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Pedro Simonard

Antropólogo, documentarista, professor universitário e pesquisador

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Áudios vazados comprovam que o genocídio é um projeto de governo

Se o ministro sabe o que deve ser feito, se o exército, força à qual ele pertenceu, também o sabe, tanto que vacinou ou vacinará seu contingente, ao submeter-se aos desígnios do genocida Ramos torna-se cúmplice do projeto de extermínio em curso e deve ser chamado a depor na CPI do Genocídio para esclarecer os fatos

Luiz Eduardo Ramos (Foto: Anderson Riedel/PR)
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Uma vantagem para a oposição ao governo genocida é que este não aprende com seus erros que se repetem seja devido à soberba, seja por idiotia. Em mais um áudio vazado, o alto escalão do governo Bolsonaro cria provas contra si mesmo no dia exato em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio iniciou seus trabalhos no Senado federal. O relator desta CPI, senador Renan Calheiros (MDB–AL) já mostrou que está com sangue nos olhos e não vai deixar barato as derrotas recentes que o governo do genocida lhe impôs. Em seu discurso de posse na relatoria ele já enviou recado para os militares, para a Lava Jato e para o clã Bolsonaro.

Os áudios vazados somaram-se à atitude prepotente e irresponsável do general-grande-especialista-em-logística, Eduardo Pazuello, pego passeando sem máscara em um shopping center em Manaus, uma cidade traumatizada pelas mortes por asfixia causadas pela falta de oxigênio durante a gestão do general no ministério da Saúde. Quando questionado pela sua atitude descabida em plena pandemia, Pazuello foi irônico perguntando onde é que vendiam-se máscaras para que ele adquirisse uma para seu uso. Um sujeito que passou quase um ano à frente do Ministério da Saúde certamente sabe da importância do uso de máscara para evitar a disseminação do vírus. Não o fez porque desejava criar confusão e desinformação com sua atitude e, desta forma, contribuir para o projeto genocida em curso. A atitude do general-grande-especialista-em-logística foi considerada tão absurda que os aliados do governo na CPI do Genocídio reagiram afirmando que este tipo de postura não ajudará em nada o governo nos debates durante CPI.

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Voltando aos áudios, eles foram registrados durante a reunião do Conselho de Saúde Suplementar. Os participantes desta reunião não tinham conhecimento de que ela seria gravada em áudio e vídeo síncronos e por isso acabou transformando-se em uma sessão de sincericídio. 

Em um dos áudios vazados, o ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, confessou que foi vacinado às escondidas segundo orientação do governo (leia-se Bolsonaro). A legislação determina que o ministro da Casa Civil trabalhe diretamente com o Presidente da República, assessorando-o. É o ministro mais próximo ao presidente. Luiz Eduardo Ramos é o mesmo que no dia 19 de abril publicou um tuíte em apoio ao seu amigo-de-fé-irmão-camarada, Jair Bolsonaro, dizendo que este poderia contar sempre com ele e com “seu exército”. A proximidade entre ambos chega ao nível da intimidade. O ministro não faria nada que desagradasse ao velho amigo. Vacinar-se publicamente, então, seria um absurdo, o cúmulo da traição. Mas como o parça recomendou que a vacinação fosse “secreta”, o ministro acatou a recomendação. Contudo, ele discorda do presidente no que tange à pandemia e isto fica evidente quando Ramos declara na reunião: “vou ser sincero: eu como qualquer ser humano, eu quero viver, pô, e se a ciência e a medicina tá (sic) dizendo que é a vacina, né Guedes, quem sou eu para me contrapor?” Nesta fala fica evidente que o ministro sabe quais são as medidas corretas a serem implementadas e confessou que está tentando convencer o genocida a vacinar-se também. 

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Se o ministro sabe o que deve ser feito, se o exército, força à qual ele pertenceu, também o sabe, tanto que vacinou ou vacinará seu contingente, ao submeter-se aos desígnios do genocida Ramos torna-se cúmplice do projeto de extermínio em curso e deve ser chamado a depor na CPI do Genocídio para esclarecer os fatos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, mostrando que está afinado com o projeto neoliberal de extermínio em curso mundo afora, capitaneado no Brasil pelo governo Bolsonaro, também fez uma declaração sincericídica. Segundo ele, a pandemia não é a responsável pela redução da capacidade de atendimento do setor público! A culpa é da medicina que fez os seres humanos mais longevos e, sobretudo, do “direito à vida”! Afinal de contas, “todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130", declarou Guedes, e isto torna o Estado incapaz de satisfazer todas as crescentes demandas por atendimento médico devidas ao envelhecimento da população. Por causa disso, prossegue, o Estado quebrou e tornou-se incapaz de atendê-las. 

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Para que os trabalhadores não sobrecarreguem os serviços públicos e obriguem o Estado a taxar os ricos, Guedes propõe a criação de um vaucher que permitir-lhes-ia pagar pelos serviços de saúde que utilizassem, desafogando o orçamento público. Podemos depreender da fala de Guedes que a saída para este problema seria reduzir a quantidade de idosos, mas de idosos pobres, pretos, indígenas, LGBTQI+, mulheres etc. Os idosos ricos podem viver o quanto desejarem porque pagam seus planos de saúde, não sobrecarregam o Estado e movimentam a indústria do turismo, do entretenimento e dos serviços médicos e farmacêuticos.

Subliminarmente o discurso fascista do superministro evidencia que, para ele, o melhor seria que quem não pudesse pagar pela saúde morresse logo e dessa despesa de uma vez só.

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O ministro está preocupado que a quebra do Estado não permita que seja realizada a parte do orçamento público destinada ao pagamento do capital rentista. O pagamento da dívida e dos juros da dívida para poucos é mais importante do que a vida da maioria dos trabalhadores.

Este raciocínio de Paulo Guedes coloca-se de acordo com famoso relatório do Banco Mundial publicado no começo da década de 2000 que informava que para manter o capitalismo funcionando e saudável bastavam cerca de 800 milhões de pessoas no mundo. O problema seria livrar-se dos outros 7 bilhões de pessoas sobre o planeta. Para esta gente, a pandemia chegou em um excelente momento e é por isso que a maioria dos governos a combateram com medidas que prejudicassem o menos possível as taxas de acumulação de capital e permitissem a maior quantidade de mortes possível sem colocar em risco a sobrevivência dos mais abastados.

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O problema para o governo genocida é que estes áudios vazaram no momento exato em que a CPI do Genocídio instalou-se no Senado. Se a CPI será efetiva ou acabará em pizza ninguém ainda sabe. Contudo, ela já surtiu efeito e todos viram a imagem do senador Flávio Bolsonaro comparecendo à sessão de instalação da CPI e, candidamente, solicitar um adiamento da comissão parlamentar – a qual o governo não vê a hora de começar a funcionar, segundo o  01 – porque a presença dos senadores e convidados em uma mesma sala poderá colocar suas vidas em risco. A CPI já conseguiu que os genocidas abandonassem o negacionismo de maneira milagrosa! Santo remédio contra o negacionismo, esta CPI.

Esperemos que a CPI encoraje o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a colocar em pauta um dos 5% dos pedidos de impeachment de Bolsonaro que são consistentes, já que o presidente da Câmara informou que 95% não apresentam argumentos sólidos contra Bolsonaro. São mais de 60 solicitações de impeachment na Câmara e 5% representariam algo por volta de três processos. Para o afastamento do presidente basta um. Escolhe um deles, Lira, e coloque-o para votação no plenário. A pressão popular vai encarregar-se do resto.

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P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pela burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.

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