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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Ante o silêncio do CNJ e do STF, uma CPI vai investigar Moro

A sociedade, que tem prestigiado Moro em sua atuação na Lava-Jato, precisa de uma explicação mais convincente sobre a denúncia do advogado Rodrigo Tacla Duran, não uma simples negativa, já que negar acusações não impediu, dentro da própria operação, que outros acusados fossem presos e condenados

O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Ribamar Fonseca)
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Ao completar-se um ano do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff e colocou Michel Temer no Palácio do Planalto, um processo vergonhoso apoiado pela mídia que expôs um Congresso apodrecido e um Judiciário partidarizado, tem-se a impressão de que o Brasil voltou no tempo, experimentando um retrocesso de mais de 20 anos em sua História. Rejeitado pela quase totalidade da população – ele só tem a aprovação de menos de 5% dos brasileiros mais ricos beneficiados por seu governo ilegítimo – Temer em apenas um ano praticamente destruiu o país, entregando o que sobrou para o capital estrangeiro. Os senadores e deputados que aprovaram o impeachment de Dilma e os ministros do Supremo que fingem não ver a destruição da Nação são cúmplices nesse desastre. E certamente serão julgados pela História pela contribuição no desmonte de um país que já se impunha como uma das grandes potencias mundiais e que hoje, infelizmente, foi reduzido a uma republiqueta sem importância no cenário do mundo.

O Brasil, como é fácil perceber, hoje é comandado, nesse processo destrutivo, por dois homens: Michel Temer e Sergio Moro, cada um em seu campo de ação. Um usando a estrutura do poder presidencial para, com a violência de uma bomba de alto poder explosivo, atingir todos os setores de atividades do país, destroçando-os, enquanto o outro, usando o poder da toga e o corporativismo do Judiciário, a pretexto de combater a corrupção complementa o trabalho destrutivo, fechando grandes empresas e colocando no olho da rua milhares de trabalhadores. Embora pareçam estar em campos opostos, os dois se completam e contam com o apoio da mídia. E ambos contam, também, com a complacência do Supremo que, embora tenha poder para mudar essa história, prefere lavar as mãos, como Pilatos, assistindo indiferente à ação deletéria dos dois. Na verdade, a mais alta corte de Justiça do país intimidou-se diante não apenas da mídia mas, também, dos grupos fascistas que hostilizam impunemente todos os que agem em desacordo com os seus interesses.

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Enquanto Temer foi à China na maior cara-de-pau, porque é tratado como uma pária na comunidade internacional – e aparentemente tranquilo quanto à próxima denúncia do procurador Rodrigo Janot – o pessoal da Lava-Jato de vários pontos do país se reuniu num cinema de Curitiba para assistir o filme "A Lei é para todos", uma produção financiada por mecenas anônimos para contribuir na tarefa da própria Lava-Jato de impedir Lula de voltar ao Planalto. E a julgar pelas risadas dos que assistiram à pré-estreia a fita deverá ser classificada como comédia. Entre os presentes alguns dos seus astros, como o juiz Sergio Moro, que não perdeu a oportunidade de chegar ao local em grande estilo, como um pop-star, pisando num tapete vermelho e protegido, como sempre, por um exagerado aparato de segurança. A propósito, alguém já calculou quanto custa para os cofres públicos o aparato de segurança do magistrado de Curitiba?

Moro, cuja parcialidade no processo contra Lula é vista de qualquer parte do planeta, está tão habituado à blindagem do corporativismo que não parece preocupado com a denúncia do advogado Rodrigo Tacla Duran, publicada pela "Folha de São Paulo", segundo a qual o advogado Carlos Zucolotto, seu compadre e amigo, venderia favores na Operação Lava-Jato, como a redução de penas e multas. Em nota, o magistrado defendeu o amigo e contestou a acusação, criticando inclusive o jornalão paulista por ter dado crédito a uma acusação sem provas, embora já tenha feito condenações também sem provas, inclusive de Lula. A negativa de Moro, no entanto, não invalidou a denúncia de Duran, que tornou suspeito o seu comportamento à frente da Lava-Jato, motivando o deputado Wady Damous a propor a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Federal para investiga-lo. O parlamentar disse que o magistrado precisa dar uma explicação à sociedade brasileira.

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Surpreendente é que até agora o Conselho Nacional de Justiça não se pronunciou, muito menos o Supremo Tribunal Federal, o que pode significar que, aparentemente, não deram crédito à denúncia de Duran. A mesma sorte não teve o desembargador aposentado Francisco Barros Dias, do Tribunal Regional Federal da 5ª. Região, com sede em Natal, que foi preso acusado de intermediar e vender decisões judiciais. Talvez seja essa uma das desvantagens por não ser famoso. De qualquer modo, a sociedade, que tem prestigiado Moro em sua atuação na Lava-Jato, precisa de uma explicação mais convincente, não uma simples negativa, já que negar acusações não impediu, dentro da própria operação, que outros acusados fossem presos e condenados. Diante, portanto, da inércia do CNJ e do STF, é válida – e necessária – a CPI proposta pelo deputado Damous para investigar a denúncia e esclarecer os fatos. Afinal, ninguém está acima da Lei.

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