Adeus, nhô pai
Lembrei-me de um fato ocorrido há 21 anos, quando dividi a mesa de lançamento do meu livro, no Rio, com Rolando Boldrin

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Lembrei-me de um fato ocorrido há 21 anos. Eu entrando na 10ª Bienal do Livro do Rio, me esgueirando por entre os visitantes, tentando achar o estande da editora Nova Alexandria. Nele, autografaria meu primeiro livro de crônicas, O Caseiro do Presidente - e outras histórias de uma chácara quase em estado de sítio.
Estreara bem, já com prefácio de Luis Fernando Verissimo, onde o mestre me chamava de “raridade na crônica brasileira”. Fora a cereja do bolo: dividir a mesa de lançamento, no Rio, com Rolando Boldrin.
O Sr. Brasil estava colocando nas prateleiras, pela mesma casa editorial, o livro Contando Causos. O Estadão, de 5 de junho de 2001, descrevia assim a obra:
“Para não perder a oralidade das histórias, Rolando Boldrin inspirou-se em uma dupla literária de forte tradição popular: os paulistas Juó Bananère e Cornélio Pires. Do autor de La Divina Increnca, valeu-se do patois falado pela colônia italiana de São Paulo para reproduzir o linguajar do tabaréu, enquanto teve no segundo um modelo e exemplo de autêntico divulgador da cultura popular”.
A presença do contador de causos mais querido do Brasil no estande fez com que O Caseiro do Presidente vendesse mais do que garrafa de água mineral em congestionamento. Quem levava o livro dele, já pegava o meu.
Pelas 18 horas, o editor nos acomodou num táxi e fomos os dois pegar a ponte aérea no Santos Dumont. Começaria ali a melhor parte da jornada. Se presenciar Rolando Boldrin contando causos na TV já é inefável, imagine ao vivo, e ainda com a possibilidade de interagir.
No bar do aeroporto brindamos aos lançamentos triscando nossas taças de vinho. Durante todo o voo, Boldrin me contou bastidores, opinou sobre artistas, filmes, canções. Falou ainda com orgulho do neto, Marcus, que é comandante da LATAM.
Por meu lado, pude lhe revelar as minhas favoritas em sua voz: Cavalo zaino e Minas Gerais.
Em Congonhas, nos abraçamos, e ele não me viu mais. Mas continuei o encontrando, sempre, em seu programa. Até que um dia recebi um presente inesperado ao ligar a TV: Boldrin fazia o recitativo de Deusdéti, que compus para o Língua de Trapo.
Adeus e obrigado, nhô pai!
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