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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Aos milionários que não conseguem pagar pela vacina: comprem logo um lugar no céu

Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia, faz referência ao pedido feito por empresários ao governo federal para que eles possam comprar vacinas destinadas a funcionários. "A tentativa de tentar comprar a vacina e, em troca, pagar um pedágio ao governo é denunciadora do agravamento das deformações das nossas elites", afirma

Jair Bolsonaro (Foto: ABr)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Os empresários ricos que formaram uma aglomeração virtual e foram pedir vacinas ao governo estão sendo tratados pela grande imprensa pelo que não são.

Eles não são benemerentes por tentarem pagar pela própria imunização e pela proteção de mulheres, filhos, parentes e funcionários das empresas.

O pedido de acesso privilegiado à vacina não pode ser tratado como algo normal. Não é nada normal. Numa situação que não caracterizasse uma pandemia, talvez fosse aceitável.

Numa guerra com mais de 200 mil mortos, em que já estão definidos os grupos prioritários para uma imunização sempre adiada, é imoral.

A imprensa tratou o caso como um pedido de gente desesperada por saber que não pode contar com a vacinação de Bolsonaro. É um ajuntamento de grife. Não era meia dúzia, eram 30 empresários graúdos.

Falaram com o ministro Braga Netto, na live privada, Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco; Flávio Rocha, presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes, das Lojas Riachuelo; Dan Ioschpe, presidente do conselho da Iochpe-Maxion; Elie Horn, fundador da Cyrela; Jerome Cadier, presidente da companhia aérea Latam; e Victorio De Marchi, do conselho de administração da Ambev, entre outros.

Seria bom saber quem teve a ideia de ligar para quem e a partir daí formar o grupo. O pedido deles a Braga Netto é mais do que esdrúxulo. Eles pediram para furar a fila.

Como podem pagar, querem ter a vacina logo. Porque não há, nas circunstâncias criada pela pandemia, como mandar todos os ricos e os parentes e amigos dos ricos viajarem para receber imunização fora do país.

É aí, na tentativa de passar na frente, que está a imoralidade. Na semana do inferno de Manaus, os empresários não procuraram o governo para pedir que a vacinação comece logo e para todos.

Eles foram tentar aplacar o pavor deles próprios, das famílias, dos seus executivos e das suas bolhas. Não se sabe nem se todos os subalternos das suas empresas seriam beneficiados.

A tentativa de tentar comprar a vacina e, em troca, pagar um pedágio ao governo é denunciadora do agravamento das deformações das nossas elites.

Os brasileiros não têm garantia nenhuma de que contarão com a vacina. Mas os milionários se acham no direito de negociar com o poder o privilégio de comprar o que acham que pode ser comprado.

Não deu certo porque Braga Netto não caiu na armadilha de ceder ao apelo e ser acusado mais adiante de ter traficado vacina para os poderosos.

Milionários sempre tentam furar filas, nos muitos Titanics em que embarcam ou são embarcados involuntariamente. Nem sempre dá certo.

Informam que o grupo que tentou comprar as vacinas faz parte do Conselho Superior Diálogo pelo Brasil da Fiesp.

Membros de um conselho superior dedicado ao diálogo em tão poderosa entidade, se não conseguirem comprar a vacina, poderão fazer o que seus ancestrais faziam.

Como o terror de Manaus promete se alastrar, eles podem recorrer ao comércio de indulgências para ricos e comprar logo uma vaga no céu.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

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