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      Enio Verri

      Diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional

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      As ruas e além

      Os estudantes lidam com um governo cujo compromisso faz as ruas ocupadas parecer coisa menor, sem importância, porque, para ele, assim o é. Todos os esforços devem envidados para mantê-las ocupadas, mas a incorporação de outras táticas é fundamental para enfrentar não apenas esta, mas outras urgentes batalhas contra Bolsonaro e seus ministérios

      As ruas e além (Foto: Adriano Machado - Reuters)

      Os interesses estrangeiros coadunam com os da vassala e brejeira elite brasileira e o seu ódio contra a senzala. Segundo dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), 66,19% dos estudantes das universidades federais são das classes D e E. Ou seja, dois, em cada três universitários são de famílias cuja renda média é de 1,5 salário mínimo. Resultado de programas com Enem, Sisu, Fies, entre outros, dirigidos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e muito bem aproveitados por quem constrói as riquezas de todas as nações, os trabalhadores. A elite não tolera ver espaços de decisão política e de consumo serem ocupados pelos netos, bisnetos e tataranetos de uma escravidão ainda não resolvida. Toda nação que conheceu o desenvolvimento político, econômico e social passou pela educação, num Estado Democrático de Direito, sob o qual se valorizou a Academia e a produção tecnológica.

      A Alemanha acrescentou € 2 bilhões, por ano, nos investimentos em universidades e centros de pesquisa, num total € 160 bilhões, entre 2021 e 2030. Uma planificação de investimentos em educação e produção científica e tecnológica. No Brasil, o governo Bolsonaro apenas destrói o mais rápido possível. O ministro que trata a sociedade como criança e usa bombons para mentir e não sabe fazer uma regra de três, corta o orçamento das universidades e dos Institutos Federais, linearmente, em 30%. Serão R$ 2,2 das universidades e R$ 2,4 bilhões dos IFs. Os estudantes, de pronto, dizem um sonoro e contundente não às pretensões lesa-pátria de um governo que atua para o atraso da nação e está a serviço do desenvolvimento de outros povos. Bolsonaro tenta, mas os estudantes cerraram fileiras nas ruas, indignados com o aviltamento. No Paraná, ao descer no Afonso Pena, junto com o ministro Sérgio Moro, o presidente foi recepcionado por centenas de estudantes que se apresentaram para exigir uma postura de estadista que acredite na capacidade dos seus pesquisadores e nas instituições de grande produtividade acadêmica e tecnológica do Brasil.

      Os estudantes e as mulheres são o bálsamo redentor das torturas a que esse governo inflige ao Brasil, em todas as relações sociais, desde o econômico ao comportamental. Os empresários que o apoiaram, por exemplo, já desistiram deste ano, que o dão como perdido, com ou sem reforma da Previdência. Nota-se, também, a ascensão de um pensamento de extrema-direita, fascista, que restringe o acesso aos livros, mas facilita às armas, inclusive para crianças. Filosofia e Sociologia são indispensáveis para o desenvolvimento do pensamento científico. Elas dão sentido à criação tecnológica. Elas não são exatas e, portanto, o avanço se dá por meio da superação de paradigmas, construídos e desconstruídos com o debate dialético, municiado de dados matemáticos e estatísticos. É o processo da construção do pensamento. Já o fascismo não admite o contraditório, o pensamento divergente. Para ele, o interlocutor não é um adversário cuja tese deve ser superada pelo argumento minimamente qualificado, mas um inimigo que deve ser eliminado, no sentido físico.

      Infelizmente, os estudantes lidam com um governo cujo compromisso faz as ruas ocupadas parecer coisa menor, sem importância, porque, para ele, assim o é. Todos os esforços devem envidados para mantê-las ocupadas, mas a incorporação de outras táticas é fundamental para enfrentar não apenas esta, mas outras urgentes batalhas contra Bolsonaro e seus ministérios. Outros tipos de intervenção e pressão sobre o governo devem ser levados a cabo, de forma organizada, com metodologia e periodicidade frequente. As ferramentas eletrônicas estão à disposição para a organização e mobilizações que chamem a atenção da sociedade e exponha a proposta do governo, de desinvestir no desenvolvimento da Educação. A sociedade deve se sentir sensibilizada com a luta dos estudantes, que brigam pelo futuro do País. Unamo-nos a eles no combate a um governo plutocrata, que privilegia 15% da população brasileira. O País deve ser de todos, ou não será de ninguém. Todo apoio e solidariedade aos estudantes e pesquisadores do Brasil.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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