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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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Atenção e ouvido ao “Doido”. Impeachment para o “mito”

"Que bom que o Brasil tem gente feito Lisca, que de “doido” não tem nada. Que pena que temos, ocupando o Palácio do Planalto, alguém que de presidente também não tem nada", escreve Gilvandro Filho

Lisca (Foto: Reprodução)
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Um é chamado de “doido” por sua torcida e utiliza o apelido como uma peça positiva de marketing, sob o qual agita a arquibancada, briga, xinga, comemora dançando. Mas, de doido, mesmo, ele não tem nada. É um baita treinador de futebol. O outro não tem nada de engraçado, é chamado de “mito” por seus seguidores fanáticos e violentos, e debaixo do tratamento faz e acontece no que de pior consegue produzir: divide o povo, pratica o ódio, nega a ciência, quer o País armado, vende a Nação aos maus políticos. De mito, porém, ele não é nada. É, sim, uma figura inadequada para a função que ocupa.

As diferenças entre Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi e Jair Messias Bolsonaro começam por aí e parecem se multiplicar a cada atitude de um e de outro. A começar por um ser do Bem e o outro, do Mal. Um tem-se mostrado com sensibilidade e propriedade para entender o País onde nasceu e vive, paga impostos, trabalha e produz. O outro, o mundo inteiro está vendo quão deslocado está no seu papel de governante e como não entender nada do país que, de forma estranha e lamentável, foi eleito para dirigir.

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Esta semana, quando o Brasil mergulhou de cabeça nas trevas da Covid-19, batendo recordes de óbitos praticamente um dia atrás do outro, a caminho das 2 mil mortes diárias, o primeiro, que atende por Lisca e dirige com habilidade e competência o time do América de Minas Gerais, protagonizou um desabafo sincero e oportuno. O alvo foi a classe que dirige o futebol, essa turma para quem o único protocolo viável é continuar a ganhar muito dinheiro. Para esses dirigentes, a CBF à frente, parar o futebol por causa da pandemia está fora de cogitação. Se pudessem – e têm uma bancada poderosa lhes representando no Congresso Nacional – incluiriam a bola entre os gêneros de primeira necessidade.

A fala sensata de Lisca: “Quase inacreditável que saiu uma tabela da Copa do Brasil, hoje, com jogos dia 10 a 17; 80 clubes; delegações com 30 pessoas de um lado a outro do País. Nosso país parou, gente! Não tem lugar nos hospitais. Estou perdendo amigos, amigos treinadores… Não é hora, cara! É hora de segurar a vida”. E mais: “Campeonato Mineiro, tudo bem, é mais perto. Mas, pegar uma delegação do Sul e levar para Manaus? Como vão fazer isso? Presidente Caboclo (da CBF), Juninho Paulista, Tite (técnico da Seleção Brasileira), Cléber Xavier, autoridades, estamos apavorados, pelo amor de Deus”.

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Lisca sabe das coisas e não fechou os olhos à tragédia que, como alerta a banda responsável da classe médica nacional, só vai crescer e deve atingir níveis assustadores, já agora no mês de março. O alerta do treinador deveria ser levado a sério, senão pelos dirigentes do futebol (aí seria pedir muito), mas pela imprensa, a esportiva e a geral. Lisca foi sensato, humano, responsável e consequente. Tudo o que não se encontra no tenente reformado e enxotado do Exército Brasileiro e que hoje ocupa, inacreditavelmente, a presidência da República, protegido por esse mesmo Exército.

E, numa semana tão trágica, qual foi a nova do “mito”? Bem ao seu estilo irresponsável e moralmente capenga, ele expeliu esta: “Para a mídia, o vírus sou eu. Criaram o pânico. O problema está aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do ‘fique em casa’, o pessoal vai morrer de fome, de depressão?”. Sem surpresa, uma afirmação ao seu pior estilo negacionista, da ciência, da situação do Brasil e do mundo, da sua própria irresponsabilidade. É não ter a menor ideis do que acontece ao País e ao seu povo. Ou ter, e querer justamente tudo o que está acontecendo.

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O Brasil está às portas da marca trágica das 260 mil mortes pela Covid-19. A política oficial de enfrentamento do Coronavírus é, em si, outra tragédia. O Ministério da Saúde faliu em sua incompetência, não tem médicos, só militares, a começar pelo seu titular, general da ativa nomeado quase que ao som de um mantra: “Ah, mas ele é perito em logística!”. Conversa mole! A bagaceira que aconteceu nos procedimentos de compra, produção e distribuição da vacina, mostra que o tal “ministro” Eduardo Pazuello pode enganar que sabe de tudo, menos de logística. Já o caos brasileiro da Covid-19, este sim, tem a assinatura do ministro e do presidente dele.

Que bom que o Brasil tem gente feito Lisca, que de “doido” não tem nada. Que pena que temos, ocupando o Palácio do Planalto, alguém que de presidente também não tem nada. Um, por sua coragem e sensatez, deveria ser ouvido com atenção. Por isso é ídolo por onde passa: Aéica, Ceará, o meu Náutico. O outro, pelo lamentável conjunto da obra, já deveria estar respondendo a um processo de impeachment, o que não ocorre por causa de sua retaguarda parlamentar que atende pelo nome de – com licença da má palavra – “Centrão”. Mas, isto é outra conversa.

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