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Mario Rocha

Jornalista com passagem por várias redações da imprensa, entre elas Folha de S. Paulo, Agência Estado, Agência Reuters e Valor Econômico.

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Argentina mereceu o título, mas não fez contra a França o jogo mais eletrizante das Copas

Messi pode ser considerado melhor do que Maradona, mas nenhum dos dois se compara ao maior de todos os tempos, o Pelé Eterno

Lionel Messi (Foto: Reuters)
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Virou consenso na mídia que Argentina e França fizeram a maior final de todos os tempos. Todos dizendo que foi um jogão de bola. Entendo que nossa memória é seletiva e o que ficou na memória da maioria foi a emoção que se seguiu depois que MBappé fez o primeiro gol francês, o que aconteceu aos 35 minutos do segundo tempo. Ou seja, com 80 minutos de um jogo de 90 minutos.

Antes desse gol, porém, eu comentava que a disputa pelo terceiro lugar entre Marrocos e Croácia tinha sido muito mais empolgante do que a final. Nos primeiros 80 minutos do jogo entre argentinos e franceses, só a Argentina jogava. Dominava completamente a partida diante de uma França apática, que até então tinha chutado apenas uma bola ao gol adversário. Bola pra fora, diga-se. Em 80 minutos, Martinez nâo fez nenhuma defesa.

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Dali em diante, no entanto, o jogo pegou fogo. Os franceses acordaram, conseguiram o empate e levaram a partida para prorrogação. Dos 120 minutos da final (não estou contando os acréscimos), houve 80 minutos de uma partida onde só um time jogou e outros 40 minutos de um futebol eletrizante. São esses 40 minutos, acredito, que levaram os cronistas esportivos a dizerem que esta foi a melhor final de Copa de todos os tempos.

E isso só foi possível porque a Argentina de Scaloni, tão incensada pela unanimidade, cometeu contra a França o mesmo erro que o Brasil de Tite contra a Croácia. As duas seleções, ganhando o jogo e a poucos minutos do seu encerramento, tomaram um gol de contra-ataque. Refiro-me ao segundo  gol do MBappé e ao gol croata.

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Por esses 40 minutos, concordo que deve ter sido a final mais eletrizante da história das Copas. Digo "deve ter sido" porque não vi todas as finais desde 1930... Mas, daquilo que já vi, não foi o jogo mais vibrante das Copas do Mundo. Nesse quesito, a final de 2022 perde para a semifinal de 1970 entre Itália e Alemanha, no estádio Azteca, na Cidade do México.

A Itália abriu o placar logo no início do jogo e, quando os italianos já comemoravam a classificação para a final, a Alemanha empatou aos 47 do segundo tempo, levando a decisão para a prorrogação. Nos 20 minutos de tempo extra, a Alemanha fez 1 a 0. A Itália empatou quatro  minutos depois. Ainda no primeiro tempo da prorrogação, a Italia fez 2 a 1. Na segunda metade do tempo extra, a Alemanha colocou o placar em 2 a 2. Um minuto depois, a Itália faria o seu terceiro gol na prorrogação, selando a vitória da Azurra. Placar final de 4 a 3 para os italianos. Até hoje, ninguém me convence de que este não foi o jogo mais eletrizante de todas as Copas. Na final, depois, a Itália seria derrotada por 4 x 1 pelo Brasil de Pelé, Rivellino, Jairzinho, Tostão, Gerson e Carlos Alberto, os grandes destaques daquela seleção que encantou o mundo e que, assim como a Argentina agora, conquistou o tricampeonato.

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Dizem que nem sempre há justiça no futebol porque o que define o placar é bola na rede. E quando os deuses do futebol estão com a macaca, o melhor time perde gols bobos e acaba derrotado pelo mais fraco com um gol ainda mais bobo. Até hoje se comenta que a seleção de Sócrates, Zico, Falcão e Junior era a melhor do mundo em 1982. Mas não chegou à final porque as bênçãos dos deuses da bola caíram sobre o italiano Paolo Rossi, numa partida também memorável.

O importante, porém, é que em Doha a Argentina, no cômputo geral fez por merecer a conquista. E a justiça foi feita, em especial ao craque Messi, que pode até ser considerado hoje melhor do que Maradona. Isso é uma questão para os argentinos decidirem. Mas, assim como Maradona, Messi não se compara ao maior de todos os tempos, o Pelé Eterno. É nele e nos outros craques de 70 e 82 que os jogadores brasileiros devem se inspirar, e não em  jogadores celebridades fabricados pela mídia empresarial.

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