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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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Adriano, o miliciano, tem dossiê guardado

(Foto: Esq.: Wilson Dias -A BR)
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Não! Recuso-me acreditar que Adriano da Nóbrega não possuía um dossiê como ferramenta última de proteção de sua vida. Na verdade, o miliciano mais “próximo” da morte de Marielle Franco e tão ligado à família Bolsonaro não era um amador. Sabia que seu destino seria a morte. Por óbvio, ele tivera tempo no “exílio”, escondido na Bahia, de produzir um dossiê em que iria prevenir que algum acidente pudesse lhe ocorrer (e por isso demorou tanto ser assassinado por seus pares).

O fato é que todo este caso é um mistério óbvio. Os mais poderosos ocupantes do poder da República na atualidade estão por traz da morte da vereadora do Rio de Janeiro e de tantos outros crimes relacionados à disputa de poder, dinheiro e história, neste País.  

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Com o devido respeito, mas Marielle é ativista tão guerreira e relevante quanto algumas outras lideranças no País. Contudo, seu assassinato é um ponto fora da curva; um acidente colateral nas estratégias de ação da Milícia – que atual na República. Não por sua importância tão relevante na luta e defesa dos direitos humanos e sua carreira ascendente, podendo alçar os voos mais significativos na política brasileira. Contudo, essa organização miliciana se entranhou em alguma rusga de cunho pessoal. Isto é, na hipótese aqui que levanto, um vereador ligado aos milicianos[1], ou algum dos policiais do grupo, para além dos negócios e da frieza dos atos planejados ao poder, teve seu “orgulho ferido” por contextos de ordem mais direta e... resolveu “dar cabo” da vereadora.

O que não esperava(m), estes de “orgulho ferido”, é que o martírio de Marielle consignasse a justa comoção nacional por sua morte, e fosse atravessar os oceanos a representar a mística da resistência em todo o Planeja àqueles que lutam ou esperam por justiça e direitos. Marielle tornou-se um símbolo dessa resistência em todo canto[2]. E o erro tático de um (ou uma parte do grupo) miliciano que orbita, atualmente, o Palácio do Planalto, tornou-se a própria desgraça dos poderosos da ponte aérea: Brasília-Rio de Janeiro, podendo vir a ser o calcanhar de Aquiles daqueles que, buscando o poder por meio de crimes, por estes crimes poderão perder o poder.

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Feitas estas considerações transversais, resta claro que Adriano é uma peça chave para desvendar o quebra-cabeças desse “vacilo” dos milicianos. E algum miliciano-mor exigiu a queima de arquivo àquele(s) que vacilou(aram), por saber que a mística de Marielle Franco está batendo à porta de todos, inclusive dos investigadores que se viram “obrigados” a puxar o rabo do gato e desvendar este crime tão bárbaro, contudo, tão épico, do ponto de vista da História.

Portanto, Adriano, diga-se: ex-capitão do BOPE, o que o qualifica como um agente de inteligência pelos acervos técnicos e operacionais que a profissão exigia, jamais morreria sem deixar um dossiê; sem “pedir perdão” ao cosmo por tantos crimes cometidos, dessa forma, guardando, por um escrito, a memória de seu maior crime: participar do assassinato de uma heroína chamada Marielle Franco.

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Por finalmente, o que nos deixa mais angustiados agora com a morte de Adriano é: quem conseguirá chegar primeiro a seu dossiê: os filhos de Bolsonaro, que são amigos de Adriano, ou a família de Marielle, isto é, as milhões de pessoas que exigem justiça por sua morte?

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[1] Todos os eleitores no Rio sabem que parcela significativa dos veadores são eleitos com o (pelo) dinheiro da milícia, e distribuídos pelos vários bairros da capital fluminense.

[2] Várias cidades importantes no mundo promoveram homenagens, inclusive permanentes, como dar nome de rua à política brasileira. Universidades em todo o globo terrestre e inúmeros outros organismos, renderam-se à luta e martírio de Marielle Franco.

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