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Gustavo Castañon

Gustavo Castañon é professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora

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Alta ansiedade e a unidade possível na esquerda

"A unidade da esquerda parece que não interessa a muita gente. Certamente não interessa à direita. Também não interessa ao PSOL porque eles querem o eleitor do PT pela esquerda. Não interessa a Ciro porque ele teria que ficar na defensiva explicando os erros do PT no primeiro turno. Não interessa à burocracia petista porque eles querem manter a hegemonia na esquerda a todo custo e defender o legado petista", diz o colunista Gustavo Castañon; "Só interessa a nós, meros mortais brasileiros de centro-esquerda que ainda queremos que exista um país depois de 2018"

"A unidade da esquerda parece que não interessa a muita gente. Certamente não interessa à direita. Também não interessa ao PSOL porque eles querem o eleitor do PT pela esquerda. Não interessa a Ciro porque ele teria que ficar na defensiva explicando os erros do PT no primeiro turno. Não interessa à burocracia petista porque eles querem manter a hegemonia na esquerda a todo custo e defender o legado petista", diz o colunista Gustavo Castañon; "Só interessa a nós, meros mortais brasileiros de centro-esquerda que ainda queremos que exista um país depois de 2018" (Foto: Gustavo Castañon)
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Não restam dúvidas que estamos perdendo cada vez mais direitos civis e liberdades democráticas. O golpe de estado ainda em curso não acabou seu desmonte, e ao contrário do que previa, vai precisar tomar cada vez mais liberdades para impor o pacote escravagista e plutocrata ao povo brasileiro.

A deflagração da operação midiática contra Jacques Wagner dias depois da revelação do MP Suíço de que o operador das propinas do PSDB de São Paulo, Paulo Preto, tinha R$113 milhões numa offshore panamenha, torna ainda mais evidente um nível de comprometimento não só político, mas partidário de nosso judiciário.

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E também que não deixarão Lula concorrer em 2018.

O PT sabe que não tem plano A, não tem mais plano B de Wagner e que o plano C que é Haddad não quer disputar de jeito algum. Requião não quer ir para o PT do Paraná e Celso Amorim é um grande nome que no entanto não tem densidade nem apetite eleitoral.

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Diante desse beco sem saída o PT entrou em estado de alta ansiedade e pressiona por definições antes que toda tessitura de alianças e palanques para 2018 se torne pó. Enquanto os membros não afetados pela perseguição judicial se dispõem a apoiar uma candidatura externa, a burocracia do partido resiste violentamente. Ela quer manter o protagonismo e a hegemonia petista na esquerda a todo custo. No caso, à custa da ruína final do Brasil.

Porque o que as pesquisas indicam hoje de forma unânime é que um candidato do PT que não Lula perde no segundo turno. Até para Bolsonaro. É por isso que um poste de Lula é o sonho dourado de Alckmin e da plutocracia. Manter a polarização PT-PSDB é o projeto que une os dois partidos.

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Blogs ligados ao PT de São Paulo nos últimos dias descarregaram as metralhadoras contra Ciro, o acusando novamente de "ataques a Lula" que são nada mais do que a repetição das críticas políticas que ele faz desde 2010.

Ciro continua a afirmar que acredita que Lula é inocente. O YouTube está cheio dessas declarações. Eu mesmo já ouvi dele num almoço público com professores que tinha lido todo o processo e que não havia prova alguma de culpa de Lula.

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No entanto há de se reconhecer que Ciro parece determinado a não conceder ao PT o comportamento que o partido quer dele. Ele deixa claro que não abrirá mão de criticar os erros dos governos Lula e Dilma na campanha. Parece não querer o apoio do PT no primeiro turno, pois está pensando em como ganhar o segundo. O problema é que se o PT lançar um poste, Ciro pode não chegar lá. Ele e toda a esquerda.

Está na hora de Ciro aprender com o velho Brizola a só responder o que quer. Pautar os juros, reformas, privatizações, problemas e propostas para o Brasil. Quando Brizola queria pautar um problema, como escola, a Globo podia perguntar sobre o desfile da Mangueira que ele respondia sobre escola. A única coisa que interessa à imprensa em Ciro é que ele repita as críticas sobre Lula. E à parte da blogosfera petista também.

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Porque a unidade da esquerda parece que não interessa a muita gente. Certamente não interessa à direita. Também não interessa ao PSOL porque eles querem o eleitor do PT pela esquerda. Não interessa a Ciro porque ele teria que ficar na defensiva explicando os erros do PT no primeiro turno. Não interessa à burocracia petista porque eles querem manter a hegemonia na esquerda a todo custo e defender o legado petista.

Só interessa a nós, meros mortais brasileiros de centro-esquerda que ainda queremos que exista um país depois de 2018.
Diante desse quadro é praticamente um milagre o documento produzido pelas fundações dos partidos de centro-esquerda brasileiros: PDT, PT, PCdoB, PSOL e, surpreendentemente, PSB.

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Ciro, que começou como um Quixote solitário a rodar o país há dois anos falando de Projeto Nacional de Desenvolvimento, foi o maior responsável por impor essa pauta à sociedade e à esquerda.

E é inspirado nesse milagre, de pouca consequência prática mas simbolicamente muito importante, que me atrevo a sugerir um caminho para os próximos passos rumo à unidade da esquerda. Um caminho onde seja possível avançar em meio à ansiedade e ao temor que se abate sobre o PT nesse momento.

Esse caminho seria começar a discutir uma frente única, não presidencial, nas candidaturas estaduais pelo país, para que os candidatos a presidente que venham a ser oficializados tenham ao menos um palanque em cada estado, e um senador de dois para eleger.

Reunir forças para chegar ao segundo turno no país inteiro e evitar o esgarçamento político. Conseguir os apoios necessários no Nordeste para que o PSB não seja sugado para fora do campo progressista. Ontem o congresso do partido descartou o apoio a Alckmin e a candidatura JB parece cada dia mais distante. No entanto, o PSB pode caminhar para liberar os acordos estaduais e jogar fora o tempo de TV na eleição presidencial.

Uma unidade construída dessa forma daria ao PSB tudo o que ele precisa para ficar. Há candidaturas naturais já para atrair todo o campo. As de Dino (Maranhão), Camilo (Ceará), Costa (Bahia) e Câmara (Pernambuco), por exemplo. Já outros estados teriam provavelmente que contar com dois palanques, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

O benefício de um tal acordo seria garantir a volta do PSB ao campo popular, candidatos competitivos em todo país e um avanço na unidade da esquerda, à espera das definições do destino de Lula. Talvez o resultado mais importante de tal movimento fosse um apoio unificado a Márcio França em São Paulo, diante da materialização da candidatura Dória. Isso desmobilizaria o centro da estratégia de Alckmin e deixariao PSDB sem a máquina do Estado de São Paulo durante as eleições.

Utopia? E desde quando não buscamos utopias na esquerda?

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