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Gustavo Arnizaut

Gustavo Arnizaut é jornalista profissional. Desde 2002 trabalha como consultor internacional em comunicação e gestão de projetos de cooperação internacional no âmbito de Acordos Ambientais Multilaterais de proteção climática e desenvolvimento sustentável

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Alerta vermelho para a humanidade, diz relatório da ONU para o Clima

Com o argumento científico claro, tecnologias globais a preços acessíveis e soluções à disposição dos países, o termo da equação climática que falta seria o do compromisso político. Não se pode postergar as obrigações de todos os que intencionam atingir a meta carbono zero em 2050

Setor elétrico impulsiona expansão do setor de gás (Foto: Reuters/Petar Kujundzic/Arquivo)
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O mundo deve experimentar um aumento das temperaturas nas próximas décadas, mas a reversão do quadro é possível com a fixação de metas ambiciosas de ¨descarbonização¨ até 2050. No atual ritmo, o aumento de temperaturas médias será superior a 3C até o final do século, o dobro do pretendido para a estabilização do clima e a contenção dos impactos ambientais já em curso. 

¨As mudanças do clima estão se espalhando rapidamente e de forma intensa e sem precedentes vistos por milhares de anos. No decorrer deste ciclo, nós temos avisado que a ciência se expressou e cabe agora a ação dos formuladores de políticas, ¨ disse Hoesung Lee, presidente do IPCC.

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O grupo I - Base Física e Científica – do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC em inglês) da ONU divulgou os resultados iniciais de seu capítulo nesta segunda feira, 9 de agosto. O trabalho contou com 234 autores de 65 países, dos quais 63% contribuíram pela primeira vez. 14 mil documentos científicos foram analisados pelo grupo e o processo de revisão em duas fases recebeu mais de 78 mil comentários. O resultado do trabalho será incorporado ao 6º relatório final de avaliação do IPCC, em setembro.

Valérie Masson-Delmonte, co-presidente do Grupo I do IPCC, informou que ¨oceanos e a florestas da terra nos proveem um grande serviço ao absorver 56 % dos 40 bilhões de toneladas equivalentes de CO2 emitidos anualmente. A eficiência desse serviço estaria reduzida se aumentarmos as emissões¨. O estudo trabalhou em 5 cenários acima da meta de 1,5C de aumento até 2100 e demonstrou a potencial reação destes sistemas naturais de absorção, caso as emissões se estabilizem ou atinjam níveis negativos ou zero, relacionando o impacto direto entre a poluição e o ¨orçamento¨ corrente de carbono.

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O grupo de cientistas analisou as transformações dos oceanos, na atmosfera e na terra, bem como os possíveis impactos na vida humana e animal, apontando o inevitável comprometimento de solos e dos sistemas de produção alimentar; a acidificação dos oceanos e perda de ecossistemas, o degelo nos pólos e as mudanças nas correntes marítimas que causam a recorrência de eventos climáticos extremos. O aquecimento global tem sido monitorado e noticiado, vide a temporada de incêndios que assola o verão hemisfério norte – na Turquia e Grécia, da Califórnia à Sibéria – e as tempestades e inundações na Alemanha e China há poucas semanas.  

Nas florestas boreais frias da Rússia, por exemplo, os incêndios trazem o agravante de liberar o gás metano originado a partir do metabolismo da musgos e líquens, após o degelo do ¨permafrost¨ - a crosta de gelo do solo siberiano. Cada molécula de gás metano, o mesmo liberado por matéria orgânica depositada em lixões e aterros, tem um potencial de aquecimento global oitenta e seis vezes maior que a unidade de dióxido de carbono – o CO2, usado como referência no cálculo do aquecimento global. 

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Analistas do contexto da ação climática indicam três pilares para a preservação do equilíbrio atmosférico e dos ecossistemas e para a manutenção das temperaturas globais dentro da meta de 1,5C. O primeiro se refere às evidências científicas que comprovam a interferência humana negativa no clima global, o efeito antropogênico que desde a industrialização no meio do século XIX tem acelerado as emissões de gases de efeito estufa e desequilibrado o planeta.

O segundo pilar de referência para o controle do equilíbrio climático é a disponibilidade de tecnologias, disponíveis e acessíveis a um custo bastante menor que há dez anos. Houve avanço no desenvolvimento de tecnologias que habilitariam a transição energética a um ritmo acelerado, a exemplo de sistemas termo e fotovoltaicos, de geotermia e uso de combustíveis não fósseis, soluções de gestão do lixo e geração de energia a partir de resíduos de consumo urbano, alternativas de refrigeração comercial e industrial que não usam gases poluentes à camada de ozônio ou ao clima, entre um sem-número de avanços. 

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O relatório do IPCC da ONU é a prova científica que pode confrontar ainda remanescentes líderes ¨negacionistas¨ da catástrofe climática. Servirá de base para as discussões acerca das ambições do Acordo de Paris entre os estados membros do UNFCCC durante a Conferência da Partes do Clima em Glasgow (COP26), Reino Unido, em Novembro. 

Inger Andersen , Diretora Executiva da UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), lembrou que os países do G20 são as maiores economias do planeta e responsáveis por 80 % das emissões globais de carbono: ¨Estes países têm uma oportunidade única de contribuir além dos compromissos que estão à mesa de negociações no momento e elevar suas ambições até a COP26.¨ 

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Implementar este portfólio de soluções de tecnologia depende da disponibilização de recursos e dos instrumentos políticos com esta clareza de objetivos. Este é o terceiro ponto apontado por especialistas. Espera-se que na COP 26 possa haver a redução de disputas retóricas entre países desenvolvidos e os emergentes sobre ¨responsabilidades compartilhadas, porém diferenciadas¨, em que persiste o argumento entre culpados pelo consumo excessivo de recursos e as vítimas do desenvolvimento. 

Em comunicado prévio a divulgação do trabalho do grupo I do IPCC, o Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, apontou o ˆimperativo moral e econômico de proteger populações que estão na fronteira de risco da crise climática¨, apelando para o compromisso de canalizar 50% dos US$ 100 bilhões anuais em recursos, conforme sinalização já feita há uma década. 

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Com o argumento científico claro, tecnologias globais a preços acessíveis e soluções à disposição dos países, o termo da equação climática que falta seria o do compromisso político. Não se pode postergar as obrigações de todos os que intencionam atingir a meta carbono zero em 2050.

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