclusão social, com mais participação política e com mais democracia em todas as instâncias políticas da sociedade brasileira.

Lula expressa, de forma muito coerente, essas posições. Quando Lula mantém relações com governos que alguns setores de esquerda não consideram democráticos, o faz para manter os laços e as possibilidades de negociações e de unidade da esquerda.

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Se me perguntasse com o que se identifica alguém de esquerda hoje no Brasil, eu diria que se identifica com o Lula. Pode parecer meio redutivo, mas não consigo imaginar alguém de esquerda que não se identifique com o Lula, com sua liderança, com seu governo, com suas posições.  

Se fosse resumir a maior debilidade da democracia brasileira, eu diria que é a participação pequena dos jovens na política. Não termos um discurso que chegue aos jovens, que toque nas suas necessidades e preocupações. Os partidos e movimentos sociais e culturais deveriam ser lugar natural da juventude, mas ainda não ocorre isso. A análise dessa situação deveria ser um termômetro da extensão e representatividade da militância política no Brasil. 

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Eu sempre tive um profundo sentimento de ser militante político de esquerda. Não apenas um simpatizante, que se identifica com os nossos valores, mas não toma a tarefa cotidiana de recrutar militantes, de ajudar na sua formação, na sua organização coletiva. Ser militante é dar um sentido à nossa vida, de lutar pela transformação do mundo na direção da justiça social, na direção de um mundo melhor, na direção de uma sociedade justa e democrática.

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