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Giselle Mathias

Advogada em Brasília, integra a ABJD/DF e a RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e #partidA/DF

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A Pesquisadora 3

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A Pesquisadora demorou para perceber o que lhe acontecera, a ilusão de uma relação que jamais existiu. Tinha sido vista e desconsiderada enquanto humana, o Amigo não respeitara o afeto e não tivera consideração pela amizade, olhara para ela como mais uma propriedade, como mais uma terra a ser conquistada, não a via como igual, não teve reciprocidade no que ela primeiro lhe proporcionara, fraternal a irmandade.

Ela não teve o relacionamento amoroso e descobriu que nem mesmo teve a amizade que tanto valorizava. Fez a tentativa de reconstruir os laços de amizade, mas apenas obteve o silêncio, esse que eles gostam de tratar como resposta, mas na verdade é a opressão, é a possibilidade de manter à disponibilidade, acreditando sempre no padrão da compreensão de Eva, em que voltam a se aproximar com a mesma naturalidade do passado, como se as dores causadas nunca tivessem existido, e as desculpas jamais precisam ser ditas.

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Hoje se tornaram apenas conhecidos, ele se recusou a dialogar, disse que tudo era uma grande bobagem, que ela superasse; a silenciou. Desconsiderou o afeto, a tratou como se servisse apenas para atendê-lo, pois o que lhe interessava era dar prazer ao seu ego, suprir suas necessidades e vazios emocionais.

Percebi em sua fala a mágoa, a decepção e dor pela perda, nada sobrara daquela relação. 

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Os padrões em que somos moldados estava totalmente presente na situação que a Pesquisadora vivera, e não posso dizer se ela observa ou observou como se envolveu nessas teias, a partir do que conhece como comportamento esperado, e, constantemente reproduzido por homens e mulheres.

Acredito que não questionamos como estamos instrumentalizando o outro para suprirmos as carências produzidas por um sistema tão competitivo. Nossos vazios não se reduzem a ausência de um companheiro ou companheira, e a necessidade humana não pode ser preenchida pelo consumo, pelo acúmulo, nem por bens materiais.

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Quando olhamos para o outro como um mero objeto, a ser utilizado para atender ou preencher momentaneamente um vazio, quando estamos a todo momento tentando, através de máscaras, nos mostrarmos como perfeitos, apenas reproduzimos um modelo ideal imposto, não o que somos verdadeiramente, e as angústias do vazio vão se instalando dentro de nós. Sabemos que ao tratar o humano como descartável, também, seremos vistos e tratados como descartáveis, pois são essas as relações superficiais, rarefeitas e com aspecto de voyerismo que estão sendo produzidas e induzidas insistentemente pelo outro. 

Talvez por causa do medo do sofrimento, por sermos considerados descartáveis, para o trabalho, para as amizades, amores e até para as famílias, o estar só, assumir a solidão e aceitar o discurso que os likes e os emojis são suficientes para aplacar o vazio de nós mesmos seja a única alternativa que nos resta. 

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Mas quero acreditar na possibilidade da reflexão, de não sucumbirmos a escravidão que nos é imposta por meio de um sistema cultural violento, que nos formata e define como devemos nos vestir, o tamanho de nossos lábios, a cor dos cabelos, o formato do corpo, a como nos comportar, desejar e amar aquilo que é vendido como padrão de um falso sucesso. Porque apesar de cumprir todos os padrões impostos, a nossa unicidade e individualidade gritam, e o vazio para tentar ser algo que não somos, se instala, e a dor e angústia passam a dominar nosso ser; mesmo que não consigamos entender.

A Pesquisadora superou a dor e a decepção, hoje se reconstrói, nos diz que a amizade, nossos encontros, a compreensão e solidariedade que temos umas com as outras, faz com que ela tenha fé e esperança na vida. Acredita no humano, e quando encontra pessoas que possuem a mesma fé que ela, se conforta. A verdade, o diálogo, a reciprocidade e cumplicidade que temos nos preenche e nos alimenta na alma.

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Nessa noite, a do encontro de amigas, estávamos alegres, sentíamos a felicidade de estarmos juntas, do olhar nos olhos, de ouvir uma à outra, de concordar e discordar, regozijávamos e compartilhávamos nossas experiências, os afetos e a vida. 

E a Nutricionista nos trouxe algo a mais para pensarmos, e revermos como nos tratamos, falou sobre a tal “rivalidade” feminina. Atitude insidiosa que reforça o machismo e nos afasta de nós mesmas.

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