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Cássio Vilela Prado

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A volta dos que não foram - A carta de Temer

Temer, o novo Presidente da República biônico, tenta se legitimar ´todo custo. Recentemente ele escreveu: "Eu vou salvar o Brasil", montando um governo provisório do tipo "Frankenstein" e ressuscitando assim os mortos vivos de 1.500, que na verdade nunca morreram

Temer, o novo Presidente da República biônico, tenta se legitimar ´todo custo. Recentemente ele escreveu: "Eu vou salvar o Brasil", montando um governo provisório do tipo "Frankenstein" e ressuscitando assim os mortos vivos de 1.500, que na verdade nunca morreram (Foto: Cássio Vilela Prado)
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"(...) A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. ...
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos.
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...).".

A Carta de Pero Vaz de Caminha

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Ao desembarcar na Terra de Santa Cruz, o que trouxe o explorador e navegador, Pedro Alves Cabral (1467-1529), além de cacarias para tentar engalobar os índios – supostos proprietários usucapião de suas "velhas terras" por eles batizadas de "Pindorama" – depois de um incidente de percurso marítimo?

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Já se antevinha nas palavras escritas de Pero Vaz de Caminha (1450-1500) ao rei de Portugal, D. Manuel I (1469-1521): "salvar essa gente".
Como se sabe, embora existam outras versões, o lucro exorbitante resultado de expedições da frota marítima portuguesa à Índia fez com que Portugal e outros países europeus expandissem os seus solos, sob a imperativa aurora que se anunciava da classe burguesa aliada à nobreza, embora esta última ainda trazia em seus cérebros os genes incrustados do feudalismo onde a lógica do contrato da servidão vigorava de forma intransponível.

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Pero Vaz escreveu em sua carta que ainda não eram visíveis as riquezas materiais do ouro e da prata, contudo, o seu olhar insipiente estivesse aí detido e a tudo o mais que pudesse produzir capital, donde se deduz que caso encontrasse as "minas preciosas" não faltaria mão-de-obra (indígena), bastando para isso domesticá-la e qualificá-la, nas palavras de Pero Vaz: "salvar essa gente".

Ao que parece, "essa gente foi salva de si mesma". Junto com ela também os foram os descendentes afros e toda a miscigenação proveniente da mistura de europeus, indígenas, negros africanos, imigrantes japoneses ... Todos salvos de seus próprios processos culturais genuínos e elevados à cultura da lógica de pertencimento à sociedade de consumo com o seu apogeu capitalista contemporâneo.

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Na verdade, a pretensa "salvação" a que se referiu Caminha não foi nada além do que um "massacre cultural explorador" visando tão somente o lucro exorbitante retirado do solo e do trabalho executado pela mão-de-obra surrupiada de um povo "salvo".

Decorridos mais de 500 (quinhentos anos) desde aquela carta de Caminha, os novos proprietários naturalizados e salvadores do Brasil se sentiram ameaçados em seus direitos "divinos e naturais" com a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao comando do executivo do país, após a vitória nas urnas democráticas à Presidência da República do socialista, mecânico e nordestino pobre, Luis Inácio Lula da Silva, assustando sobremaneira as velhas mentes e corpos residuais do ano de 1.500 que de imediato se colocaram de prontidão, à espreita de um insuspeito "bote", visto que para essa classe (mentes e corpos) remanescente do ano de 1.500 o Brasil somente a eles pertencem.

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Talvez o grande erro do Partido dos Trabalhadores seja aquele do qual ele mais se envaidece: a distribuição da renda.
Entretanto, essa renda distribuída – e importante a sua distribuição – se ateve apenas aos bens de consumo do grande cardápio capitalista: carros, casas, alimentação... O acesso às Universidades, aos aeroportos, aos shoppings, etc., sem dúvida nenhuma foram conquistas importantes das classes desabastecidas para o desenvolvimento geral do país, embora - e aqui talvez resida o erro – lançou-se de vez essa "classe emergente" no centro da lógica capitalista do consumo, na qual tudo é pouco, sempre se quer mais e mais.

Qualquer incidente de percurso na economia do país que minimize os ganhos dos "emergentes" são vistos como uma ingerência governamental imperdoável, haja vista o imperativo da lógica mercantil e financeira nas subjetividades da população insurgida (aquela "salva").
Louvável e importante a política social democrática distributiva dos governos do PT. Não obstante, esqueceu-se de "educar e politizar" esse mesmo povo contemplado pelos benefícios materiais e pela sua ascensão ao pequeno mundo capitalista.

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Essa nova "classe insurgente", diante da queda de seu poder de compra (consumo), devido às crises internacionais e a equivocada política econômica adotada pela então petista, a atual Presidente Dilma Rousseff, ao se aproximar em demasia dos ideais político-econômicos da elite brasileira, mobilizou o mesmo clã remanescente do ano 1.500, agora com o apoio dos ingratos e insatisfeitos insurgentes.

Tudo então estava favorável para "bote" fatal das "cobras sanguessugas salvadoras" de 1.500 que já se encontravam à espreita.
O "bote" com o nome de "impeachment" – palavra estrangeira" – foi dado.

Temer, o novo Presidente da República biônico, tenta se legitimar ´todo custo. Recentemente ele escreveu: "Eu vou salvar o Brasil", montando um governo provisório do tipo "Frankenstein" e ressuscitando assim os mortos vivos de 1.500, que na verdade nunca morreram.

É a volta dos que não foram.

Cadê os vivos?

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