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Wilmar Lacerda

Empregado da Embrapa, ex-presidente do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário); suplente de senador e atual chefe de Gabinete da Liderança do PT no Senado

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Auxílio ou Morte

O cancelamento do Auxílio Emergencial, como quer o governo sociopata, não faz sentido algum, nem do ponto vista social, nem do ponto de vista estritamente econômico

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Bolsonaro e Guedes, depois de terem reduzido o Auxílio Emergencial à metade, querem agora simplesmente extingui-lo. Vão acabar com esse mecanismo de alívio para os mais pobres, justamente quando a segunda onda da pandemia faz o Brasil alcançar a marca de mais de 190 mil vítimas fatais. 

Vamos entender a contradição. 

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Em primeiro lugar, não foram eles que criaram o Auxílio Emergencial. Ele é uma criação do Congresso Nacional, mais especificamente do PT e de outros partidos de oposição, que se empenharam na aprovação de um valor minimamente decente para prover subsistência aos mais pobres, numa conjuntura de gravíssima crise econômica e de pandemia, exigindo das pessoas a prática do isolamento social para sobreviverem. 

Em segundo, Bolsonaro não tem qualquer compromisso com o bem-estar do povo do Brasil. Na realidade, esse governo sociopata só tem compromisso com o teto de gastos, uma jabuticaba lunática que não existe em nenhum outro país do mundo, e com outras medidas ortodoxas que visam remunerar rentistas parasitários e os mais ricos, que podem praticar isolamento social, enquanto suas contas bancárias engordam às custas do sacrifício da população.

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Não obstante, o Auxílio Emergencial criado e aprovado no Congresso levou alívio financeiro efetivo à quase metade da população brasileira.

Mas não ficou só nisso. Numa economia na qual o consumo das famílias responde por aproximadamente 63% do PIB, o Auxílio Emergencial foi vital para impedir uma depressão mais severa em 2020.

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Estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) demonstra que o Auxílio Emergencial já respondia, até setembro, por cerca de 2,5% do PIB, em nível nacional. 

Obviamente, esse impacto positivo sobre a atividade econômica foi ainda maior nas regiões e estados mais pobres. No Nordeste, por exemplo, o mesmo estudo aponta que o impacto do Auxílio Emergencial no PIB regional foi de 6,5%, até setembro.

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A prorrogação do Auxílio Emergencial até dezembro, mesmo com redução do benefício à metade, deverá ter um impacto ainda significativo em nível nacional: 1,4% do PIB.

Assim sendo, o cancelamento do Auxílio Emergencial, como quer o governo sociopata, não faz sentido algum, nem do ponto vista social, nem do ponto de vista estritamente econômico. 

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Tal cancelamento só teria alguma racionalidade caso a economia estivesse dando sinais robustos de recuperação, com geração de emprego e renda, e caso a pandemia já estivesse amainando, de forma sustentada e expressiva.

Ora, estamos muito longe desse quadro róseo. 

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Segundo o IBGE, a taxa de desocupação chegou, no terceiro trimestre deste ano, a 14,6%, uma alta de 1,3 ponto percentual, na comparação com o trimestre anterior (13,3%). Trata-se da maior taxa de desemprego registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. 

O dado mais preocupante, contudo, diz respeito à redução do número de ocupados. Tal contingente foi reduzido em 1,1%, na comparação com o segundo trimestre.  O número absoluto de ocupados está em 82,5 milhões de pessoas, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Isso significa que a economia não está gerando ocupações e empregos para a população. 

Além disso, as perspectivas para 2021 não são boas. As empresas privadas não vão investir, pois estão endividadas e inseguras quanto ao desempenho da economia. O setor externo também não conseguirá alavancar a atividade econômica, já que não se espera recuperação efetiva da economia mundial para o próximo ano e nem crescimento expressivo do comércio internacional. 

Por conseguinte, o Estado teria de continuar a aportar recursos para manter o consumo das famílias num patamar mínimo, de forma a impedir que o nível da nossa atividade econômica caia ainda mais. Ademais, o Estado precisaria deslanchar um amplo programa de investimentos em saúde, educação, meio ambiente e infraestrutura, para estimular longas cadeias produtivas e incentivar o investimento privado em áreas estratégicas. É o que o presidente eleito, Joe Biden, pretende fazer agora nos EUA.

Aqui, entretanto, predomina a sociopatia e a miopia. Estamos na contramão da tendência mundial. Temos o teto de gastos e o piso da burrice.

Não bastassem essas considerações ditadas pela racionalidade econômica, é preciso sopesar também que a pandemia está longe de acabar, ao contrário do que afirma o presidente negacionista e necrófilo. Vivemos uma segunda onda e, em contraste com alguns países que já começaram a vacinar toda a população, como Estados Unidos e Reino Unido, a vacina no Brasil ainda é um sonho distante de ser concretizado.

Com efeito, o presidente Bolsonaro não apenas não quer se vacinar, como também demonstra que não quer vacinar ninguém. A depender dele, o Brasil só vacinará, a passo de cágado, apenas profissionais da saúde e alguns grupos de risco. E a vacina não poderia ser chinesa. 

O resto (os mais pobres) que combata o Covid sozinho ou com cloroquina. Ou morra. Por isso mesmo, o PT lançou a campanha “Vacina para Todos Já”, que prevê a vacinação gratuita, e com rapidez, de toda a população.

Agrava ainda mais essa situação dantesca, o fato de que o Brasil vive hoje séria insegurança alimentar, com inflação no valor dos alimentos, que afeta principalmente os mais pobres, e desabastecimento de produtos básicos. Voltamos ao Mapa da Fome. 

Sem o Auxílio, sem emprego, sem renda, sem vacina e sem alimentos, como a população mais pobre vai sobreviver? 

Não vai. Sem o Auxílio Emergencial, as mortes tendem a aumentar. 

O governo sociopata não se importa, mas o Congresso Nacional e as forças minimamente civilizadas do Brasil têm de se importar. 

A disjuntiva, agora, é Auxílio ou Morte.

Temos de escolher a Vida.

 

Wilmar Lacerda

Empregado da Embrapa, ex-presidente do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário); suplente de senador e atual chefe de Gabinete da Liderança do PT no Senado

 

 

 

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