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Gisele Araújo

Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), doutora em sociologia, psicóloga, bacharel em direito e psicanalista.

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América Latina, golpes acelerados

O ataque acelerado sobre toda a América Latina visa retomar o rumo da consolidação da direita, do neoliberalismo e da subserviência econômica e geopolítica aos EUA, o que só pode ser atingido com a violação das democracias sob a violência do fascismo

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A ofensiva sobre a América Latina é geral. Trump, cujo governo acabará em novembro de 2020 e vê aumentado o risco de não se reeleger (risco ainda pequeno, mas em ascensão), acelerou o tempo. O projeto é o controle total do território da América Latina e, pra isso, aproveita alguns acontecimentos da região, provoca outros.

No Equador, foi o movimento progressista seguido da contraofensiva; no Chile, a convulsão popular, de desfecho indefinido, e de onde vem a notícia recente do ataque à embaixada da Argentina, ainda não se sabe por quem; na Bolívia, a eleição de Evo Morales, pleito desde o início sob ameaça da direita e da OEA, seguida do golpe explícito, mesmo com o compromisso do Presidente eleito em chamar novas eleições. A direita articulada acelera o tempo diante das perdas parciais representadas pela eleição do peronismo na Argentina, as eleições municipais na Colômbia, os movimentos no Equador e no Chile, a própria vitória de Evo e a soltura de Lula. 

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Não é à toa que a invasão da embaixada da Venezuela no Brasil se faz logo em seguida ao golpe na Bolívia, no mesmo dia em que Rússia e China estão em Brasília, e o Congresso Nacional e o STF estão com atividades suspensas. Invasão legitimada pelo governo brasileiro, que reafirma reconhecer o autoproclamado Guaidó, tal como reconheceu a também autoproclamada senadora de direita Añez como presidente da Bolívia. A direita, não tendo tido êxito até então em desmontar a Venezuela, veio pelo caminho da Bolívia e em três dias atacou a Venezuela via Brasil.

O modo como a ofensiva desta década se desenrola difere dos golpes dos anos 1960/70. Guerras híbridas com a distribuição massiva e seletiva de notícias falsas, aliado ao chamado lawfare: a corrupção do aparato judicial mobilizado para fins políticos, organizada pelos EUA e apoiada pelas mídias oligárquicas, como aqui no Brasil, no Equador, na Argentina. Não são golpes militares tradicionais, mas as forças armadas são o fiel da balança. Permanecem em omissão, como num primeiro momento na Bolívia e no Brasil. Ficam na retaguarda, porque na linha de frente estão milícias fascistas, financiados e organizados, com a bênção ideológica das religiões neopentecostais de direita que sustentam o discurso dos golpistas e, com a sua enorme capilaridade, obtêm ao menos parcialmente a adesão ou passividade das massas. 

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Bolívia, incerto. Chile, incerto. Se a ofensiva à Venezuela for vitoriosa hoje, virão outras em cascata.

Atacar a Venezuela em solo brasileiro, em plena reunião dos BRICS, é humilhação e desrespeito aos países que sustentam a não intervenção naquele país. Uma violação do direito internacional que é um verdadeiro chamado à guerra. O alvo é o próprio BRICS, cuja instabilidade e inviabilização é tudo que Trump quer.

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A própria posse do Fernandez na Argentina, em 10 de dezembro, está ameaçada. 

Abriu-se nos últimos meses, e acelerou-se nesses últimos dias, uma reação brutal da direita. Para os propósitos geopolíticos de Trump, ele não pode se dar ao luxo de não ter Argentina, Uruguai (se a frente ampla ganhar o 2o turno), e o México que está sob Lopez Obrador e que salvou a vida de Evo Morales, como ele próprio disse. A direita queria ver Evo morto e exposto em praça pública, como o símbolo maior da dominação das elites e da humilhação dos povos indígenas. Não pode se dar ao luxo de eventualmente perder o Chile, e de ver seu domínio dificultado no Brasil pela liderança de Lula, livre e inocente. Já não tem Venezuela, Cuba e Nicarágua. Haiti e Honduras também estão em convulsão. 

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O que parecia ser a construção de uma hegemonia de direita duradoura sofreu e está sofrendo revezes, graças a movimentos populares progressistas, nas ruas e na via eleitoral. O que se passa é exatamente a reação. O ataque acelerado sobre toda a América Latina visa retomar o rumo da consolidação da direita, do neoliberalismo e da subserviência econômica e geopolítica aos EUA, o que só pode ser atingido com a violação das democracias sob a violência do fascismo.

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