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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Astrojildo Pereira e o centenário de fundação do Partido Comunista

"Astrojildo Pereira deixou o legado em defesa de um marxismo livre de amarras sectárias e da mentalidade esquemática e doutrinarista", escreve Milton Alves

(Foto: Reprodução)
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Por Milton Alves 

Nesta data em que se comemora o centenário de fundação do Partido Comunista é indispensável o resgate da figura política e histórica de Astrojildo Pereira (1890-1965). Astrojildo Pereira Duarte Silva, nasceu em 8 de novembro de 1890, em Rio Bonito (RJ), e faleceu em 21 de novembro de 1965.

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Astrojildo desenvolveu uma intensa atividade política e intelectual até o fim de sua atribulada vida. Esteve na liderança da fundação do Partido Comunista – seção brasileira da Internacional Comunista, em 1922. Foi seu primeiro secretário geral entre 1924 e 1930 e um dos fundadores do Jornal A Classe Operária, em 1925, órgão central do partido.

Entre 1919 e 1924, Astrojildo Pereira dedicou-se ao esforço pela organização nacional de um partido comunista. Em 1922, de 25 a 27 de março, em Niterói, com a condução de Astrojildo, foi fundado o Partido Comunista reunindo nove delegados, que representavam 73 militantes espalhados em pequenos núcleos no país. Apesar da intensa perseguição policial, o encontro foi finalizado com êxito, aprovando os estatutos e o pedido de ingresso na Internacional Comunista — o que se concretizou em 1924.

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Militante de origem anarquista, como os outros fundadores do novo partido, Astrojildo Pereira atuou na Confederação Operária Brasileira (COB) nas primeiras décadas do século XX, participando de greves e até de tentativas insurrecionais.

Propagandista de talento, jornalista e escritor, impulsionou a criação de inúmeros jornais, revistas e brochuras que circulavam no meio operário e que acabavam também nas estantes e coleções da polícia política da velha República.

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Junto com Otávio Brandão, Paulo de Lacerda e Cristiano Cordeiro, constituiu um primeiro núcleo teórico do pensamento marxista no país, desenvolvendo os estudos iniciais sobre uma teoria da revolução brasileira. Temas e questões sobre o papel da diminuta classe operária, a questão agrária e a predominância econômica do latifúndio, a pequena burguesia urbana e os intelectuais foram as preocupações teóricas desse núcleo pioneiro do pensamento de esquerda no Brasil.

No final dos anos 20 e no decorrer dos anos 30, as divisões e conflitos no movimento comunista e na própria União Soviética impactaram no jovem e imaturo partido, alcançando o próprio Astrojildo, que passou a viver uma longa fase de ostracismo político — era marginalizado tanto pela vertente stalinista quanto pela vertente trotskista do comunismo brasileiro.

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Nos final dos anos 50, no curso de uma nova orientação política e programática do então PCB, resultado dos ventos da desestalinização do XX Congresso do PCUS (1956), Astrojildo foi na prática reabilitado pela direção partidária, desenvolvendo intensa atividade entre a intelectualidade de esquerda e progressista.

Vale lembrar ainda dois episódios marcantes e de intensa repercussão com o protagonismo de Astrojildo: o primeiro episódio ficou conhecido como a “última despedida” de Machado de Assis, imortalizado na crônica de Euclides da Cunha. Trata-se da visita do jovem Astrojildo Pereira ao leito de morte de Machado de Assis, em 29 de setembro de 1908. Astrojildo era um ardente admirador e estudioso da obra de Machado. A segunda iniciativa foi a viagem de Astrojildo até a Bolívia para convidar o líder tenentista Luís Carlos Prestes, exilado na Bolívia em 1927, após a longa marcha da Coluna Invicta, para ingressar no PCB.

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A última atividade de Astrojildo foi na edição da revista Estudos Sociais voltada para assuntos do mundo da cultura, aglutinando intelectuais e pensadores em torno do resgate de uma cultura nacional-popular. O velho militante também sofreu a perseguição da ditadura militar.

Em novembro de 1965, a longa trajetória de Astrojildo Pereira, um homem de ação e revolucionário intenso, cessou com sua morte, mas deixando para as futuras gerações o legado em defesa de um marxismo livre de amarras sectárias e da mentalidade esquemática e doutrinarista — uma inestimável contribuição para todos e todas que defendem uma perspectiva socialista para superar os dilemas políticos e os impasses estruturais do Brasil.

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E viva o centenário de fundação do Partido Comunista no Brasil!

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