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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Artistas-Já contra o Impeachment

"Onde estão os artistas?", questiona o colunista Alex Solnik; "A ausência dos artistas da vida política brasileira é um fato assustador e preocupante. Parece que sumiram todos. O oposto do que aconteceu entre os anos 64-84 quando eles jamais se omitiram em relação ao grande problema nacional que era a ditadura militar", afirma; Solnik prega mobilização em defesa da democracia; "A despolitização dos artistas é um fenômeno que merece ser investigado mais profundamente. Eles ajudaram a derrubar a ditadura, mas se recusam a manter viva a democracia"

"Onde estão os artistas?", questiona o colunista Alex Solnik; "A ausência dos artistas da vida política brasileira é um fato assustador e preocupante. Parece que sumiram todos. O oposto do que aconteceu entre os anos 64-84 quando eles jamais se omitiram em relação ao grande problema nacional que era a ditadura militar", afirma; Solnik prega mobilização em defesa da democracia; "A despolitização dos artistas é um fenômeno que merece ser investigado mais profundamente. Eles ajudaram a derrubar a ditadura, mas se recusam a manter viva a democracia" (Foto: Alex Solnik)
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Onde estão os artistas?

   A ausência dos artistas da vida política brasileira é um fato assustador e preocupante. Parece que sumiram todos.  

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   O oposto do que aconteceu entre os anos 64-84 quando eles jamais se omitiram em relação ao grande problema nacional que era a ditadura militar.

   Podem ver nas fotos. Lá estão Odete Lara, Norma Bengel, Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Nelson Pereira dos Santos, Edu Lobo, Elis Regina etc etc de mãos dadas com políticos nas passeatas e nos comícios.

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   Nos jornais então chamados nanicos onde trabalhei a toda hora fazíamos entrevistas com artistas e ídolos se posicionando a favor das eleições diretas para presidente da República. Regina Duarte, Zico, Sócrates, Palhinha falavam sem medo contra a ditadura.

   Por que os artistas estão calados agora, num momento crucial da vida brasileira em que tambores que soavam na ditadura voltam a bater?

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   Por que os artistas estão divididos? Será mais difícil posicionar-se agora do que no tempo da ditadura?

   Acho que não. Não há dúvida de que quem lutava pelas Diretas Já só tem uma opção hoje: ser contra o impeachment. Não se trata de ser contra ou a favor o PT ou o PSDB. É uma questão maior. Está em jogo um regime e não um governo.

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   Ah, mas o impeachment está na Constituição, então não tem nada a ver com golpe – é a tese favorita dos que o defendem.

   O impeachment que está na Constituição, aquele que não tem nada a ver com golpe é o impeachment unânime, inconteste, um impeachment que salta aos olhos – exatamente como aconteceu com Collor em 92. Não havia dúvida quanto àquele impeachment. Como o país não tinha dúvida ninguém foi para a rua defender Collor. Itamar assumiu e fim de papo. Bola pra frente.

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   O suposto impeachment atual não é unânime. Há dúvidas. Entre juristas, políticos, jornalistas e até flamenguistas. In dubio pro reu – não é assim? In dubio não é impeachment.

   Se há dúvidas acerca do impeachment não é o impeachment da constituição. É o impeachment que leva à divisão entre brasileiros.

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   Impeachment não é golpe quando faz sentido. Quando não faz, pode levar ao golpe. Quer ver?

   Mesmo antes de ser decretado definitivamente ele seria discutido durante seis meses na Câmara dos Deputados, com a presidente afastada e em seu lugar Eduardo Cunha, num previsível clima exacerbado mais ainda do que já está e que naturalmente vai extravasar para as ruas.

   Durante esses seis meses todos aqueles movimentos vão convocar as pessoas para as ruas para pressionarem os deputados. Não dá para não imaginar que os simpatizantes do lado oposto não façam o mesmo. Nem será impossível os dois grupos beligerantes se enfrentarem. Nem podem ser desprezados os provocadores de sempre. A economia capenga e uma “convulsão social”. Dá para imaginar no que isso pode dar?

   Um clima de baderna é extremamente propício àquela velha palavra de ordem, àquele filme que nós já vimos: chega de bagunça, só os militares podem dar um jeito nisso. E aí será tarde.

  Os artistas influenciam as pessoas muito mais que os políticos. Por isso eles foram decisivos nas Diretas Já, que não teriam tido sucesso sem as multidões nos comícios. E quem atraiu multidões não foram os políticos, foram os artistas. Não com seus números musicais, mas com suas entrevistas. A ditadura não conseguiu calar os artistas.

   Agora, porém, eles se calam sem que ninguém os amordace. Eles se amordaçam sozinhos.

   É triste constatar que artistas de qualidade e personalidade se submetem a patrocínios de empresas que passam a gerir sua carreira e a decidir por eles para qual órgão ou sobre qual assunto eles devem ou não dar entrevistas.

   E que há assessorias que avisam, antes da entrevista que certo artista, que sempre falou de política, “não fala de política”.

   A despolitização dos artistas é um fenômeno que merece ser investigado mais profundamente.

   Eles ajudaram a derrubar a ditadura, mas se recusam a manter viva a democracia.

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